No ano que Fernandópolis vive uma de suas maiores crises financeiras da história, com uma dívida de mais de R$ 30 milhões, o que por consequência deve reduzir as ações do poder público municipal, em todas as esferas, eis que um pacificador, como ele mesmo se intitula, assume a Ouvidoria fernandopolense após ser eleito entre os clubes de serviço da cidade. Bancário aposentado, tesoureiro da Associação Espírita Beneficente “Pátria do Evangelho” e membro da Maçonaria Fraternidade Fernandopolense, Flávio Coppi encarou mais este desafio sabendo que seu trabalho não será dos mais fáceis. Três meses após assumir o cargo, Coppi fala ao CIDADÃO e promete usar todo o seu jogo de cintura na mediação entre munícipe e prefeitura.
CIDADÃO: Em abril você foi eleito o novo Ouvidor Público Municipal da Prefeitura de Fernandópolis. Como foi essa eleição?
Flávio Coppi: A eleição foi totalmente aberta. Todos os clubes de serviço foram comunicados através da prefeitura. Eu fiquei sabendo pela Maçonaria. Nós recebemos um ofício comunicando que era preciso indicar alguém para cargo, foi aí que manifestei o meu desejo de ser ouvidor e fui eleito pela sociedade fernandopolense.
CIDADÃO: Como está sendo este desafio, já que a Ouvidoria é tida como uma válvula de escape para todas as reclamações do município?
Flávio Coppi: No começo, quando você não está dentro da situação, pensamos que é algo totalmente diferente, só que quando se entra aqui, percebe-se que, embora existam vários problemas, há também os dois lados e não é tão difícil conduzi-los a uma solução. A palavra desafio se encaixa muito bem dentro da Ouvidoria, pois nós recebemos através do 0800 desde elogios, solicitações de coleta de lixos e limpeza de vias públicas, até munícipes querendo que vamos até sua residência para ver o que está acontecendo. Eu tenho procurado da melhor forma possível fazer esse contato. Assim tentamos dar um final justo para cada situação.
CIDADÃO: Quantas ligações a Ouvidoria de Fernandópolis já recebeu em 2013?
Flávio Coppi: Do dia 2 janeiro até o dia 30 de junho, recebemos 2088 manifestações. Todas estão gravadas com o nome, o telefone e o endereço do solicitante, com exceção dos que pedem sigilo, que têm suas identidades preservadas. O pedido é encaminhado da mesma forma que os demais.
CIDADÃO: Como é feito o encaminhamento das reclamações que chegam à Ouvidoria?
Flávio Coppi: Nós temos um meio de contato direto com as secretarias, onde passamos a solicitação com todos os dados. A pasta acolhe o problema, resolve os que têm solução, e me comunica. Depois dessa fase eu entro em contato com o solicitante para verificar se os seus anseios foram atendidos e se há alguma coisa a mais a ser feita. Depois disso, se tudo estiver certo, o caso é arquivado. Para o meu espanto e também para minha alegria, não tive nenhum caso desagradável, fomos muito bem atendidos e percebemos que de fato o munícipe ficou contente com o resultado.
CIDADÃO: Em que setor é a maior incidência de reclamações?
Flávio Coppi: O maior número de ligações está relacionado ao departamento de Infraestrutura. São reclamações sobre buracos, limpeza de ruas e terrenos, recolha de galhos.
CIDADÃO: Em junho houve uma transferência da Ouvidoria, que ficava na antiga sede da prefeitura na Rua São Paulo, para o atual prédio do poder Executivo. Quantos dias a comunidade ficou sem a Ouvidoria?
Flávio Coppi: Nenhum. Nós saímos de lá e no mesmo dia trouxemos as mesas para a prefeitura e começamos a atuar daqui. Ficamos apenas sem o 0800, mas com o ramal do telefone 3465 0150. Houve uma divergência, um desencontro de informações. A telefônica pediu um prazo de oito a dez dias para fazer a transferência da linha. Foi apenas esse período que o 0800 não funcionou, mas não deixamos de atender a população nem um dia. Neste tempo atendemos pessoalmente e também pelo telefone da própria prefeitura.
CIDADÃO: Esse ano vivemos uma grande epidemia de Dengue. Os moradores utilizam e podem continuar utilizando a Ouvidoria para fazer denúncias de possíveis focos do mosquito?
Flávio Coppi: Sim. Pode e deve. O cidadão nos liga denunciando um possível foco de proliferação do mosquito e imediatamente nós acionamos o controle de vetores que vai até o local para constatar se há de fato o foco e se houver, age o mais rápido possível. Essa é uma das prioridades. A população tem usado bastante e ajudado muito no controle da doença.
CIDADÃO: Nesse tempo que está à frente da Ouvidoria, já houve algum caso curioso que lhe chamou atenção?
Flávio Coppi: Não. Curioso não. Há alguns casos diferentes como, por exemplo, um vizinho que tem um cachorro que faz muito barulho durante a noite, ou o mau cheiro vindo do quintal do vizinho que tem animais. Porém, o que mais chama a atenção são os elogios que recebemos após a solução de uma queixa. Como disse no começo da entrevista, após a secretaria responsável resolver o problema, a queixa do munícipe, ela nos passa o relatório e nós ligamos de volta para saber se o anseio foi atendido. No entanto, muitas vezes, antes mesmo de fazermos essa ligação a pessoa liga para agradecer, por ter sido ouvido e seu problema resolvido. Isso é muito gratificante. Eles não têm essa obrigação, mas fazem questão e isso nos dá a sensação de dever cumprido.
CIDADÃO: Quando você foi eleito ouvidor, teve que assumir também a coordenadoria da Defesa Civil. Como estão sendo feitos os trabalhos desse setor em Fernandópolis?
Flávio Coppi: A Defesa Civil atua junto com a Policia Militar, os Bombeiros e a Polícia Ambiental. Eu costumo dizer que nossa região é abençoada, pois, não temos aqui muitos alagamentos ou quedas de encostas, mas isso não quer dizer que não temos solicitações. Riscos de desabamentos, laudos de interdição, enxurradas quando há excesso de chuva, enfim, a população pode sempre contar com a Defesa Civil fernandopolense.
CIDADÃO: Há algo mais que a população precise saber sobre a Ouvidoria?
Flávio Coppi: A Ouvidoria está disponível para todos os moradores de Fernandópolis, sem distinção de classe social, para todos os assuntos. Se algo não for de nossa alçada, vamos encaminhar para de quem seja. Quem preferir também pode mandar um e-mail para nós através do link no site da prefeitura. O importante é que todos saibam que há alguém pronto para ouvir.