Mato alto cobre parte do Cemitério da Consolação

20 de Agosto de 2025

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Mato alto cobre parte do Cemitério da Consolação

A palavra certa para definir a atual situação do cemitério da Consolação é abandono. Após várias reclamações de ouvintes da Rádio Difusora e compartilhamentos nas redes sociais, a equipe do CIDADÃO foi conferir de perto o que está acontecendo noscemitérios da cidade.

O Cemitério da Consolação é o mAaior e mais crítico. As torneiras vazando água sem parar são os menores problemas. O mato, com cerca de um metro de altura, já cobriu toda a parte dos fundos do cemitério. Em época de constante chuva, os avisos de “cuidado com a dengue” parecem não afetar os funcionários do cemitério. Poças de água em ambiente comum estão servindo de “tina” para animais se refrescarem.

Muitos túmulos estão degradados e muitos outros totalmente encobertos pelo mato. Duas caçambas estão repletas de lixo e ainda não foram retiradas de lá. O mais curioso é a divisão: da entrada até a metade do cemitério está bem cuidada; a outra metade, quem cuida é o mato.

A dona Maria Aparecida Brito, 68 anos, estava com a sobrinha Terezinha Aparecida Brito, 34, visitando os túmulos de sua mãe e de sua irmã, quando se deparou com o mato. “O túmulo da minha irmã é lá embaixo, dois túmulos para baixo já está coberto pelo mato. Gente, quanto descaso!”, lamenta.

Terezinha também se comoveu com a situação do cemitério. “Levei um susto. Muito desagradável ver o cemitério nessa situação. De quem é a responsabilidade?”, questiona.

A resposta: a manutenção dos túmulos é responsabilidade da família. Já a manutenção de todo o cemitério é da prefeitura, mantenedora do local. Segundo informações, entre os dois cemitérios, a prefeitura mantém dois coveiros, dois faxineiros e uma escriturária, além dos homens da frente de trabalho que fazem serviços esporádicos.

Dona Maria Aparecida fez outra observação interessante. Ela disse que “a parte de baixo está parecendo uma favela”. Uma visível divisão de classes dentro do cemitério municipal.

Outra questão a ser levantada é a de espaço físico. O cemitério da Consolação está nitidamente lotado. Tanto que, na última terça-feira, dia 5, homens da frente de trabalho da prefeitura trabalhavam na construção de novos túmulos no Cemitério da Saudade – isso mesmo, todos rentes ao muro lateral. Segundo os funcionários, dois túmulos já foram ocupados e estão construindo mais quatro, por enquanto. 

Cemitério da Saudade

Na contramão dos fatos, o Cemitério da Saudade é exemplo de cuidado. Com lápides mais antigas e muitas de crianças – na época em que foi construindo a mortalidade infantil ainda era grande – o ‘seu’ Salvador estava varrendo seus corredores. Sem querer dar entrevista, o funcionário da prefeitura disse trabalhar no cemitério há anos “de se perder de vista”. “Quando há mato, a gente tira, né?”, disse.

Realmente, não há mato e nem sujeira. Apenas a temporária de tijolos e sacos de cimento devido à construção dos novos túmulos. Salvador garante que, assim que terminarem a pequena obra, o lixo irá para as caçambas e, em seguida, outros funcionários as retirarão. 

Velório Municipal

O velório municipal é outra novela fernandopolense. Quando iniciou sua reforma em 18 de setembro de 2012, o ex-prefeito Luiz Vilar anunciou que seria em parceria com as funerárias Fernandópolis/Colombano, Rosa Mística e Sagrado Coração, com investimento de aproximadamente R$ 200 mil.

Iniciaram a obra pela ala direita e nela parou. Desde então, o velório municipal funciona apenas com as duas salas do lado esquerdo, que está cada vez mais deteriorada, com muita sujeira, bancos quebrados e banheiros desativados.

O aposentado José Gregório da Silva, 68 anos, como não tem casa para morar, está ocupando a frente de tapumes da ala direita desde dezembro de 2012. Já ajeitou suas coisas, preparou sua “cama” e não tem ideia de quando sairá de lá.

Há quase cinco meses que a população espera por providências. Na atuação circunstâncias em Fernandópolis, nem mesmo os mortos descansam em paz.