Na sessão ordinária desta semana, o vereador André Giovani Pessuto Cândido, 36, apresentou uma das mais relevantes indicações dessa legislatura. Casado com Mara e pai de Amanda, o bacharel em administração de empresas, com MBA em gestão pública, e ex-diretor de Cultura do município, enviou uma indicação ao comando do 16º Batalhão da Policia Militar, com sede em Fernandópolis, para viabilizar a instalação de uma base da PM no Terminal Rodoviário de Fernandópolis. A explicação do pedido está nos numerosos registros policiais de ocorrências obtidos aos redores da rodoviária. Em entrevista, André explica melhor a ideia e revela informações importantes sobre as mudanças envolvendo seu partido, o DEM. Ele comenta também a recente decisão do TRE que manteve a prefeita Ana Bim no cargo, além de debater outros assuntos importantes para o município.
Quais foram os motivos da indicação ao comando do 16º Batalhão de Polícia Militar solicitando a instalação de uma base da PM no Terminal Rodoviário da cidade?
Eu estive na rodoviária na semana passada por motivo de uma viagem para São Paulo a trabalho e, conversando com as pessoas de lá, vislumbrei essa necessidade. A noite é possível perceber que a rodoviária está meio desamparada. Conversei com o gerente da Itamarati e ele se dispôs a montar essa base para a polícia. A PM, então, não teria custo algum, só teria de deslocar uma viatura e os policiais para o local. Se formos analisar friamente, a rodoviária ficou praticamente no centro da cidade e seria interessante uma base no local, para dali ela sair em atendimento aos bairros próximos como o Araguaia, Paraíso, COHAB Antonio Brandini. Tudo com mais facilidade e agilidade. Então, ficaria mais ou menos assim: a base da rodoviária atenderia todo esse lado de cá da cidade e o Batalhão o outro lado do município, agilizando o atendimento aos munícipes, além de dar mais segurança aos transeuntes de nossa rodoviária que, atualmente, sofrem muito com os usuários de drogas e traficantes que ali ficam, levando perigo aos comerciantes e munícipes que utilizam dos serviços prestados no local.
Seu partido, o DEM, está passando por um momento de renovação. Como está o andamento dessas mudanças?
Essa questão está sendo conduzida pelo nosso líder maior, que é o deputado federal e secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Rodrigo Garcia. Nós só estamos esperando um start dele para que tudo aconteça. Com certeza, nosso partido irá se renovar em Fernandópolis, até porque há um anseio da população para que isso aconteça. Um exemplo disso é o PMDB que tomou essa decisão com o Fabrício Falquette. Gostaria de usar o espaço para tecer um elogio. Trata-se de uma pessoa nova e muito interessada na política, o que acho muito interessante, louvável e saudável. Há tempos Fernandópolis precisava disso, dar uma respirada nova, com ideias novas, pois nós sempre tivemos uma política muito desgastante aqui. Espero que as novas lideranças comecem a pensar de outra forma, sem tanta agressividade, com mais cautela, mais respeito ao outro e suas independências partidárias. Sempre com o pensamento fixo de que Fernandópolis está acima de tudo. As novas lideranças têm que chegar com esse pensamento.
Quem seriam essas novas lideranças. Pode nos adiantar?
Ainda não é o momento. Gostaria de manter em off, por enquanto, mas posso adiantar que dentro de 15 ou 20 dias teremos uma grande mudança no partido.
E seu futuro político, o que reserva?
Eu não sou uma pessoa vaidosa. Nunca achei que, por ser vereador, tenho que ser prefeito. Na verdade, meu pensamento está focado em Fernandópolis, tanto é que hoje eu sou oposição à prefeita e é possível ver que sou uma oposição tranquila. Voto os projetos que são importantes para minha cidade, discuto os projetos que são polêmicos e eu acho que é isso que a população espera da gente. A princípio nós vamos montar um grupo e se ele achar que eu sou um bom nome para se candidatar a prefeito, tudo bem. Caso contrário, se o grupo achar interessante apoiar algum outro nome apoiarei e ajudarei a lançar outros também. Eu sou uma pessoa de grupo e respeito muito a decisão. Tenho certeza que o Democratas vai montar um grupo forte em Fernandópolis para, talvez, surgir uma nova liderança dentro do partido. Se não for eu, que seja outra pessoa. Mas, tenha respeito, dignidade e principalmente amor por Fernandópolis.
Sendo oposição, como que recebeu a notícia, na última terça-feira, que a prefeita ficaria no cargo por decisão do TRE?
Com naturalidade e tranquilidade. Até porque eu não quis me aprofundar nesse processo. Ao observar toda essa disputa jurídica, é preciso voltar lá no começo sobre o que disse das novas lideranças. Espero que elas pensem de modo diferente. Da mesma forma que a prefeita foi atacada juridicamente agora, no início de seu mandato, o ex-prefeito também foi. Isso atrasa o desenvolvimento da cidade. A população não quer saber dessa disputa jurídica, ela quer saber da cidade em crescimento. Está aí a necessidade de renovação dos partidos e, principalmente, que quem entrar nessa renovação, venha com o espírito novo, de pensamentos em evolução, sem esses ataques, perseguições e ódio no coração. Atualmente, o mundo está vivendo um momento conturbado. Tive a oportunidade de conhecer outros países e pude perceber que a população está vivendo um momento de muita angustia, o que está fazendo com que as pessoas se desentendam muito fácil e acredito que o poder público tem que rebater isso. É preciso entrar com uma outra forma de gerenciamento. Espero que as novas lideranças políticas entrem com um sentimento de evolução. O ser humano é um animal em evolução e nesse momento, para nós evoluirmos precisamos de paz.
Como o André Pessuto avalia esses primeiros nove meses de mandato, tanto do Legislativo como do Executivo?
No Legislativo estou me readaptando, pois agora eu sou um vereador de oposição. As portas para mim eram mais abertas no passado e é natural e saudável que isso aconteça. É assim que funciona a política. No entanto, acredito que consegui coisas importantes para Fernandópolis, por exemplo, ontem (quinta-feira) saiu o dinheiro de um convênio que consegui para a aquisição de uma Van para a UNATI. Ela já foi adquirida e deve chegar para a entidade em 30 dias. Consegui também recursos de extrema importância para a APAE, que servirão para a reforma da quadra e da cozinha da entidade, que estavam em um estado deplorável. Tive também um pedido atendido pela deputada Analice Fernandes de um repasse para o Hospital do Câncer. Inclusive, ela deverá vir semana que vem para Jales para assinar o termo de emenda parlamentar. Enfim, estou conseguindo, claro que com dificuldade, manter o trabalho, que é sempre pensando em Fernandópolis. Já na questão administrativa do executivo, tenho algumas resalvas. A questão da exposição, por exemplo, acredito que agora a prefeita deva ter acertado e mandado o projeto para realizar a festa por meio de processo de licitação. Não vejo outro caminho para nossa festa. Inclusive, deixo aqui uma sugestão para que a Expo seja repassada ao Sindicato Rural. Isso funciona em várias cidades do país e poderia ser uma alternativa, caso a licitação não desse certo. No entanto, também vi algumas evoluções. Não poderia apenas fazer críticas, pois, vejo mudanças positivas na administração de Fernandópolis, mas ainda acho que o grande problema da cidade está na questão do funcionalismo público. Acho que a reestruturação do quadro do funcionalismo público seria um grande passo a ser tomado, mas me parece que a prefeita não vai tomar essa atitude, o que me preocupa um pouco. Ela mandou um projeto para Câmara de uma categoria, que é de enfermeiros, mas está faltando atender as outras categorias. Na verdade a prefeitura é uma prestadora de serviços e como ela presta esses serviços? Através de seus funcionários e eles não estão recebendo suficientemente bem para manter um serviço de qualidade. O funcionalismo público precisa de uma reestruturação. Para mim, esse é o caminho para se começar a pensar em uma administração mais séria e adequada para Fernandópolis.
Quais foram suas conclusões sobre tudo que aconteceu em relação à Expo?
Há tempos que eu venho discutindo isso, desde quando eu fui secretário de Cultura. Como também disse no começo, estamos em evolução e a exposição também evoluiu e isso aconteceu de certa maneira. Hoje, ela não pode mais ser gerida pelo poder público. Nós temos que tirá-la do poder público e passar para um terceiro geri-la. Esse questionamento vem sendo feito há muito tempo e agora eu acredito que chegamos ao limite e parece que a prefeita entendeu isso também. Chega, vamos passar essa festa para terceiros e fazer com que ela continue no patamar que está e até melhore. A gestão pública está se resumindo. Antigamente o poder público era o “paizão”, ele fazia tudo. Hoje em dia nós não temos mais condições de fazer isso. A prefeitura tem que se preocupar com a Saúde Educação e bem estar de sua população. Se pegarmos esses R$ 1,3 milhões que tivemos de prejuízo e deixarmos na Cultura, para promover cultura diferente para o povo, faremos com que a cidade evolua culturalmente. Se dividirmos esse prejuízo nos meses do ano, teremos cerca de R$ 100 mil para investir em eventos culturais com qualidades diferentes. Com R$ 100 mil é possível trazer uma Orquestra Filarmônica de São Paulo e colocar para tocar em um bairro carente, onde seus moradores nunca tiveram acesso e ainda sobra dinheiro. Assim, é possível transformar as pessoas. No formato em que a Expo se encontra hoje, ela não transforma mais ninguém.
Na última sessão tivemos uma discussão um pouco mais fervorosa sobre a outorga de Moções de Aplausos. Qual sua opinião a respeito?
Eu acho que banalizou. Não apenas a Moção de Aplauso, como também o Título de Cidadão e a Medalha 22 de Maio. É preciso realmente pensar mais nas pessoas que merecem a honraria. Não estou discutindo aqui para quem foi dado, quem recebeu no passado, mas acho que alguma atitude a presidência da Câmara precisa tomar. Acredito que pelo calor da discussão na sessão dessa semana o presidente da Câmara tome uma atitude. Uma reestruturação no regimento interno já está sendo analisada pela assessoria jurídica da Câmara e isso vai ser mudado, tem que ser mudado.
O senhor foi o autor de um dos projetos mais importantes que já passaram pela Câmara de Fernandópolis, que é o da criação da comissão de transição. O que mais pode ser esperado de André Pessuto?
Na verdade, acho que o projeto surge da necessidade e a necessidade a gente descobre com vontade, vontade de trabalhar, de pesquisar, de ir atrás, vontade de fazer com que nossa sociedade seja mais justa e isso, modéstia a parte, eu tenho de sobra. Eu vivo política, respiro política e aqui eu faço um agradecimento especial à minha esposa, que sofre muito com isso. A necessidade que a cidade tiver, será minha inspiração para criação de novos projetos. É isso que todos podem esperar de mim.