Em continuidade à série especial “Ao som de Anjos”, em que buscamos retratar um pouco do propósito das bandas de Igreja de Fernandópolis, conversamos com o Pastor Flavio Morilha, da igreja “Projeto Amar”, que além de ministrar, também toca violão na banda.
Morilha falou sobre os objetivos primários e secundários de tocar em nome de Deus, sobre a liberalidade ideológica da banda, e da própria igreja em si, e sobre o quanto isso tudo é crucial para a sua vida e a de quem está ali. Inicialmente questionado sobre suas principais metas tocando no altar da igreja, destaca duas: “A primeira é o que a bíblia nos impõe, que é tocar adorando a Deus, e a segunda, que é buscar novas pessoas, promover reconciliação, trazê-las para mais perto do Senhor”.
Em seguida, quando perguntado se consegue atingir estas metas, logo afirma que sim. Entretanto ressalta: “Mas isso não nos impede de querermos sempre melhorar. Não é à toa que primamos por qualidade, e isso é evidente quanto aos nossos músicos, que são mestres em música, até porque a bíblia ensina a ‘tocar bem e com júbilo’”.
Logo depois, ao falar na emoção promovida pelo som, faz uma importante observação: “É claro que me emociono, inclusive, observamos que um músico de sucesso canta com a alma, pois a música de verdade está ligada a alma, independente de ser religiosa ou não”.
Com relação as histórias positivas e negativas sobre o histórico músico/religioso, o pastor conta que a Projeto Amar quebrou uma barreira tradicional da religião, que foi agregar músicos que não necessariamente são convertidos, e que inclusive alguns deles não frequentavam a Igreja. Além disso, não é exigido que eles toquem somente ali. “Eles são profissionais e podem tocar aonde quiserem, em paz”, disse o pastor.
E por ser assim e até hoje a banda dar tão certo, classifica esta história como positiva. E como negativa, relata que esta atitude de trazer músicos de outros contextos, outras culturas para o altar, pôs a moral da igreja no alvo das bandas religiosas tradicionais, que chegaram a ofender a postura liberal do projeto, já prejudicando até a participação da banda em eventos de música religiosa.
Logo depois, o tema “paz entre todas as religiões e igrejas” foi citado, e partir dali, Flavio destaca que há um integrante católico na banda e direciona a palavra para um contexto além do musical: “Eu sou a favor da paz. Temos uma boa comunhão com a igreja católica, e até participei de uma missa na Matriz há pouco tempo atrás, onde até falei com os fiéis. Aqui no projeto temos alguns simpatizantes do centro Umbanda. Hoje em dia, infelizmente, são evidentes alguns equívocos na parte de “a quem idolatrar” dentro de algumas igrejas, colocando Deus à prova”.
Em considerações finais, o Pastor Flavio Morilha deixa uma mensagem para os jovens, alegando a importância da música na vida de cada um: “Nos Estados Unidos, música é uma matéria escolar. Aqui também deveria ser. Música ajuda na memória, na socialização, na disciplina. A música começou antes do mundo ser mundo, ela veio dos céus.” O também integrante da banda do projeto, Flávio Boni, que esteve presente durante toda a conversa, inseriu também suas considerações: “Estou otimista quanto algumas mudanças que vem acontecendo no padrão religioso. Está havendo uma intervenção entre as religiões e isso é muito bom” – Exemplifica: “Aqui no Projeto Amar nós tocamos músicas do Rosa de Sarón (banda católica), que por sua vez gravou um DVD com participação de músicos evangélicos. Também tocamos Jota Quest, Paralamas do Sucesso, etc. Por mais que nem todas sejam bandas religiosas, se cantam com o espírito e falam sobre fé, por que não cantá-los? O importante é tocar para Deus, que é um só”. E ainda, finalizam dizendo que a igreja está de portas abertas para receber quem for. O lema do Projeto Amar é “Quebrar muros, e não construir”, enfatizando que o templo está disposto a crescer e acolher mais e mais pessoas que queiram se aproximar de Deus.