CIDADÃO: Quais as diretrizes fundamentais da Rede Sustentabilidade? E por que a Rede prioriza essas bandeiras?
Wallace:A Rede surge como um movimento de militância pela vida. Um dos princípios fundamentais que regem o movimento é o Ativismo Autoral, isso significa que cada membro é protagonista de sua própria militância, que cada aspecto cultural, ambiental e étnico da sociedade interessa e é tratado com igual relevância. A espontaneidade desse modelo vem sendo duramente criticada pela mídia conservadora. É um erro supor que Marina Silvaé um “Messias”do movimento, sobre o qual são colocados todas as expectativas e méritos, ela mesma define a causa como “autoral” e abdica dessa supervalorização politiqueira, que acaba apenas por criar ídolos populistas que mobilizam as massas por seu prestígio e não por suas idéias. A Rede se baseia nas lutas, na prática da sustentabilidade ambiental, na defesa das minorias, no respeito aos animais, no combate às mazelas sociais. Por isso fala-se de ativismo autoral: a Rede é tão ideologicamente diversa quanto os militantes que a compõem.
CIDADÃO: A Rede não é apenas um partido, mas um movimento. Explique.
Wallace:Na história política brasileira percebe-se que os movimentos sempre estiveram a serviço dos interesses partidários. As militâncias eram o indicativo para a escolha de qual partido se afiliar. Esse panorama se inverte na Rede. Aqui, o partido é apenas o instrumento político pelo qual o movimento vai galgar seus objetivos. Por isso o símbolo do movimento é a fita de Möbius, que é obtida pela junção de duas extremidades de uma fita, após efetuar meia volta em uma das extremidades. Se passarmos uma linha reta no corpo da fita, hora o risco vai passar por dentro do círculo, hora passará por fora. Isso significa exatamente uma das maiores particularidades da rede: valoriza-se o apoio ao movimento, mesmo pertencendo-se a partidos diferentes. Não existe a obrigação de estar “dentro” ou “fora”do Partido.
CIDADÃO: Para que se torne realmente um partido, é preciso o recolhimento 500 de assinaturas. Como o Brasil está se organizando e qual o quadro de nossa região?
Wallace:Existem diversos líderes e grupos maduros difundindo o movimento em todos os cantos do Brasil. É um momento único na nossa história política e a mobilização vem sendo massiva. Dia após dia, esses grupos realizam mutirões e promoções para angariar apoio. Na nossa região existem grupos mobilizados em São José do Rio Preto. Mas não é o bastante, eu estou com a missão de articular o movimento aqui na micro-região de Fernandópolis. E é impressionante a quantidade de simpatizantes e apoiadores que já se dispuseram a ajudar. O objetivo inicial é formar grupos e descobrir lideranças em Fernandópolis, Santa Fé, Jales, Votuporanga, Iturama e Aparecida do Taboado, para que, com isso, possamos formar uma base sólida da Rede aqui no interior e com isso mostrar o quanto nossa região pode ser expressiva.
CIDADÃO: Marina Silva declarou que a Rede "não é situação e nem oposição". Qual é o objetivo, afinal?
Wallace:Ter “posição”. Ser coerente, fugindo do radicalismo esquerdista ou da omissão da direita. Esse ponto rendeu críticas duras ao movimento, acusando-o de não de não estar “nem para Deus e nem para o diabo”. É compreensível esse equívoco, afinal, coerência na política brasileira nunca foi um requisito obrigatório. Nos últimos anos, acompanhamos a nítida mudança de partidos como o PT que, ao alcançar o poder, despiu-se da oposição radical e dos discursos extremistas e assumiram um comportamento idêntico ao então saturado PSDB. É esse o ponto, ter “posição” te permite aplaudir o que deve ser congratulado e criticar o que precisa mudar, independente de tratar-se de direita ou esquerda.Em todos os casos, chegaram momentos em que a esquerda e a direita se confundiram, partilhando dos mesmos equívocos. Essa “posição” à que a Marina se refere é o que garante que o movimento permanecerá coerente, independente de estar ou não no poder.
CIDADÃO: Como foi o evento de lançamento em 16 de fevereiro? O que aconteceu por lá e por que você foi?
Wallace:O Encontro Nacional da Rede Pró-partido foi uma convocação à sociedade brasileira para fundação desse instrumento político tão único. Eu fui o único representante aqui do interior e isso torna maior a minha responsabilidade sob os compromissos assumidos. Não imaginava que seria tão marcante participar daquele momento, rever de perto as personalidades das quais eu busco exemplo foi muito motivador. É motivador estar ao lado de pessoas as quais vale a pena depositar nossas esperanças: Marina Silva, Heloísa Helena, Pedro Ivo e diversos outros militantes que nunca deixaram de acreditar nessa mudança. Isso é realmente admirável.
CIDADÃO: Quais são os principais aliados da Rede?
Wallace:O maior potencial do movimento é a juventude. Diversos políticos consolidados, como Ricardo Young e Eduardo Suplici, artistas de vários segmentos, como Wagner Moura, Marcos Palmeira e Gilberto Gil, além de ONGs e Movimentos apartidários vêm apoiando essa causa, mas o ponto alto do movimento somos nós, os “mantenedores de utopias”. Isso se reflete até mesmo na arrecadação do Partido, que se baseia no princípio de “muitos doando pouco”, ao invés de poucos doando muito, como é o caso de partidos sustentados pelos grandes latifundiários.
CIDADÃO: Qual a importância da força jovem nessa nova vertente de partido político?
Wallace:O jovem não está disposto a aceitar qualquer situação, ele quer agir e vê as coisas com mais urgência e menos conformismo. Um partido formado com jovens desse perfil poderá ser o “Cavalo de Tróia” da política brasileira. A tendência é que mais movimentos autorais surjam e com isso reacenda o interesse da população pelos movimentos políticos.
CIDADÃO: Você, como ultimanista de Engenharia Ambiental, por que defende a criação do partido e fazer parte do movimento?
Wallace:Eu escolhi essa profissão por causa da ideologia. Sempre fui motivado pela transformação da nossa realidade e vejo o Engenheiro Ambiental como aquele que tem ferramentas técnicas e ideológicas para subsidiar isso. Eu defino a Rede como necessária e vejo esse cenário político com bastante positivismo. Todos estamos propensos a cometermos os mesmos erros cometidos pelos revolucionários do passado, mas o princípio de tudo é sair da inércia, continuar tentando.