Gustavo Ruy Pinato, de 31 anos, é bacharel em Direito e dono de uma das vozes mais polêmicas da Câmara de Vereadores. Através de requerimentos contundentes e propositura de Projetos de Lei que, muitas vezes, dividem opiniões, o jovem vereador tem demonstrado dedicação e compromisso com o cargo que ocupa.
Em entrevista, Gustavo fala sobre seu desapontamento em ver a chamada “Lei da Expedicionários”, de sua autoria, inócua; de sua relação com a prefeita Ana Bim; do famigerado Projeto da Expô e vários outros assuntos.
Em seu primeiro ano de mandato, estreando como vereador de Fernandópolis, o senhor já é conhecido como polêmico por conta de alguns requerimentos e comentários contundentes. Qual a sua postura perante a sociedade?
Não me considero uma pessoa polêmica, simplesmente defendo meu ponto de vista e respeito opiniões contrarias, não obstante não transijo quando estou convencido de que minha opinião está correta.
O senhor foi duramente criticado quando apresentou o Projeto da Expedicionários Brasileiros. Depois de aprovado e sancionado ainda não se vê efetividade por conta da falta de fiscalização. Qual sua opinião a respeito?
Este projeto foi proposto porque o Dr. Evandro Pelarin compareceu na Câmara Municipal com argumentos contundentes e pareceres de técnicos que comprovavam a necessidade de tomarmos alguma providência para coibir os arruaceiros da Av. Expedicionários Brasileiros. Nesta ocasião, a Câmara Municipal ficou superlotada principalmente por cidadãos de reconhecido caráter moral, pertencentes aos clubes de serviços, maçonarias e Associação de Amigos. Inclusive com “torcida organizada” vestindo camisetas da cor laranja onde estampavam frases de ordem. Então entendi que deveria, como vereador, fazer alguma coisa. Decidi sozinho elaborar e subscrever o citado Projeto. Lamentavelmente, passado tanto tempo da aprovação do Projeto, não vejo o mesmo empenho principalmente do poder Executivo, do Ministério Público e do poder Judiciário, bem como da “torcida organizada”, para exigir que seja imediatamente colocada em prática a Lei aprovada.
Qual e como é sua relação com a prefeita Ana Bim? Mesmo sendo da base aliada da prefeita, surgiram rumores de um suposto afastamento. O senhor confirma isso? Se afirmativo, qual ou quais são os motivos do afastamento?
Minha relação com a Sra. prefeita é respeitosa. Simplesmente tenho exercido meu mandato com independência, o que é bom para minha cidade sempre voto favorável e aquilo que entendo que não é recomendado ou existe algo errado, voto contra e exponho minhas razões. Daí surgiram algumas especulações sem nenhum fundamento.
Na relação de requerimentos enviados pelo senhor para a prefeitura, há pedidos de cargos, salários e funções atuais de servidores municipais. Qual objetivo desses pedidos de informação?
O objetivo principal é verificar o acúmulo de vantagens tipo efeito cascata que onera e muito a folha de pagamento do município, e, se tiver amparo legal, posso inclusive provocar o Ministério Público para tomar as providências cabíveis.
O famoso “Projeto da Expô” foi aprovado. Caso apareçam interessados e a terceirização se concretize, qual será a postura dos vereadores perante a Expô, que é uma das festas mais importantes da cidade?
Uma vez terceirizada a festa, a empresa vencedora do certame, uma vez cumprido o que exige a Lei aprovada, é quem vai decidir de como será planejada e executada a festa. A nós vereadores só resta a obrigação de exigir o cumprimento da Lei tanto pelo poder Executivo quanto pela concessionária.
E caso não haja interessados, como os vereadores pretendem agir, em seu caso especialmente? Vocês acham interessante que os vereadores participem da comissão da festa, visando uma maior fiscalização?
O próprio Projeto na forma que foi aprovado também prevê esta possibilidade. O Executivo pode fazer a festa, respeitadas as condições exigidas por Lei. A decisão dos vereadores participar da comissão da festa também é do Executivo. Entretanto, quanto mais fiscalização melhor.
O vereador Maurilio Saves redigiu emenda modificativa ao Projeto, prevendo remanejamento de verba para 0,5% do orçamento para o próximo ano. Caso se concretize, o senhor não acha que a administração ficaria engessada?
Ainda não tenho uma opinião formada a esse respeito.
Com o índice de remanejamento reduzido será mais fácil controlar os gastos da Expô, caso o recinto não seja terceirizado?
Em tese, sim.
Na semana passada o senhor assumiu a presidência do PPS, cargo que era ocupado por seu irmão Fausto. Quais são suas metas como presidente do partido?
Continuarei trilhando as mesmas diretrizes de meu irmão, que com maestria conseguiu arregimentar um grupo majoritário de partidos que foram vitoriosos na eleição municipal, além de conseguir verbas e benefícios para nossa cidade. Pretendo fortalecer o PPS, inclusive com novas filiações, que possibilitará maior representatividade no município e o lançamento de candidaturas de peso nas próximas eleições, além de maior aproximação do poder Executivo. Noutro norte, atendendo requerimento de minha autoria o nosso deputado estadual licenciado Sr. Davi Zaia, Secretario de Gestão Publica do Estado de São Paulo, encampou e conseguiu o Poupatempo para nossa cidade, que será colocado em atividade no início do ano vindouro, grande conquista que trará grandes benefícios para os nossos munícipes, notadamente para os menos favorecidos.
Na sessão dessa semana se falou muito em falta de diálogo entre Legislativo e Executivo. Isso de fato acontece?
Realmente a falta de diálogo do poder Executivo com o Legislativo é recorrente.
Logo após sua declaração de que “a ZPE é o maior estelionato político da história de Fernandópolis”, um ofício do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, teria chegado à prefeitura com a informação de que o prazo havia sido prorrogado. Sua postura mudou sobre o assunto ou ainda acredita no mesmo?
Volto a repetir que se a ZPE realmente se instalasse na nossa cidade seria uma coisa maravilhosa, o que sou completamente a favor. Entretanto, continuo convencido de que a ZPE (de Fernandópolis) é o maior estelionato político da história de Fernandópolis e a alegada prorrogação de prazo somente possibilitará, mais uma vez uma votação expressiva ao deputado federal tido como “pai da ZPE” de Fernandópolis, considerando que o Sr. Luiz Vilar de Siqueira dificilmente participará do pleito eleitoral nas próximas eleições. É assustador o engodo de alguns e os comentários tidos como politicamente corretos de outros tantos. E para se chegar a esta conclusão basta uma simples reflexão dos fatos: nossa cidade não possui aeroporto para pouso e decolagem de aviões de grande porte, não possui energia elétrica 220 watts compatível para funcionar um simples frigorífico no perímetro urbano, não produz produtos exportáveis em grande escala, tem suas finanças totalmente destroçadas (sem nenhuma capacidade de contra partida de grande monta). Assim, jamais despertará o interesse de grandes empresários com capacidade econômica financeira para investir no mínimo setenta milhões de reais, considerando que o projeto da ZPE não prevê dinheiro público. Como muito bem disseram os vereadores Ademir de Almeida, Chamel e o Baroni, respectivamente: “a ZPE de Fernandópolis é um conto do vigário”; “a ZPE até agora só serviu para vender lotes” e “A ZPE só teria chance de ser instalada se o empresário Sr. Luiz Arakaki tivesse vinte anos menos”. Corroborando e complementando o raciocínio do vereador Baroni, eu diria que a ZPE só seria implantada se o Sr. Walter Faria, fernandopolense da gema e proprietário do grupo Petrópolis, tivesse interesse em exportar seus produtos para o mundo inteiro.