A combinação entre imóveis abandonados ou em desuso, deterioração estrutural e os índices de criminalidade do perímetro urbano têm causado problemas que afetam a população fernandopolense.
Alguns locais abandonados na cidade têm gerado desconforto e medo aos cidadãos que moram próximos aos pontos onde se situam estes imóveis. No período da noite, a falta de iluminação dos locais impede que pessoas transitem com segurança, sendo assim, um convite para que criminosos cometam delitos nas áreas.
Além dos problemas relacionados à segurança, os imóveis abandonados também servem de abrigo para moradores de rua que, por vezes, se instalam nos locais. Outro problema está no desenvolvimento de doenças através da proliferação de mosquitos transmissores da dengue, por exemplo, ou de ratos transmissores da leptospirose, entre outras doenças.
Por meio de pesquisa, o CIDADÃO observou em pelo menos seis locais da cidade algum tipo de risco relacionado ao abandono de imóveis. Sejam por aspectos associados à saúde ou a segurança, estes imóveis deveriam receber maior atenção de seus proprietários, no caso de imóveis particulares, e de órgãos de fiscalização da prefeitura de Fernandópolis.
CAFEEIRA
Situado no centro de Fernandópolis há muitos anos, o local que é conhecido como “Cafeeira” está em desuso para sua prática original. Com isso, nota-se que a estrutura física do imóvel pode estar abalada por ser possível observar, até para leigos em engenharia, que pedaços das paredes principais já desmoronaram em decorrência da ação do tempo. O local abriga muitos animais como gatos que se reproduzem de forma descontrolada. Além de ser foco de proliferação de escorpiões e baratas.
A falta de muros ou alambrados eficientes facilita o acesso a qualquer pessoa que deseja adentrar ao imóvel. O que de fato parece ser constante, devido às pichações no interior do imóvel.
Em nota, a prefeitura de Fernandópolis, por meio do Departamento de Fiscalização, informa que notificou o dono do imóvel para a retirada de entulhos e tijolos. Até o momento, não existe nenhum ofício exigindo a interdição do imóvel. Enquanto isso, a população espera uma atitude mais enérgica por parte da prefeitura para que se resolva a situação.
HORTO FLORESTAL
Apesar dos projetos da Secretaria de Obras e Habitação de Fernandópolis que visam à iluminação do local, além de drenagem e calçamento interno, o Horto Florestal de Fernandópolis que, há muitos anos era visitado por moradores por ser o Zoológico Municipal, hoje, se encontra abandonado. Os projetos, segundo informações da prefeitura, estão sendo enviados para a Caixa Econômica Federal para análise e aprovação de verba.
Enquanto isso, o local é tomado todas as noites por usuários de drogas que se aproveitam da falta de iluminação, edificações abandonadas e o difícil acesso de viaturas policiais para praticar os mais variados crimes e atos ilícitos. O antigo zoológico já foi cenário de assassinatos cruéis que marcaram a história da cidade. Como o caso da menina Leandra Dias, em 1997, com 16 anos na época, que foi encontrada morta no antigo Zoológico Municipal, estuprada e asfixiada, depois de desaparecida por vários dias.
ESTAÇÃO FERROVIÁRIA
O local já é conhecido pela população por ser perigoso e mal frequentado durante a noite. Sabe-se que o imóvel é ponto de uso de drogas aos fins de semana sendo assim perigoso para os que se arriscam passar pelo local.
Segundo a Prefeitura de Fernandópolis, há um convênio para o desenvolvimento de um Projeto Cultural no local, porém, são necessários investimentos financeiros que, segundo nota da prefeitura, não estão disponíveis no momento.
Enquanto o projeto cultural não sai do papel, o imóvel é tomado pela força do tempo e tem sua estrutura cada vez mais deteriorada. Além da iluminação extremamente precária e a pratica de uso de drogas, no local, também é possível observar pessoas mantendo relações sexuais pondo em risco suas vidas além de cometerem o crime de atentado ao pudor.
TÊNIS CLUBE
O tênis clube, que antigamente era motivo de felicidade aos seus frequentadores e valorizava as casas do bairro, hoje é o significado maior do abandono de um imóvel um dia tão importante para a cidade.
Apesar de o local ter sido adquirido pelo município no ano de 2008 e vendido em 2012, uma ação popular contra a venda do local, representando o munícipe Adauto Donizeti Cassimiro, barrou qualquer tipo de ação dos novos proprietários.
A ação popular se deu por supostas irregularidades como, o projeto não ter sido submetido à Comissão de Redação e Justiça ou a intrigante avaliação do preço de venda do Tênis Clube, feita pela prefeitura de Fernandópolis, avaliando o terreno em cerca de dez vezes menos em comparação a uma avaliação realizada no Mercado Municipal, que fica a 100 metros do local.
Enquanto isso, o Tênis Clube é frequentado, por usuários de droga que usufruem de todas as comodidades do clube. Entre elas a dificuldade da entrada da Polícia Militar, além de várias rotas de fuga e iluminação inexistente. O local já é conhecido pelos policiais que rondam o local durante a noite.
INDÚSTRIA COMERCIAL DE TANINO
Situada na Rua Tressalônico Barbosa, em cruzamento com a recém inaugurada Avenida Raúl Gonçalves, nas proximidades do Fórum de Fernandópolis, a empresa que era popularmente conhecida como “Quebraço Marruco” comercializava extratos tanantes em meados dos anos 70.
Atualmente, o estado do imóvel intimida quem passa pelo local até mesmo durante o dia. Pichações denunciam a facilidade para que qualquer um adentre ao local. O imóvel não apresenta muros ou grades facilitando assim o acesso de usuários de drogas. A falta de iluminação também é um problema grave no local além de muitos animais transitando e se reproduzindo sem controle.
Segundo informações da Prefeitura de Fernandópolis, o prédio referido, em processo de inventário, portanto ainda não se sabe quem será o dono. Contudo houve notificação por parte da prefeitura para seja realizada a limpeza no local.
Quanto à notificação pela falta de calçadas adequadas além dos muros ou cercas que evitem pessoas e animais dentro do local, a prefeitura informa que só pode notificar este tipo de caso seis meses após a rua ter sido asfaltada. Portanto, informam que é preciso esperar o tempo necessário para que então seja feita outra notificação ao proprietário.
FRIGORÍFICO
Apesar das más condições financeiras que o frigorífico enfrenta o local não está de fato abandonado. Funcionários trabalham durante a semana mantendo as atividades e a estrutura do imóvel.
Contudo, o problema está no que pode ser visto por quem transita pela Avenida Getúlio Vargas, nos fundos da empresa. Lá é possível que pessoas, principalmente crianças dos bairros vizinhos, adentrem ao terreno do frigorífico e acabem por cair em uma espécie de lago artificial um dia utilizado pela empresa.
No local, foi possível identificar a tentativa de instalação de uma cerca de contenção, contudo, talvez por falta de recursos, uma boa parte desta cerca ainda está em processo de finalização. É fácil encontrar pessoas e até mesmo cavalos adentrando o imóvel sem qualquer tipo de fiscalização. Durante a noite, mesmo com a iluminação da Avenida Getúlio Vargas, o local ainda é escuro e passível de atuação de criminosos.
Procurada pelo CIDADÃO, a Prefeitura de Fernandópolis diz que já notificou a empresa responsável pelo imóvel para que fosse realizada a capina do local, tanto nas calçadas como na área externa. Quanto à represa, a prefeitura informa que era usada para descarte do frigorífico, sendo, então, de competência da CETESB.
O CIDADÃO entrou em contato com a CETESB que até o fechamento desta edição não informou mais detalhes sobre o caso.