Universitários trabalhadores: os malabaristas do tempo

20 de Agosto de 2025

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Universitários trabalhadores: os malabaristas do tempo

A vida de universitário, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, não é nada fácil. Quem vê as badaladas repúblicas e os estudantes que vivem exclusivamente para estudar enquanto os pais bancam todas as despesas, está criando um pré-conceito do que realmente acontece em uma cidade universitária como Fernandópolis. 

A maioria dos universitários é formada por uma classe trabalhadora que paga pelos estudos e que vive dupla jornada para alcançar o diploma. Estes jovens tentam conciliar estudo e trabalho e ainda encontram tempo para a família, amigos e diversão. 

O músico Luis Roberto da Silva, o Beto, de 25 anos, optou pela graduação na modalidade EaD – Ensino a Distância, pela Ufscar (Polo de Jales), uma vez que graduações na área de música não são comuns no interior do Estado. 

“Quando comecei a dar aula na FB [Centro de Orientação Musical Flávio Boni] alguns professores já cursavam Educação Musical e me informaram sobre o curso e o peso de uma graduação na área. Foi como juntar a fome com a vontade de comer. A oportunidade de aumentar meu conhecimento e ainda ser certificado por uma instituição federal como a Ufscar”, explica. 

A princípio, Beto achou atraente fazer um curso à distância por não precisar ir à faculdade com tanta frequência. Todavia, percebeu que não seria tão fácil assim. 

“Mesmo sendo à distância, ela toma bastante tempo e requer muita organização com os prazos determinados pela instituição. Ainda assim acredito que seja a melhor saída para quem quer continuar estudando, mas tem uma vida atarefada. 

Procuro realizar as atividades no início da semana, quando a frequência de shows é menor. Mas, sempre que possível, mesmo fora desse tempo já reservado para a faculdade, tento ir adiantando. Aliás, acho que isso é o legal da EaD, posso dar continuidade aos estudos em qualquer lugar, a qualquer hora. Onde tiver internet, tem faculdade”, conta. 

Já a estudante do 4º ano de Direito da Unicastelo, Natalia Barros, 20, trabalha em período integral, estuda à noite e ainda encontra tempo para fazer teatro, encontrar com os amigos, dividir momentos em família e, claro, para as baladas. Natalia não dispensa festa e faz questão de se divertir. 

“Tenho que chegar correndo em casa, tomar banho, correr pra faculdadee ter disposição pra assistir as aulas. Participo das aulas, presto atenção, me dedico. Faço tudo isso para me permitir também um pouco de diversão”, justifica. 

A estudante conta que ser participativa na faculdaderesultaem vários fatores positivos para o seu currículo, como a participação em congressos, semanas acadêmicas, grupos de estudos, além das oportunidades de estágio. 

 “Quando você mantem um bom relacionamento com os professores e coordenadores, que são pessoas mais experientes e com muitos contatos, fica mais fácil de conseguir bons estágios. Sua participação na vida acadêmica é fundamental para manter esses bons relacionamentos. Eu queria poder fazer ainda mais pelo meu currículo”.