Moradores enfrentam frio de 8 graus e Fernandópolis continua sem albergue

20 de Agosto de 2025

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Moradores enfrentam frio de 8 graus e Fernandópolis continua sem albergue

Essa semana os termômetros na cidade chegaram a registrar temperatura de até  8 graus, com uma sensação térmica estimada em 0 grau. O frio foi motivo de reclamação para a maioria da população, mesmo para os que estavam no  aconchego de seus lares, devidamente agasalhados e com cobertores “quentinhos”.

Agora, imagine o que sentiram as pessoas que não usufruem da mesma oportunidade. Seres humanos que, por algum motivo, não possuem mais um lar, e os únicos abrigos e cobertores são jornais velhos ou papelões esfarrapados, que eles forram o chão para dormir.

Essa é a situação de vários moradores de rua em Fernandópolis, que há mais de 15 anos -  desde que o antigo albergue foi fechado, não possuem um local onde recorrer em tempos como esse.   

Na última semana, quem passou pelas ruas da cidade, principalmente pela Igreja  Matriz e a rodoviária, pôde ver de perto a triste realidade de quem fica ao relento. Muitos moradores de Fernandópolis se mobilizaram e doaram agasalhos para os mais necessitados. É o chamado calor do coração.

Mesmo com iniciativas vindas da população, o município precisa amparar essas pessoas. Numa hora dessas o Albergue Noturno minimizaria o sofrimento de muita gente.

ORDEM JUDICIAL

Em fevereiro de 2012, o juiz da 3ª Vara Cível, Adilson Vagner Ballotti, determinou que o município de Fernandópolis realizasse, no prazo máximo de seis meses, um censo municipal com classificação dos moradores de rua por idade, sexo, problemas mentais, dependentes químicos, vínculo familiar, naturalidade, escolaridade e residência.

 Ainda segundo a sentença, uma vez realizado o censo, o município deveria tomar as providências necessárias para “a implantação  de Casas de Albergue ou Casas de Abrigo com refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar)”. Até agora, apenas o censo foi realizado.

NÚMEROS

No início do mês passado, o CIDADÃO, levantou a mesma questão, por conta da morte de um morador de rua, que se deitou no meio da Rodovia Percy Waldir Semeghini.   

Em Fernandópolis, de acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura, a população de rua hoje é de 39 pessoas e todas são atendidas pelo CREAS. São 15 "residindo" na rua e 24 em "situação de rua" pela dependência de álcool ou de drogas - possuem família e residência fixa. Das 39 pessoas, 32 são homens e sete são mulheres, com idades entre 24 e 67 anos.

Ainda de segundo a prefeitura, o CREAS - Centro de Referência Especializado da Assistência Social -, responsável ao atendimento dessa população, já conseguiu ajudar diversas pessoas. Atualmente existe um grupo de ex-moradores de rua que possuem residência, estão trabalhando e aderiram ao tratamento para a dependência química, sendo quatro pessoas: três homens e uma mulher, com idades entre  25 e 53 anos.

CREAS

De acordo com a prefeitura, para preservar a vida dessa população até que se consiga tirá-la da rua, a equipe do CREAS realiza atendimento diário onde estes participam de grupos, tem encaminhamento e acompanhamento para tratamento da dependência química, tratamento dentário e para demais problemas de saúde.

 Também é providenciada outra via da documentação quando necessário, entrada no Bolsa Família ou BPC pelos CRAS`s, solicitação de aposentadorias e encaminhamento para a Frente de Trabalho para a melhora da condição de vida.

A assessoria de comunicação informou ainda que: “é importante salientar, que na época do cadastramento no Programa Minha Casa Minha Vida todas as pessoas que se encontravam morando na rua foram contempladas pelas casas, pois se encaixavam no percentual permitido pela Caixa Federal. As mesmas estão aguardando a liberação das casas”.

ANA BIM

Durante campanha para eleição, a atual prefeita utilizou um folheto contendo as “55 razões para votar em Ana Bim e Zambon”. No item de número oito do impresso, intitulado como ‘Albergue Noturno’ ela cita que: “pessoas carentes em trânsito pelo município são obrigadas a dormir nas praças ou no Terminal Rodoviário, provocando a degradação social e urbana do centro da cidade. Ana Bim quer criar de novo esse serviço, considerado de extrema relevância social”. Sete meses se passaram e ainda nada foi feito.

Sobre a questão, a prefeitura informou que: “no momento o município não dispõe de um local para abrigar as pessoas que moram ou estão em situação de rua, porém a prefeita Ana Bim juntamente com a secretária Municipal da Assistência Social Mara Birolli está buscando uma alternativa adequada para atender esta população. Além disso, nesses dias mais frios a equipe da Secretaria de Assistência Social e Cidadania realiza a distribuição de cobertores para as pessoas que moram ou estão em situação de rua”.