Fernandópolis: uma cidade recheada de artistas

20 de Agosto de 2025

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Fernandópolis: uma cidade recheada de artistas

Nascido em um meio social hostil, mais precisamente nos bairros do Bronx e Brooklyn em Nova Iorque, Eua, onde a convivência com a violência, disputa territorial de gangues e a pobreza eram uma constante nos idos dos anos 70, o Hip Hop surgiu como uma ferramenta de entretenimento e pacificação aos que praticavam seus cinco pilares fundamentais:  os Mc’s, os Dj’s,  Beeboys  o Graffiti além da mais fundamental estrutura que da base ao estilo de vida e arte e que representa o Hip Hop, a consciência.    

Tendo em Kool Herc, Dj jamaicano organizador das primeiras festas que já tratavam do início do estilo de vida e em Afrika Bambaataa a primeira pessoa a utilizar o termo Hip Hop (gíria americana que quer dizer “quebrar tudo”), o Hip Hop pode ser concebido como além de arte, um estilo de vida. Por meios das coreografias, das batidas de suas músicas, das artes plásticas como o Graffiti e letras que tratam do cotidiano destas pessoas, o estilo busca trazer das ruas e do pensamento das sociedades que vivem, algum tipo de problema um questionamento sobre as realidades ao mesmo tempo em que entretêm.  Seus adeptos consomem a filosofia de vida dessa cultura, vivem e respiram o que ela significa.

Assim, sem fugir dos moldes “Hip Hop de ser”, o entrevistado da série “Fernandópolis: uma cidade recheada de artistas” desta semana é B.boy especialista em Breaking e na dança Hip Hop. Seu nome é Leandro dos Santos.

Leandro -  que é nascido em Fernandópolis -, ainda muito jovem, no ano de 1995, já sonhava em fazer parte do grupo de dança de Hip Hop “Street Boys”, concebido no bairro Santo Antônio desde 1993. Segundo o que o dançarino conta em entrevista ao CIDADÃO, os B.Boys e toda a cultura que representavam traziam fascínio a quase todos os adolescentes da época. “Devido à dificuldade em conseguir entrar para o Street Boys eu formei meu próprio grupo que não durou seis meses. Mas foi o suficiente para que os fundadores do “Street Boys” enxergassem que nós tínhamos capacidade de estar junto com eles”. O B.Boy conta que, no fim de 1997, já assumiu o posto de coreógrafo do grupo “com muito orgulho” como reitera o artista.

Após alguns anos de muito trabalho e ensaios pelo grupo, Leandro precisou de um período afastado do Hip Hop onde procurou na religião algumas respostas para sua vida. Contudo, Leandro foi estimulado por seus ex-companheiros de dança a voltar e  fazer parte do estilo de vida Hip Hop. Aceitou, mas com algumas condições. “Eu volto, mas se for para ser o do meu jeito. Essa foi a condição para eu voltar para o grupo. Eu sempre acreditei muito na capacidade do “Street Boys” e eu queria participar de todos os festivais possíveis. Logo quando voltei fomos para Santos participar de eventos e nos aprofundamos ainda mais no estudo da cultura” diz o B.Boy.

Hoje o grupo é um dos mais vitoriosos em competições  da região e, sem dúvidas, de Fernandópolis. São inúmeros títulos em eventos voltados ao Hip Hop. Há pouco tempo, o “Street Boys” recebeu um convite para disputar um campeonato em Las Vegas. Contudo, devido a alguns problemas em passaportes, não foi possível participar do evento. Leandro que é pai de Milena de 12 anos que já dança pelo grupo e “arrebenta” como enfatiza o pai, além de Tales, o filho mais novo do B.Boy, é só orgulho do seu grupo e de ter no Hip Hop sua filosofia de vida. “Eu gosto de dizer, no meu íntimo, que eu sou inteiramente Hip Hop. Visto camisas grupo, treino muito, me aprofundo na cultura e busco entender o que de fato o Hip Hop tem a dizer. Claro que todos gostam de ganhar concursos de dança entre outras coisas. Mas, para mim o Hip Hop é mais que isso, é minha vida”.

 Legenda Foto 2 – Leandro em apresentação no Mapa Cultural Paulista