Somos o que pensamos

20 de Agosto de 2025

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Somos o que pensamos

Para Jesiel Bruzadelli Macedo, ex-diretor da DRADS, a notícia de que Fernandópolis é a 50° melhor cidade do Brasil para se viver e, por consequência, uma das melhores do mundo, não foi uma novidade. O mineiro de Alfenas, hoje com 59 anos, já afirmava isso há vários anos, sempre baseado em pesquisas feitas por ele mesmo. Formado em odontologia, ele chegou a Fernandópolis no ano de 1979. Aqui, além do DRADS, foi diretor municipal de Educação (entre 1993 e 1996) e de Planejamento (entre 1997 e 2000). “Doutor” nesse assunto, ele foi convidado pela equipe da Rádio Difusora e do Jornal CIDADÃO, para comentar a conquista.

CIDADÃO: Em sua opinião, como Fernandópolis conseguiu chegar ao patamar de 50ª melhor cidade do país para se viver?

 JESIEL: Eu acho que Fernandópolis conseguiu isso, fundamentalmente, pela sua população ordeira, trabalhadora, que sempre procurou devolver para própria cidade, tudo aquilo que ela lhe ofereceu. Claro que as autoridades constituídas, os órgãos públicos, têm sua dose de importância, mas o fundamento de tudo isso está na população. Essa notícia chegou em uma hora fundamental, pois, percebemos um certo clima de pessimismo, de descrédito do cidadão pela própria cidade.  

CIDADÃO: Essa notícia lhe causou surpresa?

JESIEL: Nossa supremacia em relação à qualidade de vida sobre os municípios brasileiros não me causou surpresa, mas o que eu recebi com grande euforia foi o salto que Fernandópolis deu do último censo para cá. Em 1991 fomos a 83ª no ranking. Em 2000 nós estávamos em 112ª, hoje nós estamos em 50ª. Temos que oferecer essa conquista fantástica, histórica, a todos os fernandopolenses.

 CIDADÃO: Como é avaliado o IDH?

 JESIEL: Antigamente se avaliava a riqueza de uma determinada cidade pelos bens materiais. A partir da década de 80 começaram a surgir formas de se avaliar o desenvolvimento, não só pela riqueza de um local, mas sim a partir de critérios como saúde, educação e renda. É ai que nós chegamos a seguinte conclusão: o Brasil é o melhor país do mundo para se viver. São Paulo é o melhor estado do país. Nossa região é a melhor do estado e Fernandópolis é uma das melhores cidades do Noroeste Paulista. Estamos em uma posição privilegiada.   

CIDADÃO: Em qual dos fatores avaliados no IDH Fernandópolis mais se destaca?

JESIEL: Infelizmente nem todos têm condições de conhecer outros locais, mas quem teve, ou tem, sabe avaliar o que nós temos aqui: um clima excepcional, uma água retirada a 1600m de profundidade, considerada a 2ª melhor água do estado. Temos uma rede de saúde que supera todas as outras, inclusive nossa estrutura de saúde é fantástica, somos um polo em educação, com mais de 40 cursos superiores, nossa renda per capita é superior até a de Rio Preto e muito superior às demais cidades da região.   Outro exemplo que podemos citar sobre a qualidade de vida está dentro de nossa própria casa. Uma mãe de família, por exemplo, raramente terá de andar mais de 1 km para conseguir atendimento tanto na área de saúde quanto na educação. A maioria das pessoas aqui na cidade encontra a 500 metros de casa uma unidade de saúde para receber atendimento ou uma escola para colocar seu filho. Isso não ocorre nas outras cidades. A questão toda é que nem todo mundo se atentou, ou nós que temos um pouco de conhecimento e a mídia não divulgou devidamente o que nós somos. Nós humanos somos basicamente o que pensamos. Então se ouve falar que aqui é ruim, ele vai se sentir assim.

CIDADÃO: De que forma a cidade se beneficia com a divulgação do IDH-M?

  JESIEL: A primeira questão que isso irá interferir é em fazer com que o fernandopolense passe a enxergar um pouco mais as coisas boas de nossa cidade. Trata-se também de um atrativo aos empresários, pois eles terão que morar, viver, dar boas condições aos seus funcionários e na 50º melhor cidade do país para se viver isso fica muito mais fácil.

CIDADÃO: O setor de prestação de serviços é muito forte. Isso pesou para cidade chegar a esse patamar?

JESIEL: Costumava-se dizer que desenvolvimento é chaminé de empresas. Claro que elas são muito importantes, mas se você pegar hoje os países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos, por exemplo, com dois terços de seu corpo de funcionários atuando na prestação de serviços, Fernandópolis está excepcionalmente bem nesse setor. Para se ter uma ideia, alguns anos atrás nós perdemos a principal fonte arrecadatória, até então, que era o frigorífico e, mesmo assim, continuamos mantendo uma renda per capita superior a todas as nossas cidades vizinhas. A condição de Fernandópolis, em todos os aspectos, é ruim apenas na cabeça dos próprios fernandopolenses.  

CIDADÃO: Nos próximos dias deve ser definido se Fernandópolis receberá ou não a ZPE. Se ela vier, a quantidade de pessoas que deve vir para cidade será enorme. Isso influenciará no IDH-M diretamente, tanto de maneira positiva, como negativa também. Como você avalia essa situação?

JESIEL: Não há dúvida que haverá problemas. Tomamos por base duas cidades, uma muito próxima de nós que é Votuporanga. A cidade vizinha teve um índice de crescimento populacional o dobro do nosso. Isso quer dizer que ela tem que crescer muito mais do que nós para poder manter a diferença. Nós sempre tivemos o PIB per capita maior que Votuporanga. Outra cidade que tiramos de base é Rio Verde (Go). Há cerca de 20 anos eles tinham uma população semelhante a nossa e agora estão com 180 mil habitantes. De um lado eles ganharam, mas do outro o índice de criminalidade aumentou muito. O que quero dizer é que toda conquista tem que ser conciliada com as demandas públicas como postos de saúde, policiamento, trânsito, etc. Agora a ZPE com certeza será um diferencial é algo inimaginável em termos de desenvolvimento econômico para cidade, agora o social, o educacional e o de saúde caberá ao poder público acompanhar esse desenvolvimento econômico nos demais quesitos.

OLHOS

Temos que oferecer essa conquista fantástica e histórica a todos os fernandopolenses

O Brasil é o melhor país do mundo para se viver. São Paulo é o melhor estado do país. Nossa região é a melhor do estado e Fernandópolis é uma das melhores cidades do Noroeste Paulista

A condição de Fernandópolis, em todos os aspectos, é ruim apenas na cabeça dos próprios fernandopolenses