De volta às origens interioranas

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

De volta às origens interioranas
A médica dermatologista Ane Beatriz M. NiwaMassaki está de volta à região. Ane saiu de Fernandópolis ainda muito nova, aos 14 anos de idade, para morar em São Paulo e dar andamento aos seus estudos. Filha dos médicos Aracy e MassamitiNiwa, hoje volta, aos 33 anos, também exercendo a medicina, casada com o também médico Alexandre Massaki e trazendo na bagagem grandes experiências profissionais e de vida. 

CIDADÃO:Vamos começar falando de como você foi parar em São Paulo?

Ane:Eu nasci em Fernandópolis e morei aqui até a oitava série. Depois fui morar em São Paulo porque meu pai queria que eu estudasse lá. Fiz o ensino médio e entrei para a faculdade de medicina. Fiz residência e trabalhei lá por cinco anos. Eu morava com a minha irmã, que também estava estudando, e com a minha avó. 

CIDADÃO:Você saiu do ensino médio direto para o curso de Medicina da USP de São Paulo. Como foi isso?

Ane:Desde o ensino fundamental eu estudei bastante. É mais uma questão de esforço do que de inteligência. A pessoa pode ser inteligente, mas precisa mesmo é de esforço, é preciso estudar e bastante. Eu passei direto naquilo que eu queria: Medicina na USP. Comecei o curso, mas não sabia ainda no que me especializar. No início eu pensei em outras opções, como clínica. No internato, no quinto ano, a gente passa por várias especialidades e foi quando descobri a dermato e gostei bastante. Resolvi, prestei a prova e passei direto - o que foi muito bom porque é uma área muito concorrida devido ao 'boom' da estética - fiz a residência por três anos e depois passei a trabalhar em São Paulo mesmo.

 

CIDADÃO:Você decidiu ficar em São Paulo e trabalhou em clínica famosa na área da dermatologia. Como foi?

Ane:Eu já estava com a minha vida lá há nove anos. Com uma boa formação, São Paulo não é difícil de arranjar emprego, é até muito fácil. Comecei a trabalhar em uma clínica super boa, que é um centro de laser de um dermatologista muito famoso no país inteiro, que é o Nuno Osório. Ele tem muita experiência na parte de estética - o que na residência a gente não tem - e foi com ele que aprendi o que sei de estética. Eu o ajudei a escrever capítulos de livro sobre laser para dermatologistas e o ajudava nessa parte de escrever e de fazer palestras, até mesmo porque ele dava aulas em muitos congressos e eu acabei dando algumas aulas também. Com isso eu aprendi muito, porque dar aulas é um meio de aprender muito. 

CIDADÃO:Mas, mesmo com carreira estável na clínica, você decidiu ir para o exterior. Como surgiu a ideia?

Ane:Eu me casei. O meu marido é médico radiologista e ele sempre quis fazer especialização fora do país. Ele começou a amadurecer essa ideia e eu, a princípio, não queria, mas comecei a rever isso, pois como ele mesmo dizia, seria uma experiência única e não haveria outro momento. Nós tínhamos acabado de nos casar, não temos filhos, se não fosse naquela época, não iríamos mais. E eu concordei. Não seria uma coisa que partiria de mim, mas como amadurecemos a ideia juntos, para que ambos pudéssemos nos especializar, eu concordei. Comecei a pesquisar por estágios e, como trabalhei com o Nuno Osório e havia publicado artigos em revista norte-americana, dado aulas e palestras sobre o assunto, não foi difícil ser aceita. Mandei um e-mail para alguns médicos, eles gostaram do meu currículo e me aceitaram para fazer um "fellow", que é tipo uma especialização. Então, nós fomos em 2011 para San Diego, na Califórnia. 

CIDADÃO:E o que fez vocês voltarem?

Ane:Depois de um ano e meio voltamos. Chegamos a cogitar de morar de vez nos Estados Unidos, mas pensamos bem. Hoje, com a crise, os médicos não estão aposentando e fica mais difícil de trabalhar, por isso resolvemos voltar. Voltamos e meu marido recebeu uma proposta de emprego para a Santa Casa de Votuporanga e resolvemos fixar residência lá. A nossa experiência fora fez com que víssemos o quanto a qualidade de vida em São Paulo é ruim. Nós experimentamos uma qualidade de vida muito boa nos Estados Unidos e, por isso, decidimos buscar algo mais para o interior do estado. Por sorte, a minha irmã tem um amigo em Rio Preto, que também é radiologista, que soube dessa proposta em Votuporanga e viemos conferir. A cidade também nos encantou, a Santa Casa de Votuporanga é muito boa. Percebi que Votuporanga tem uma boa demanda de dermatologistas e vi a possibilidade de atender também em Fernandópolis. Enfim, a cidade seria boa para os dois e decidimos que seria o melhor. Ainda não comecei atender em Votuporanga porque ainda estou procurando por uma sala. Aqui em Fernandópolis já porque tenho o consultório da minha mãe e estamos dividindo. 

CIDADÃO:O que você está trazendo de diferente para Fernandópolis?

Ane:Estou trazendo um aparelho de laser de luz pulsada para tratamentos de rejuvenescimento, manchas, vasos, cicatrizes. Mas não focarei apenas em aparelhos, eu aprendi muitas outras coisas, por exemplo, no tratamento de cicatrizes com técnica de infiltração um pouco diferente do que geralmente é feio aqui. E eu faço tudo, desde o monitoramento de pintas, cirurgias, todos os tipos de tratamento estético - desde o Botox, preenchimento, laser - e tudo mais da dermatologia geral. Na questão dos aparelhos, eu vou implantando aos poucos e melhorando. 

CIDADÃO:Ficou com medo de voltar para o interior depois de tanto tempo?

Ane:Na verdade, eu tive um pouco de apreensão em voltar porque eu estava super acostumada em São Paulo. Eu nem vinha muito para cá, meus pais que iam para lá. Mas, em compensação, eu estou muito mais amadurecida, principalmente depois que voltei dos Estados Unidos. Voltei sabendo que eu não seria mais feliz no lugar onde eu trabalhava. Eu gosto muito do que eu faço, mas aquele ritmo em que eu estava de trabalho já não me deixava mais feliz. Eu vim bem resolvida. Como estamos pensando em ter filhos, a qualidade de vida no interior é melhor para a família. Ir para o exterior foi bom e não me arrependo de nada, nem de ter ido e nem de ter voltado. Acredito que temos que fazer as coisas com coragem.