Para Claudecir “não existe desenvolvimento sem planejamento”

20 de Agosto de 2025

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Para Claudecir “não existe desenvolvimento sem planejamento”

Em primeira mão, o jornal CIDADÃO trouxe na última edição, uma informação que deixou os fernandopolenses esperançosos e felizes da vida. Com a reforma do aeroporto, a cidade deverá receber voos comerciais até o início da Copa de 2014. Como a notícia repercutiu positivamente durante toda a semana, o bancário aposentado e atual secretário municipal de Desenvolvimento Sustentável,  Claudecir Vergínio dos Santos, concedeu entrevista para a coluna. Aos 55 anos, ele ostenta uma carreira de 33 anos como funcionário no Banespa – hoje Santander -, sendo 21 deles como gerente. Natural de Adolfo (SP), casado com Selma, pai de Claudecir Vitor e Eduardo, o entrevistado fala, principalmente, sobre a necessidade primordial de  planejamento quando se fala em desenvolvimento.

Como estão os trabalhos de sua  secretaria?

A secretaria de Desenvolvimento Sustentável deve ser interpretada de uma maneira diferente da forma que é hoje. Ela tem que ser vista como se fizesse  a gestão, o gerenciamento de uma cidade. Quando se fala em desenvolvimento, logo as pessoas vão me perguntando: quais empresas estão vindo para cá? Quando? Porém, desenvolvimento não é sinônimo de empresas, mas sim tudo que gere movimento, emprego, o crescimento sustentável de uma cidade. Sabendo disso e a pedido da prefeita, estou atuando em várias frentes de trabalho, para que conquistemos muitos benefícios para cidade em termos de desenvolvimento, com construção de prédios, órgãos públicos, marginais, cuidando bem dos parques industriais. Foi trabalhando nessas frentes que vislumbramos o início das obras no aeroporto. Com o advento e o nascimento da ZPE, obviamente nós temos que ter um aeroporto compatível com as aeronaves de alguns empresários que podem vir aqui para Fernandópolis. Então, nada melhor do que fazermos uma reforma no aeroporto para que ele seja um atrativo a mais para que os empresários venham para cidade. Aí, juntamente com o Carlos Grecco,  - que estou conhecendo mais de perto agora com esse trabalho, uma pessoa extremamente técnica e apaixonada por aquele aeródromo - , estamos dando andamento em  toda a documentação necessária para que isso se tornasse realidade.

O que foi feito para que este projeto realmente se concretizasse?

 Tivemos que fazer o plano de proteção de aeródromo, que serve para proteger o aeroporto para que não aconteça  como vários aeroportos por aí como, por exemplo, o de Brasília, onde 96 apartamentos prontos para serem habitados tiveram que ser demolidos porque furavam a rampa de decolagem do aeródromo. Então, primeiramente nós fizemos esse projeto. Se não tivéssemos esse plano aprovado, as obras não poderiam ter sido iniciadas.  Grecco foi o responsável por ele.

Quais são os próximos passos após a conclusão do terminal de embarque?                         

Quem vai determinar isso é a secretaria de aviação civil. Porém, a segunda etapa eu creio que seja a pista, pois com ela completa e iluminada já será, praticamente possível receber esses aviões de porte médio. Temos a pista para ser prolongada, iluminação a ser colocada, alambrados também em torno de todo aeródromo, e o pátio de estacionamento de aeronaves.    

Qual é a metragem da pista de pouso e decolagem de Fernandópolis?

São 1100 metros de cumprimento por 25m de largura. Porém homologado temos apenas 1000 metros de pista. O sítio aeroportuário de Fernandópolis tem condição de entender a pista a 1400 metros, de cerca a cerca, sendo que são necessários 1200 metros homologados para o recebimento de aeronaves de porte médio, com capacidade de, em média, 80 passageiros.    

Inicialmente, então, serão voos comerciais de em média 80 passageiros. Eles serão disponibilizados por grandes companhias aéreas como a Tam, Gol e Azul?      

Eu estive em Brasília e também com o pessoal da companhia Tam, para ter um maior conhecimento sobre essa questão. A intenção é capilarizar a aviação no Brasil. Aqui é um lugar estratégico no estado, que abrange Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, um pedacinho de Goiás. O que acontece, eles pretendem criar um método no qual, você, investidor, compra uma aeronave dessas de médio porte e coloca para fazer linhas de tráfego para as grandes companhias. Sendo assim, a pessoa que quiser viajar vai comprar a passagem das próprias companhias e elas vão pagar uma espécie de arrendamento. Essas aeronaves de médio porte farão o transporte dos passageiros até os grandes aeroportos do país e, de lá, se a pessoa for prosseguir a viagem para outro país ou viagens mais longas, ela embarcaria em algum dos aviões de grande porte das grandes companhias de voo. Na década de 70, quem tinha carro era rico, hoje a maioria da população tem carro. O mesmo acontecerá com os aviões, como já acontece nos Estados Unidos e em países mais desenvolvidos.  Precisamos preparar nossos aeroportos para que eles recebam todo esse tráfego aéreo no futuro. Temos que olhar bem lá na frente para a cidade. Nós somos muito míopes ainda com relação aos orientais que são pessoas que pensam um pouco mais lá na frente. Por isso é que nós estamos imbuídos, juntamente com a força do Carlinhos (Grecco), para preparar a cidade para o futuro.

Quanto será investido no aeroporto de Fernandópolis?

Nós não temos acesso ao valor.  O projeto vem diretamente de Brasília e nós só temos acesso à documentação, que é o que eles (Governo Federal) nos pedem: apoio técnico. Dos 14 aeroportos do estado de São Paulo, que receberão investimentos, nós estamos sendo o primeiro. O banco operador desse programa do Governo Federal é o Banco do Brasil e o mais importante é que essa obra não tem contrapartida do município, já que nesse momento não teríamos como dar contrapartida em uma obra desse porte.

Qual é o prazo para conclusão do projeto na cidade?

De acordo com o que me falaram em Brasília, a intenção do Governo Federal é de que até maio do ano que vem o sistema de aviação regional já esteja funcionando. A intenção era de que as parcerias das grandes empresas aéreas, com os proprietários de aviões de médio porte, já estivessem sacramentadas, porém não sei se até maio isso será possível. As coisas estão acontecendo rápido e acredito que até o início da Copa do Mundo já esteja tudo finalizado. 

Mudando de assunto. Como se encontra a complicada situação do Parque Industrial V?

Temos um entrave, até o momento, da área ambiental e ainda por fim nós estamos atrás de um anel viário para Fernandópolis, pois vocês bem sabem que vêm por dia cerca de 100 caminhões de açúcar da Coruripe para fazer a descarga em seu terminal, que fica ali perto da Unicastelo e eles estão utilizando uma estrada em que têm que andar 12 km a mais para chegar ao seu destino. Já fizemos várias reuniões com o pessoal da Coruripe e proprietários rurais para tentar chegar a um acordo de uma estrada que se tornaria o anel viário. Essa estrada cortaria o Parque Industrial V, então nós não podíamos mexer nele porque teria que ser feito um novo mapa. Porém, como a estrada não vai sair mais naquele local, hoje (segunda), eu recebi  representantes dos empresários do Parque para iniciar algumas tratativas onde nos reuniremos com todos, no intuito de fechar uma Parceria Público Privada com os empresários, para que eles assumam de imediato suas áreas e iniciem toda a estrutura necessária (energia, esgoto, licença ambiental, etc). Eles se mostraram propensos a realizarem isso.

Em contrapartida a prefeitura irá reivindicar junto ao Governo do Estado o prolongamento daquela marginal para dar acesso ao Parque Industrial? 

Todas as marginais de Fernandópolis estão dentro de um programa do Governo Estadual em que elas serão asfaltadas. A prova disso é a marginal do Ipanema que já está praticamente pronta. Ali no Parque Industrial IV, fizemos a colocação de uma massa asfáltica para viabilizar o trânsito, pois quando assumimos não tinha nem como entrar nas empresas, no intuito de resolver o problema momentaneamente. Porém, todas elas já estão nesse projeto do Governo e deverão ser asfaltadas. Ainda falando dos parques industriais, estamos tentando regularizar a situação de todas as empresas localizadas neles. A que não tem, vai receber a escritura. A que já tem, receberá todo o nosso apoio necessário e, os que não construíram, não cumpriram a lei 3502, estamos com ações sobre elas, pois foi investido dinheiro público naquele terreno e quando se faz a doação para um empresário, ele tem que construir. Se não construir é necessário tirar dele e passar para outro empresário que queira. É assim que se faz o desenvolvimento da cidade. Esse trabalho está sendo feito pela secretaria em conjunto com os membros do conselho. Eu e a Ana (Bim) não temos caneta para doar e nem tirar terreno de ninguém. Esse conselho é formado por dez pessoas de várias entidades da cidade. Pessoas apolíticas, idôneas e com conhecimento de causa.                                

O Parque Industrial VI se tornou uma grande dor de cabeça para a administração pública. Como a prefeitura está agindo para colocar um “analgésico” nessa dor?

Nós já procuramos solução de todas as formas possíveis. A última alternativa, que estamos tentando viabilizar agora, junto ao DER, é uma marginal, ao invés de mão dupla, em mão única. Os proprietários de áreas ali já autorizaram a passagem por suas terras. Ela sairia lá do trevo da Tratorres até o Parque Industrial, com escoamento pela pista. Isso já está em andamento. Se o DER autorizar o problema estará resolvido, caso contrário será necessária a venda ou a troca daquela área.   Estamos tentando achar uma solução. É por isso que eu falo, tudo o que nós fizermos por Fernandópolis terá que ser feito com planejamento. Nós estamos tomando esse cuidado, por exemplo, se vier um empresário aqui hoje querendo investir em um loteamento será cobrado dele toda a infraestrutura antes. Não existe desenvolvimento sem planejamento. Desenvolver de qualquer forma só vai dar mão de obra para os governantes futuros. Temos que desenvolver sim, mas com planejamento, ai sim as futuras gerações vão aproveitar melhor a cidade. Em relação ao Parque Industrial VI, era preciso ter pensado melhor, planejado, agora todos estão vendo o preço da falta desse planejamento.                  

O que já temos de consistente sobre a vinda de novas empresas para cidade?

Na verdade quando se vai atrás de empresas, como eu fui em Araçatuba, Rio Preto,Tanabi e várias outras cidades, sabemos que eles não vêm só por causa da “cor de nossos olhos”.  O empresário faz conta de tudo e, por isso, é necessário ter toda uma infraestrutura, principalmente áreas para a instalação delas no município. Nesse momento, nós não temos isso na mão. No entanto, temos uma empresa de Rio Preto só esperando a liberação do terreno. Isso já foi até passado pelo conselho. E a empresa de moagem de pneus também só está aguardando o terreno. Nós teremos agora a liberação de uma área muito grande que poderemos colocar várias empresas.