“O esquema não tinha mais pudores em fraudar as finanças públicas e desviar recursos”, diz procurador

20 de Agosto de 2025

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“O esquema não tinha mais pudores em fraudar as finanças públicas e desviar recursos”, diz procurador

Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, 9, na cidade de Rio Preto, o procurador da República Thiago Lacerda Nobre, afirmou, que o esquema que desviava recursos públicos em Fernandópolis e região, por meio de licitações, é uma das maiores fraudes do país.

 "A quadrilha era altamente articulada e tinha livre acesso em todos os níveis públicos. Posso dizer que esta foi uma das maiores fraudes no Brasil. Esquema muito bem armado, que já vivia por muito tempo e que não tinha mais pudores em fraudar as finanças públicas e desviar recursos", afirmou o procurador da República.

A operação foi deflagrada pelo Ministério Público, em parceria com diversos órgãos, e cumpriu mandados de prisão, de busca e apreensão, de bloqueio de bens e de afastamento das funções públicas em pelo menos 12 estados. O desvio de verbas públicas sob investigação ultrapassa R$ 1,1 bilhão.

De acordo com o balanço apresentado pelo delegado Cristiano da Pádua Silva, da Polícia Federal em Jales, pelo promotor de Justiça, João Santa Terra, e pelo procurador da República em Jales, Thiago Lacerda Nobre, foram cumpridos 160 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal em Jales e pela Justiça Estadual em Fernandópolis.

Mais de 20 mil folhas de documentos de licitações e convênios com fortes indícios de irregularidades Foram acumuladas. Ao todo foram investigadas 78 cidades no noroeste paulista.

Além disso, foram apreendidos R$ 250 mil em casas de empresários e ex-prefeitos que estariam envolvidos no esquema, além de 20 armas, algumas até de uso restrito. No total, 13 pessoas foram detidas preventivamente, dentre elas empresários, ex-prefeitos e funcionários públicos, como é o caso do ex-chefe de compras de Fernandópolis Osmar José Cavariani.

Segundo Nobre, as empresas coligadas participavam juntas das licitações, principalmente em obras do Ministério do Turismo e do Ministério das Cidades, como obras em melhorias de asfalto, construção de praças, dentre outras. Como faziam parte do mesmo grupo, elas definiam quem venceria o processo licitatório ou então as empresas que desistiriam durante o processo e, com isso, superfaturar as obras.

A Justiça deve ajuizar nos próximos dias as ações criminais e de improbidades administrativas contra os acusados. As pessoas que estão detidas devem seguir presas por cinco dias, o que pode ser prorrogado pelo mesmo período, tudo para não atrapalhar as investigações.

"Ninguém foi preterido, o que foi deixado para um segundo momento foram as buscas em algumas empresas. Várias outras empresas serão investigadas. Nós apenas escolhemos quais empresas seriam importantes para a investigação neste momento", afirma o promotor.

As empresas que faziam parte do grupo, segundo as investigações, começaram o esquema por volta do ano de 2008 e participaram de licitações, em que juntas, dariam cerca de R$ 1 bilhão em obras.

De acordo com o procurador da República, o cérebro das ações do grupo era no município de Votuporanga, mas atingia cidades de todo o noroeste paulista e outras regiões do Estado de São Paulo.

"Há alguns meses atrás percebemos que a quadrilha começava a lançar seus tentáculos para regiões do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e, possivelmente, até Goiás", afirma o procurador.