Quando o senhor decidiu disputar uma vaga no Legislativo de Fernandópolis?
Eu sou católico desde criança e sempre tive uma ligação muito forte com a igreja. Através de um convite do padre Mário, em 2004, disputei minha primeira eleição. Acabei sendo o mais votado do PPS, mas fiquei como suplente. Aí pensei em me afastar da política, mas em 2008 insistiram e acabei disputando de novo sendo, mais uma vez, o mais votado do partido e ocupando novamente a vaga de suplente. Como obtive uma votação mais expressiva em 2008, os colegas me pediram para disputar as eleições de 2012, nem que se fosse a última. Encarei o desafio e dessa vez fui eleito o 6º vereador mais votado, com 864 votos.
Quando assumiu o cargo como legislador, quais os projetos que o senhor tinha em mente para desenvolver na cidade?
Sempre soube que, infelizmente, não seria possível fazer tudo que minha cidade precisa. Mas, entrei na Câmara com o desejo de realizar tudo que estiver ao meu alcance para cada bairro de Fernandópolis. Eu tenho filhos, entrei na política com o desejo de dar uma condição melhor de vida para a minha família através de uma cidade cada dia melhor, com mais oportunidades de emprego, mais lazer, saúde, educação, enfim, uma cidade mais digna para os moradores daqui. Não adianta pensarmos que um problema lá no Ipanema, por exemplo, não vai repercutir aqui no centro da cidade. Temos que olhar a cidade como um todo. Temos que trabalhar por todos os bairros, principalmente nas políticas sociais. Outra bandeira que defendo é a do esporte. Meus filhos foram introduzidos muito cedo no esporte e graças a Deus e as práticas desportivas, nunca tive um único problema com eles. O esporte ajuda no desenvolvimento do caráter da pessoa e tira nossas crianças das ruas, onde as drogas estão tomando conta.
É comum ver o senhor percorrendo os bairros da cidade. Como consegue conciliar sua atividade profissional com a de vereador e ainda conseguir atingir todos os bairros?
Eu começo a trabalhar na escola às 6h. Saio no período da tarde e pego minha agenda - que as meninas da escola até brincam falando que parece a agenda do Faustão - , onde eu anoto tudo que as pessoas me falam nas ruas. Eu vou atrás para ver o que posso fazer. Claro que às vezes não é possível atender tudo, mas tudo que me é passado eu vou atrás, não importa o bairro. Tenho uma ligação muito forte com meu bairro, inclusive fui eu que ajudei a fundar a Associação de Moradores do Paulistano, mas fui eleito como vereador para trabalhar por toda cidade e é isso que estou tentando fazer. Faço meu trabalho sem muito estardalhaço, gosto de fazer as coisas de forma objetiva.
O senhor não é do tipo de vereador que sobe à tribuna frequentemente. O trabalho corpo-a-corpo com os munícipes é mais importante do que o de tribuna?
Na verdade eu acho os dois importantes. Por estar começando agora eu procuro primeiro prestar muita atenção nos que já possuem experiência de Câmara. Como disse, gosto de ser objetivo. Sou do tipo que prefere falar quando tenho intenso conhecimento de causa. Muitas pessoas não conhecem esse lado meu, mas eu tenho muito conhecimento em relação a minha cidade, ao meu trabalho, da legalidade ou ilegalidade dos atos, só que, pelo menos nesse primeiro ano, estou colhendo dados. Vou escutar mais e falar menos. No ano que vem, já com mais experiência poderei mostrar esse meu lado para a população.
Como grande conhecedor dos bairros, em sua opinião, qual área da cidade precisa de mais atenção do poder público?
As periferias, sem dúvida alguma. Sempre disse que os bairros são uma extensão da cidade. Não se pode esquecer que a mão de obra, que gera a força do município, vem dos bairros mais pobres. E são os bairros mais pobres que precisam de uma maior atenção, de mais cuidados. É evidente que o centro da cidade, as áreas mais nobres precisam da gente, mas tem menos a se fazer. Já as periferias da cidade precisam muito da nossa atenção. Eles precisam de infraestrutura, de um melhor acompanhamento, atendimento e de lazer, é claro. Outra coisa que defendo extremamente é a descentralização dos CRASs. Como disse, os bairros nobres também precisam e merecem atenção, mas não tem cabimento que se tenha apenas um CRAS para atender toda a região que abrange os bairros Rosa Amarela, Santa Barbara, Hilda Helena, Morado do Sol, Terra Nostra, Paulistano, Redentor, Paraíso, Ipanema, enfim, toda essa área com o atendimento de apenas um CRAS, enquanto tem um funcionando na região do São Cristovão. Trata-se de uma área nobre da cidade e ali, com todo respeito, não há necessidade de um CRAS. Um Centro de Referência em Assistência Social tem que ser colocado em regiões que atendam realmente a necessidade do povo. Aos poucos, se uma administração quiser acompanhar, ela melhora a qualidade de vida do povo.
Na sessão desta semana foram aprovados dois projetos de abertura de crédito destinados à construção do UPA. Houve discussão em relação ao gasto que o município terá com ela. Qual a sua opinião a respeito?
Eu não tinha conhecimento do funcionamento do UPA e ouvia dizer que seria uma bomba jogada na mão do município. Então, pedi para o Amilton da Santa Casa, que é meu amigo particular, explicar para mim e aos demais vereadores como funcionária a unidade. Ele atendeu ao meu pedido e explicou para gente tudo sobre a UPA. Ela vai ser uma unidade observatória e vai desafogar o Pronto Socorro da Santa Casa, que é um caos. Todo mundo sabe o transtorno que é frequentar aquele lugar atualmente e a UPA vai aliviar isso. O Governo Federal vai investir em estrutura, e o município vai gerir. Lá, serão feitos a triagem e os pequenos socorros, inclusive, pequenas cirurgias. Isso vai desafogar e muito aquele caos que encontramos quando necessitamos de atendimento no Pronto Socorro. A prefeitura terá um ônus, é claro, mas é o custo de se ter uma cidade com uma saúde digna para seus moradores. Para mim, saúde e educação não têm preço. Uma cidade que quer se desenvolver e ter qualidade de vida tem que cuidar, principalmente, da saúde e da educação de seus habitantes.
O senhor já apresentou diversos requerimentos e indicações. Em sua opinião, qual dos já apresentados é o de maior necessidade para o município?
Fiz vários, mas o que precisa ser tratado com mais urgência é o referente à Avenida Florisbela Maria Rosa. Ali, tem famílias que na época das chuvas sofrem consequências drásticas. A água invade as casas e ocasiona a perda de vários utensílios, móveis e aquela população não merece estar passando por isso. Já existe um projeto pronto para aquele local, já peguei os custos atualizados de quanto ficarão as obras necessárias no local e já fui até para São Paulo em busca de verba, mas até então não consegui resolver o problema. Acho que aquela questão tem que ser tratada com maior urgência.
O senhor foi eleito pela coligação adversária da atual prefeita. Como tem sido sua relação com ela e o secretariado?
Ótima. Nunca tive nenhum tipo de problema com ela e nem com seus secretários. Fui eleito pela coligação de Luiz Vilar, tenho a maior admiração por ele, mas a partir do momento em que assumi minha cadeira como vereador, me coloquei a disposição da cidade em primeiro lugar, independente de opção partidária.
É impossível falar com qualquer vereador e não tocar no assunto Expo, principalmente após a apresentação do prejuízo da festa deste ano. Qual sua opinião sobre a questão?
Em minha opinião, houve uma precipitação no começo de tudo. Era necessário um diálogo mais amplo sobre a questão. Foi ali que começou o prejuízo. Tudo se resolve no diálogo, mas por falta dele se criou aquele clima e hoje, infelizmente, deu no que deu. R$ 1,3 milhão de prejuízo para mim é um absurdo, embora todos estejam dizendo que a festa sempre deu prejuízo, mas nessa proporção acredito que não. O erro foi ter realizado a exposição. A prefeita estava certa quando decidiu cancelar a festa. Só que a festa foi feita e agora a única coisa que podemos e devemos fazer é corrigir esse erro através da mudança na Lei, para que esse prejuízo não se repita.
Outra questão polêmica está relacionada à abertura das contas da Santa Casa. Qual sua opinião a respeito?
A princípio o que eles (provedoria) mostraram na reunião que tivemos lá na Santa Casa, para mim, estava correto. Eles mostraram tudo sobre a questão da venda de terrenos, inclusive com a tomada de preço por três imobiliárias da cidade. Agora se tem outras questões como estão questionando é necessário averiguar melhor. A Santa Casa tem o direito de se preservar, mas eu acho também que ela pode se abrir e deixar tudo as claras. Se não tem nada para esconder é só abrir.
Recebemos notícias importantes nos últimos meses, como o 50º lugar no P-NUD, a certificação da Santa Casa como Hospital de Ensino e a breve instalação da UPA no município. Como o senhor analisa esse momento de boas novas para Fernandópolis?
Trata-se de um momento fantástico para a cidade. O índice no P-NUD é a prova de que nossa cidade está indo no caminho certo. Quanto ao Hospital de Ensino, eu creio e torço que ele seja o grande diferencial de nossa cidade. Fernandópolis já é uma referência em educação e agora passará a ser referência também em saúde. Também contaremos com uma universidade federal, que vai iniciar com cursos técnicos e depois cursos superiores. Isso trará um ganho ainda maior para a educação no município.