“Vamos respeitar a Expo. Ela está acima de todos nós”

20 de Agosto de 2025

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“Vamos respeitar a Expo. Ela está acima de todos nós”

O empresário Walter Faria, aos 58 anos, completados na última quinta-feira, vive uma de suas melhores fases da vida. Superados os problemas do rompimento societário irreversível com os sobrinhos – que evita comentar – o presidente do Grupo Petrópolis, sediado em Boituva- SP, foca agora vigilância diuturna  na expansão de seus negócios com inauguração de mais duas fábricas das cervejas Crystal e Itaipava: Alagoinhas, na Bahia e  Itapissuma, Pernambuco. Mas, mesmo com sua agenda sempre lotada, permite-se falar sem preocupação das horas sobre sua paixão por Fernandópolis, especialmente da Expo, que, segundo ele, deve ser tratada com respeito. 

CIDADÃO: De que maneira o Grupo Petrópolis, por meio da Itaipava e da Crystal e outros produtos, vai participar da próxima Expo de Fernandópolis?

Walter Faria: Falar da minha terra, de onde eu nasci, de onde eu dei o primeiro suspiro, é muito gostoso. A Exposição de Fernandópolis, que eu acho que é uma grande festa regional, o povo gosta e eu também tenho que gostar. Se os meus clientes gostam, como eu posso dizer que não gosto? A única coisa que eu acho é que a Expo de Fernandópolis está acima de tudo, acima de brigas, discussões. Queria dizer ao povo de Fernandópolis para que respeite a Expo, pois ela está acima de nós todos. 

CIDADÃO: Você cumpriu, na íntegra, todos os contatos que firmou com a Expo. Teve um que durou por quatro anos e até foi pago adiantado. É isso?

Walter Faria: Sim. Eu acho que contrato foi feito para cumprir. Eu ainda prefiro contrato de bigode, de palavra. Eu costumo dizer que, se você vai à igreja, a palavra de Deus é que vale. O ser humano, quando não tem palavra, contrato também não adianta nada. Quando o contrato tem uma palavra em cima, é pra ser cumprido. Nós já patrocinamos a festa de Fernandópolis por muitos anos. Para lhe falar francamente, e ressalto que falei isso também para a prefeita, eu não tinha interesse em fazer a festa de Fernandópolis porque houve muita conversa sobre ela. Mas é o povo que quer a festa. Para mim, não teria nenhum problema falar que não a patrocinaria. Afinal, virão outros anos e, quem sabe, uma hora, a gente volta a patrociná-la. Mas, eu disse para a prefeita o seguinte: "não te deixo na mão. Se for preciso patrocinar a festa, patrocinarei de coração para fazer a festa que Fernandópolis merece." Quanto ao patrocínio, foi um pedido do presidente da festa e também da prefeita para eu ajudar na divulgação. Sem problema algum. Falei para trazer a proposta para o pessoal de marketing e o nosso pessoal vai analisar. O que pudermos fazer para ajudar a festa, vamos ajudar de coração. Então, fernandopolenses, vamos nos unir por Fernandópolis, vamos dizer "essa cidade nós amamos". Nós temos cidades vizinhas onde o pessoal se abraça e estão crescendo. Eu abraço todas as cidades do Brasil em que estamos. O pessoal pergunta se sou de Fernandópolis. Sim, eu sou nascido em Fernandópolis, mas sou de Fernandópolis, Votuporanga, Jales, Santa Fé, Rio Preto. Sou de Alagoinhas, de Salvador, de Itapissuma. 

CIDADÃO: Vamos falar de sua expansão propriamente dita. Como estão as suas fábricas da Bahia e de Pernambuco? Em que estágio elas estão?

Walter Faria: A fábrica de Alagoinhas, na Bahia, acredito que, no final de julho, vamos tomar a cerveja pronta, na bica. Creio que eu tome um pouco antes, quando estiver começando a fazer, mas prontinha, no final de julho. A fábrica está a todo vapor e a construiremos em 11 meses. Em Itapissuma, com a graça de Deus, eu creio que em março do ano que vem. 

CIDADÃO: A partir do momento em que essas fábricas estiverem produzindo, incorporadas ao complexo cervejeiro da Petrópolis, no ranking das cervejarias, em que patamar você vai chegar?

Walter Faria: Tem uma música que eu gosto muito e, quando fui presidente da Exposição eu levei esse cantor para Fernandópolis, que é o Martinho da Vila. A música fala "é devagar, é devagar, é devagar, é devagar, devagarinho..." e assim estamos indo. Pretendemos, um dia, estar concorrendo com os grandes, mas vamos devagar, devagarinho, como o Martinho da Vila canta. 

CIDADÃO: A Itaipava cresceu. O sucesso dela aconteceu em um tempo mais rápido que da própria Crystal. Em um período mais curto, ela ganhou nome e ganhou venda. O que você tem a dizer a respeito?

Walter Faria: A Crystal foi uma cerveja que, no interior, no Mato Grosso e em uma parte de Minas Gerais, cresceu muito e rápido. A Itaipava cresceu no litoral do Rio de Janeiro e depois veio para a Grande São Paulo e, hoje, está vindo para o interior. O crescimento da Itaipava, realmente, nos últimos dois ou três anos, foi bem maior que o crescimento da Crystal.  Hoje, a moçada está tomando Itaipava e eu respeito esse público. Eu gosto muito deles, pois me considero moço, afinal, quero morrer com 150 anos, mas sempre jovem. Eu acho que a juventude está na cabeça, tem velho com 20 anos e tem jovem com 90. Por exemplo, se você chegar na Bahia, o pessoal já pede Itaipava. Então, se o público está pedindo, eu estou obedecendo e atendendo a eles com Itaipava. E creio que o crescimento da Itaipava ainda será muito grande.

 CIDADÃO: Às vezes é possível ouvir um lamento, nem é uma reclamação, de que o Walter Faria investe no país inteiro, mas não investe em Fernandópolis. Por que não acontece um investimento grande do Walter Faria em Fernandópolis?

Walter Faria: Fernandópolis e região estão longe dos grandes centros. Minha vontade era de investir muito em Fernandópolis, mas o Brasil é tão grande. Vejam só: estamos construindo uma fábrica na Bahia, outra em Pernambuco e ainda tem Ceará, Maranhão, Pará, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul. Tem tantos lugares para investir e com potencial grande de venda. Hoje, uma fábrica em Fernandópolis tem um custo logístico muito alto. O Estado de São Paulo não dá incentivo fiscal como os outros Estados dão. Então, hoje fica difícil de se fazer um investimento grande em Fernandópolis e se conseguir o retorno disso. Mas, no que eu puder ajudar, não só em Fernandópolis como em outras cidades da região, eu ajudarei. Eu costumo dizer que é uma região linda e maravilhosa do interior de São Paulo e com um diferencial muito grande: tem muita gente bonita! É uma região privilegiada de gente bonita, hospitaleira, mas, por outro lado, é uma região que, para um investimento pesado, a logística fica muito cara.

CIDADÃO: Gostaria que falasse um pouco sobre o valor da publicidade. Gostaria que falasse para o pessoal do ramo, para os publicitários, qual o valor que você dá para a publicidade e o que ela representa para as suas empresas?

Walter Faria: Uma publicidade bem feita tem retorno rápido e bom. Uma publicidade mal feita, o prejuízo é grande. Tem que saber com quem fazer a publicidade. Não é dizer que esse é melhor ou aquele é pior. É a criatividade. De repente você faz uma propaganda que não trouxe retorno e outra que dá um retorno enorme. Mas a publicidade, hoje, é essencial em qualquer ramo que a pessoa estiver. No nosso principalmente, porque nós temos uma briga muito grande pela concorrência. E não é só aqui, é no mundo. A gente vê que na publicidade, se você faz uma coisa que deu certo, rapidinho está no mundo inteiro. Agora, se você faz errado, é questão de segundos. A publicidade, hoje, leva muito rápido, tanto para o bem quanto para o mal. Eu acredito que tem de se fazer uma publicidade coerente.

 

CIDADÃO: Já ouviu falar da ZPE de Fernandópolis? Tem algum comentário a fazer? Você acredita na ZPE? Com a duplicação da rodovia Euclides da Cunha, com a Ferrovia Norte-Sul chegando lá, com a hidrovia Tietê-Paraná, isso tudo não vai criando uma logística?

Walter Faria: Eu torço para que dê certo. Não acredito e nem desacredito. É difícil o investimento. Hoje, o empresário vai olhar muito o retorno. Se você pegar Boituva, uma cidade que está a 100 km de São Paulo, você vê grandes investimentos na região. A Toyota está a 20 km e, atrás dela, vem um punhado de empresas que investem para atender a própria Toyota. Mas, é diferente da nossa região. Agora, é até engraçado. O povo de Fernandópolis que trabalha com nós ganha dinheiro aqui e VAI investir em Fernandópolis. Eu estou ajudando a cidade com o investimento de nossos funcionários que compram lá. E eles dizem que quando se aposentarem vão voltar para Fernandópolis.