Moradores do São Francisco não sabem onde os filhos vão estudar

20 de Agosto de 2025

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Moradores do São Francisco não sabem onde os filhos vão estudar

 

falta de estrutura do bairro São Francisco, que abriga mais de 500 famílias, é um problema que os moradores já conheciam antes de se mudarem para o local. O sonho da casa própria e a libertação do aluguel fez com que a questão fosse minimizada.

No entanto, com a instalação das famílias no local, os problemas aparecem no decorrer dos dias. Agora, o mais recente está na falta de vagas em escolas perto do conjunto habitacional. Dona Deonice Aparecida da Silva e sua filha já estão sentindo na pele a falta de planejamento da gestão anterior.

Uma semana antes da família de Dona Deonice se mudar para o bairro, já temendo as dificuldades, ela colocou sua filha Karen Laís Silva dos Santos, de 15 anos, estudante do colégio agrícola, na lista de espera da escola ELLAS. Apesar dos moradores terem conseguido transporte para a escola, o número de vagas é insuficiente e Karen não conseguiu se matricular.

Diante da negativa, a família teria procurado vaga nas escolas: Saturnino, Tanuri, JAP, sem sucesso. Com a situação, a última alternativa da família foi procurar o auxílio do Conselho Tutelar.

“Já estávamos atrás de escola antes mesmo de mudar para cá e não conseguimos vagas. Hoje (quarta-feira, 22) fomos atrás do Conselho Tutelar pra ver se conseguimos colocar ela na escola mais próxima e também condução para ela se locomover daqui até a escola, já que não tem nenhuma próxima daqui. Ninguém nunca veio falar com a gente sobre escola ou transporte. Como nossos filhos vão estudar?”, preocupa a mãe.

 As aulas começam nesta segunda-feira, 27, e até então o caso não foi solucionado.  A jovem, que pretende cursar o 1º ano do Ensino Médio teme perder o ano letivo.

“A moça do Conselho Tutelar pegou meu telefone e disse que agora era só aguardar, mas as aulas já começam na segunda-feira. Eu nem sei onde vou estudar, tenho que encontrar uma escola. Não posso ficar sem estudar”, revelou a jovem que tem o sonho de cursar medicina.

CRECHE

O locutor e professor de música Diego Lima vive o mesmo drama. Sua esposa e ele precisam trabalhar e não encontram vaga em nenhuma creche pública de período integral para colocar a filha de apenas três anos.

“Minha filha e os filhos de todos os moradores do bairro merecem uma educação acessível e de qualidade. O pai e a mãe que precisam trabalhar necessitam de um lugar decente e seguro para deixar seu filho. O que peço não é muito. O que pedimos, e digo em nome de todos os moradores, não passa em nada do que nos é de direito. Ter que ir para escola de bicicleta pela rodovia não é correto, ninguém paga imposto para isso”, bradou o jovem que já ficou conhecido pelos usuários das redes sociais por defender o bairro onde mora.

SINALIZAÇÃO

Recentemente, Diego Lima ficou conhecido como “defensor do São Francisco”, ao arriscar sua amizade com a prefeita Ana Bim, sua madrinha de casamento, para defender os interesses do bairro.

Em sua página no facebook publicou um artigo sobre o abandono do bairro e em especial sobre a falta de sinalização de solo que até então, não havia sido feita pelo município. O que teria causado diversos acidentes logo nos primeiros dias de ocupação.

“Falta atitude, competência, comprometimento. O pessoal da prefeitura esbravejou, me ligou, deixou comentários no meu facebook, mas a verdade é que se eu não tivesse vindo à público, a sinalização jamais teria acontecido. O Ipanema está esquecido há décadas e agora, mais do que nunca, sobrecarregado. O postinho de saúde daquele lugar está caindo aos pedaços, sem um mínimo de condições de fornecer atendimento ao povo do Ipanema, muito menos as 577 novas moradias que foram jogadas naquele canto”, completou o líder comunitário.

OUTRAS DEFICIÊNCIAS

Diego ainda apontou uma série de necessidades urgentes do bairro e garantiu que os moradores do local não vão se calar enquanto não tiverem acesso aos seus direitos como cidadãos.

 “São mais de 2500 pessoas, dois bairros. Crianças, adolescentes, adultos e idosos, gente com necessidades especiais. Queremos uma unidade básica de saúde, transporte de qualidade, acesso decente - asfaltado e iluminado -, segurança. Estamos isolados do resto da cidade, ilhados em uma poça de esquecimento, descaso e falta de respeito para com cada membro de nossas famílias. Pedimos foco, compromisso, lealdade para com cada voto que a senhora teve ou não aqui. Fora eleita para cuidar desses e de tantos outros problemas. Então cuide, e rápido”, concluiu.