“Hoje, a única forma de você ser respeitado, de você ser bem visto, é se você tiver uma faculdade”, assim afirma Evandro que, em entrevista ao CIDADÃO, contou um pouco sobre quais desafios são encontrados pela comunidade negra em geral ainda mais quando o assunto é a dificuldade em lidar com os preconceitos sociais e, principalmente, os preconceitos entre os próprios negros na criação de seus filhos.
Evandro enxerga a situação observando que muitos negros ainda não possuem o engajamento social e cultural necessário para lidar com questões que englobam a reivindicação de seus direitos, principalmente à saúde e a educação, entre outras questões. “Os negros precisam conversar de igual para igual, você não tem que chegar a um local de cabeça baixa, e tudo isso vem por meio da educação dos filhos. É preciso ter atitude e isto é cada vez mais difícil hoje em dia”, conta o presidente.
Pai de um casal, Evandro diz que a sociedade é muito dura para a comunidade negra e, por isso, desde quando os filhos ainda eram pequenos, ele já dizia a eles sobre a importância do esclarecimento e do questionamento das estruturas sociais. “Os negros precisam fazer tudo duas vezes melhor. Concorrendo a uma vaga de emprego, é público e notório que o negro possui maiores dificuldades. Por isso, sempre esclareci tudo aos mesmos filhos pensando em um futuro melhor para eles”, diz.
Contudo, Evandro também afirma que questões culturais afastam o negro de conhecer mais sobre si próprio. “Às vezes convidamos a comunidade para participar de palestras ou reuniões e acabamos tendo poucos adeptos. O que, na verdade, é prejudicial para o próprio negro que não fica sabendo dos direitos adquiridos por meio de lutas e reivindicações”. “Talvez o negro tenha um pouco de preconceito com ele mesmo”, relata Evandro.
Como presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra de Fernandópolis Evandro fala sobre a dificuldade em lidar com o Poder Público quando reivindica melhorias a comunidade. “Nossas cobranças e reivindicações, que englobam a comunidade negra, são quase todas voltadas ao Poder Público. Daí ocorre o atrito. Diante disso, para não gerar tantos problemas, pedimos ajuda diretamente ao ministério”.
Hoje, em Fernandópolis, existem cerca de 16 mil negros com a maioria deles morando nas periferias. Diante disso, o Conselho busca inserir estas pessoas na sociedade ao mesmo tempo em que tenta mostrar para a sociedade que a cor da pele não quer dizer nada, nem inferior e nem superior a ninguém. Em primeira mão ao CIDADÃO, Evandro exalta a conquista de mais um projeto voltado à comunidade negra e também a população carente. Um Núcleo da Uni-Afro será inaugurado em setembro trazendo para Fernandópolis cursos nas mais variadas áreas levando conhecimento cultural e técnico gratuito.