A Avenida dos Arnaldos está cotada para ser a “bola da vez”. Investimentos em bares e restaurantes atraem a atenção dos jovens
Embora a população de Fernandópolis tenha muitos assuntos para se preocupar, como a falta de uma UTI Neonatal na Santa Casa da cidade, o fechamento de empresas como o frigorífico e a demora na conclusão da reforma das UBSs, por exemplo, o assunto preferido continua sendo o projeto de autoria do vereador Gustavo Ruy Pinato, aprovado nesta última terça-feira, 4, por 11 votos a 2. Trata-se da regulamentação da venda e do consumo de bebidas alcoólicas em toda a extensão da Avenida Expedicionários Brasileiros.
Agora, a celeuma está no desdobramento da aprovação. Como, teoricamente, os jovens que quiserem esticar a noite terão de escolher outro lugar para ficar, que não seja a Avenida Expedicionários Brasileiros, após a uma da manhã – tempo estipulado para a tolerância aos finais de semana, alguns moradores mais conservadores já estão perdendo o sono com a questão.
“Na Expedicionários quase não se tem residências, apenas comércio. Aqui, apesar de muitos pontos comerciais, temos muitas pessoas que moram na Avenida e a maioria é de idade. Se fossem fazer alguma coisa nesse sentido, teriam que fazer na cidade toda. Será que não pensaram nisso? Só vão ficar transferindo o povão de um lugar para o outro”, frisou a aposentada Clevanir Alves de Lima, de 62 anos, residente nas imediações da Avenida dos Arnaldos.
Pelo que tudo indica, a bola da vez será mesmo a antiga Avenida 4. Após a vinda da Unicastelo, a criação de novos bairros e a instalação de alguns pontos comerciais, a avenida começou a chamar a atenção de alguns investidores pelo aumento do fluxo de veículos que passaram a trafegar pelo local. Alguns arriscam dizer até que já se tornou um dos metros quadrados mais valorizados da cidade.
Quem sai na frente com isso são alguns comerciantes que enxergaram a nova “menina dos olhos” da cidade com lente de aumento privilegiada. É que já tem gente investindo no lugar. De uma hora para outra, apareceram investimentos em bares, lanchonetes e cafés. O foco, naturalmente, era mais modesto e visava apenas os estudantes e moradores da redondeza. Agora, a demanda será grande e certamente a oferta não irá demorar a aparecer em ritmo acelerado.
Quem continua insatisfeito com a aprovação do projeto são alguns comerciantes da Expedicionários. Alguns já teriam até reunido colaboradores e anunciado demissões por conta da restrição de horários de vendas de bebidas alcoólicas. Um comerciante que não quis se identificar, teria entrado em contato com Gustavo Pinato para conseguir maiores argumentos para conversar com seus funcionários.
REDES SOCIAIS
O assunto, que envolve muitos jovens, ganhou as redes sociais. Notas de apoio e repúdio ao Legislativo são facilmente encontradas pelos adeptos ao meio de comunicação. A questão da transferência do problema, como está sendo chamada a possível migração dos jovens para outros pontos da cidade, está em evidência. O vereador Valdir Pinheiro arriscou um palpite e acredita que a Praça da Matriz será uma das alternativas procuradas pelos jovens.
A postagem de uma pessoa identificada por João Lucas, recebeu mais de 300 curtidas em apenas 24 horas. Usando expressões ofensivas, o manifestante indaga: “Nos tiraram a Expedicionários? Beleza, agora eles terão de fazer leis para todas as ruas da cidade! Pessoal, assim que essa lei começar a valer, vamos nos juntar e ir para 4 até que eles proíbam lá também”.
ENTENDA A LEI
Assim que a Lei for sancionada pelo Executivo, ficará proibida a venda de bebidas alcoólicas, por estabelecimentos que não disponham de espaço físico interno fechado e infraestrutura adequada para acomodar e servir os seus clientes (cozinha, sanitários, balcão, mesas e cadeiras etc), após a 0h, com tolerância de uma hora as sextas e sábados, em toda extensão das Avenidas Expedicionários Brasileiros e Augusto Cavalin, bem como as vias paralelas (Avenida Manoel Marques Rosa e Avenida José Camargo Arruda.
Ficará proibido, também, guardar, ter em depósito ou trazer consigo para consumo pessoal em público, nas calçadas, vias e logradouros públicos e local de fácil acesso ao longo da extensão das referidas vias, após o limite de horário, qualquer tipo de substância capaz de causar dependência física e/ou psíquica.
Também ficará proibido a propagação de som automotivo de qualquer tipo e/ou intensidade de volume, nos mesmos horários. A Lei não se aplica aos eventos realizados no recinto de exposições “Dr. Percy Waldir Semeghini”.
Quem for flagrado descumprindo qualquer dispositivo desta Lei, será multado em uma URM - Unidade de Referência do Município (R$ 199,23), elevada em dobro em caso de reincidência e assim progressivamente, além de requerer providências de responsabilidade civil ou criminal às autoridades competentes, se couberem ao caso, de acordo com a legislação competente.
FISCALIZAÇÃO
A fiscalização da nova Lei ficará por conta do município que está autorizado a firmar convênio e/ou parceria com a Secretaria Estadual de Segurança Pública, por meio da Polícia Militar do Estado de São Paulo, para delegação das atividades de fiscalização e autuação dos infratores.
PINATO
De acordo com o autor do projeto, Gustavo Pinato, que se inspirou nas propostas apresentadas pelo juiz da vara da Infância e da Juventude de Fernandópolis, Evandro Pelarin, na Câmara Municipal, no dia 6 fevereiro, a intenção é acabar com a “a bagunça generalizada por um número elevado de pessoais aglomeradas nas calçadas e no leito carroçável da Avenida Expedicionários Brasileiros nos finais de semana”.
Ao CIDADÃO, o vereador afirmou que, após participar do debate inicial sobre o tema promovido pelo juíz, entendeu que alguma providência precisava ser tomada e encarou o desafio, mesmo sabendo da inevitável polêmica que iria enfrentar.