No final do ano passado o CIDADÃO publicou em sua edição especial de natal a história de três irmãs, que depois de 12 anos no orfanato, reiniciaram a vida fora dele. Na época elas precisavam do apoio da população para montar sua nova casa (e ainda precisam), só que outra prioridade apareceu na vida delas e a mobilização da sociedade fernandopolense se tornou essencial para o futuro das três irmãs.
Raissa, 19, Raiane, 18, e Roberta, 15, chegaram à cidade no ano 2000 vindas de Paranaíba-MS, junto com sua mãe, recém-separada do marido. Elas dizem não se lembrar de muita coisa, já que eram muito novas na época - só sabem que foram recolhidas ao abrigo por conta do alcoolismo de sua mãe, que resultava em maus tratos.
“Não me lembro de muito, só sei que minha mãe havia se separado do meu pai e que ela era alcoólatra, não tinha mais condições de cuidar da gente. Nós não íamos para a escola, não tínhamos comida em casa, então nos levaram para o orfanato e vivemos lá belos anos”, disse Raissa, a irmã mais velha.
No orfanato, elas receberam poucas visitas da mãe. Com o passar dos anos, essas visitas se extinguiram de vez. Já o restante da família, elas sequer conheceram. “Nós nunca tivemos contato com ninguém da nossa família. As únicas pessoas que pudemos contar durante todos esses anos foram as tias do orfanato. Minha família são elas e minhas irmãs”, completou Raissa.
Para recomeçar a vida, elas decidiram enfrentar juntas a nova etapa. Raissa reivindicou judicialmente a guarda de Roberta e conseguiu. Depois desse processo, as três saíram do orfanato para morar numa pequena casa de aluguel que fica ao lado do local onde viveram durante os últimos 12 anos, uma espécie de teste para quando se mudarem para a casa que conquistaram através do programa Minha Casa Minha Vida.
“É uma preparação para a nova casa, na nossa reunião no final do mês passado, a diretoria do orfanato alugou uma casa ali perto, para que as meninas possam ir se adaptando com a nova realidade, aos poucos, vencendo os primeiros desafios e problemas que surgem. Depois de 12 anos dentro do orfanato, é normal que elas tenham dificuldades para a uma vida independente”, explicou o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Fernandópolis, Evandro Pelarin.
Com a mudança, elas ganharam uma série de responsabilidades. “Nós estamos aprendendo a viver fora do orfanato. Cada uma tem seus direitos e obrigações. Tem hora para cozinhar, estudar, lavar, passar, enfim, tudo que uma pessoa que mora sozinha precisa para viver”, afirmou Raiane.
Fora do orfanato, as três conseguiram bons empregos. Raissa trabalha num escritório de advocacia, Raiane é funcionária de uma papelaria da cidade e Roberta trabalha como estagiária numa agência bancária. Raissa faz faculdade de administração de empresas, e as mais novas também se preparam para ingressar em cursos superiores.
O problema é que com a nova vida, surgiram novas responsabilidades. Juntas elas têm que arcar com as despesas de casa (água, luz, compras, aluguel, etc) e Raissa ainda tem que pagar a mensalidade da faculdade que teve aumento este ano.
“Só queremos ter uma vida melhor. Garantir aos nossos futuros filhos o que não tivemos e sabemos que só conseguiremos isso através de muito trabalho e dos estudos” destacou a mais velha.
Este aumento no valor da mensalidade pesou no orçamento das irmãs, é justamente o que elas pagavam na Van que transportava Raissa para faculdade.
“Com o salário que ganho não tenho mais condições de pagar a Van e cobrir as despesas de casa e a faculdade. Não quero parar de estudar, pois amo o curso que faço, e pretendo crescer na vida com essa profissão. Na vida podemos perder tudo, menos o conhecimento que temos. Portanto preciso da colaboração de todos para continuar minha faculdade, pois com essas despesas não tenho como pagar”, explicou Raissa.
O transporte escolar até a faculdade onde ela estuda custa R$ 80 mensais. Pode até não parecer muito, mas para as irmãs que acabaram de reiniciar a vida fora do orfanato, faz uma grande diferença.
Quem puder ajudar, tanto na montagem da casa, quanto na Van, pode entrar em contato com o CIDADÃO pelos telefones: 3442-6622, 9762-1830, ou direto com a irmã mais velha pelo Facebook: (https://www.facebook.com/raissanariane?fref=ts).