E é assim que Ireno Bim, dono da empresa de comércio atacadista de artigos usados e sucata “Ferro Velho São Paulo” pode ser descrito enquanto apaixonado por carros. Ao chegar em seu estabelecimento comercial, é possível observar em posição de destaque os 12 veículos de sua coleção, entre eles um Chevrolet Opala de apenas três marchas, VW Fusca e até mesmo um DKV Vemag das primeiras unidades de fabricação no Brasil.
Em entrevista ao CIDADÃO,Ireno conta sobre o que motivou sua busca por relíquias e a paixão que já dura mais de 40 anos: “Estes carros antigos representam muita coisa, relembram uma cultura antiga; um tempo antigo. Uma época em que não existia nem asfalto nas ruas” diz Ireno emocionado.
O primeiro veículo adquirido pelo empresário é uma verdadeira jóia rara. Um veículo Chevrolet do ano de1928, feito em Detroit, nos EUA, que não possui chave de ignição e nem qualquer tipo de acessórios tão comuns em carros modernos. A partida é feita na manivela. Admirado, o colecionador questiona como eram as tecnologias da época: “Imagine, com meia volta de uma manivela o carro liga, totalmente diferente do que existe hoje”, enfatiza.
Os veículos não passam dos 65 km/h por conta de aspectos estruturais e motorização, mas nem é preciso mais que isso, o importante é que passem lentamente chamando atenção de todos pelas ruas. Observando as pessoas que vão até o estabelecimento de Ireno, com intuitos comerciais ou de trabalho, são poucos os que não tiram ao menos dez minutos para apreciar seus carros, causando um assédio muito grande para que o empresário venda suas jóias: “O assédio é muito grande, mas não vou vendê-los. Meus filhos também são apaixonados por carros antigos e vão manter a tradição” diz.
Relembrando uma história antiga, SrIreno conta uma passagem engraçada da vida quando foi até o Rio de Janeiro fazer uma visita a uma de suas filiais. Em trânsito do aeroporto até sua sede, avistou um veículo antigo. Foi paixão a primeira vista. Ireno abdicou de todos os compromissos e pediu ao motorista que seguisse o carro. Assustado, o dono do veículo antigo partiu em disparada achando que era um assalto. Ireno acabou comprando o veículo. Hoje, contando a história sorridente, ele diz não se arrepender das loucuras que fez e sempre está de olho em uma nova oportunidade.
Todos os carros de Ireno são emplacados e registrados, aptos para sair nas ruas de Fernandópolis, mas, por precaução, isso é evitado: “Se acontece um acidente com estes veículos vou precisar comprar peças do exterior, mas de vez em quando dou umas volta por aí”.
Isso não tira a paixão deIreno por automóveis que, mais do que apenas meios de locomoção, se tornaram para ele o resgate de uma cultura e o desejo de manter viva uma parte da história automobilística.