No final da noite do último sábado, dia 8, por volta das 22h, a morte de um homem não identificado, supostamente um andarilho ou morador de rua, que perdeu sua vida por conta de um atropelamento na Rodovia Dr. Percy Waldir Semeghini, reascendeu questões sobre o tratamento dado pelos órgãos públicos quanto às pessoas que moram ou que estão em situação de rua em Fernandópolis.
Segundo testemunhas que transitavam pela rodovia na noite do último sábado, a vítima andava em ziguezague, possivelmente bêbado, pouco antes de se deitar no meio da pista no momento em que um veículo se aproximava. Era iminente o acidente. Na noite da terça-feira, 11, o vereador Chamel fez uma indicação à prefeita Ana Bim, em sessão da câmara de vereadores, sobre a criação de um novo projeto ou reativação do albergue noturno, tendo em vista que vários andarilhos e moradores de rua se alojam em ruas da cidade, assim como em pontos próximos das rodovias.
Em entrevista ao CIDADÃO, o vereador Chamel conta que no passado o Promotor Denis Henrique Silva, juntamente com o padre Deoclides Messias Lolis, já havia feito pedidos e cobranças sobre a situação de pessoas carentes. “Faz mais de 15 anos que não existe albergue em Fernandópolis. Estas pessoas ficam andando pelas ruas causando transtornos a população”, diz o vereador.
Chamel também conta um caso recente onde uma mulher foi ameaçada e quase teve seus pertences levados por um morador de rua na rodoviária da cidade. “Um morador de rua tentou furtar a bolsa de uma mulher que estava esperando o ônibus. Hoje são poucos morando nas ruas de Fernandópolis, mas amanhã a situação ficará pior se auxílio efetivo não for realizado”, enfatiza.
O vereador também relembrou o caso do catador de latas, de aparentemente 40 anos, encontrado morto no recinto de exposições de Fernandópolis durante a Fernandópolis Expô 2013, possivelmente de causas naturais. Chamel conta que o conhecia e que o homem também era conhecido em vários bairros.
Na cidade, moradores de rua podem ser facilmente encontrados em locais improvisados para se esconderem da chuva ou do frio da madrugada, principalmente em locais como as Praças da Matriz, Brasilândia e Aparecida, além do Velório Municipal que se encontra em obras, terminal rodoviário e no antigo zoológico.
O Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), órgão de Proteção Social Especial de Média Complexidade informa, por meio da coordenadora Natalia Del Grossi, que “residem” nas ruas da cidade 16 pessoas, sendo 15 homens com idade entre 20 a 70 anos, e uma mulher com idade entre 25 e 30 anos.
Além disso, mais 14 pessoas se encontram em “situação de rua”. O CREAS usa essa expressão para pessoas que possuem famílias e residência fixa, mas que, por conta da dependência de álcool ou de drogas, passam a maior parte do tempo nas ruas. Hoje, na cidade, em situação de rua são dez homens com idade de 20 a 70 anos e quatro mulheres, sendo uma com 50 anos de idade e três com idade entre 24 e 50 anos.
Segundo a assessoria de comunicação da prefeitura de Fernandópolis, o CREAS, atualmente, trabalha para preservar a vida dessas pessoas em situação degradante até que se consiga tirá-las da rua. Realiza atendimento diário e acompanhamento para tratamento da dependência química, tratamento dentário e demais problemas de saúde entre outros serviços.
A prefeita Ana Maria Matoso Bim deu grande ênfase ao assunto em sua campanha eleitoral tratando o caso como de “extrema relevância social”, colocando o projeto de um albergue noturno como uma das principais metas de sua gestão, justamente pela degradação social e urbana ocasionada pelo abandono destas pessoas.
Perguntada por projetos e ações que deverão ser tomadas, a prefeitura, em nota ao CIDADÃO, informa que:
“Diante da situação das pessoas que residem ou estão em situação de rua em Fernandópolis, foi definido que os melhores resultados viriam através da implementação de uma UNIDADE DE ACOLHIMENTO, onde as pessoas em situação de rua por dependência química serão retiradas para o tratamento e ressocialização por meio de trabalho e uma nova moradia. Essa unidade é um programa ofertado pelo Estado e está em tramitação pela Saúde, mais especificamente pelo órgão CISARF/SADEQ, junto com a Secretaria da Assistência Social e Cidadania, CREAS e AVOCAD”.