Bíscaro: “Temos que preparar nosso trânsito para 2020”

20 de Agosto de 2025

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Bíscaro: “Temos que preparar nosso trânsito para 2020”

A pedido de CIDADÃO, o delegado de polícia Raul Bíscaro Filho, diretor da 85ª Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran), analisou as propostas para melhorar o trânsito da cidade, feitas pela estudante Ana Clara Gonçalves Rebellato, vencedora do 1º Concurso de redação do jornal.

 Na verdade, as preocupações da jovem são praticamente as mesmas do delegado. “A frota de veículos em Fernandópolis cresceu assustadoramente, devido ao aumento do poder aquisitivo e às facilidades de pagamento parcelado”, explica Bíscaro.

 A malha viária não aumentou nesse período. Para o delegado, “é preciso sempre pensar cinco ou dez anos à frente, e promover ações preventivas, para que o caos não se instale no futuro”.

SINOP

Bíscaro revelou que, anos atrás, esteve na cidade de Sinop, no Mato Grosso. “Lá, o pedestre é respeitado”, garante. Segundo disse, seu filho, morador da cidade, o alertou para ter cuidado no trânsito, pois ele, Bíscaro, corria o risco de bater na traseira de outro carro: “É que assim que o pedestre pisa a faixa os veículos locais freiam; em Sinop, quem bate atrás é sempre gente de fora”, revela.

Bíscaro procurou a comissão de trânsito local para conhecer as técnicas utilizadas na educação dos motoristas da cidade e soube que tudo começou nas escolas: “Construíram uma cidade mirim com simulações de situações de trânsito, e essa escola funciona diariamente, para que a cada dia uma sala de aula compareça e tenha aulas de trânsito. Enquanto isso é feito um trabalho de rua com os motoristas e os pedestres, que só podem atravessar na faixa”.

PROBLEMAS

 O delegado considera graves alguns defeitos do trânsito de Fernandópolis, como a interrupção do fluxo de veículos nas avenidas de trânsito rápido, por causa das rotatórias: “Na Avenida Afonso Cáfaro, perto da ‘Munheca’, foi implantada uma dessas rotatórias que faz parar o trânsito. Ambulâncias que vão para a Santa Casa têm de esperar e dar passagem para veículos que vêm dos bairros”, analisa.

 Na opinião de Bíscaro, a rotatória “estrangulou” o tráfego naquela área. Outro problema sério é a falta de retornos na Avenida Líbero de Almeida Silvares: “Você vai da Concessionária Volkswagen até a entrada da Brasilândia e não tem contorno”, critica.

 Os faróis da Rua Rio de Janeiro, segundo ele, são muito próximos e não são sincronizados. “Na hora do almoço, o trânsito não anda”, disse o delegado.

 O bairro Coester tem outro problema grave: a falta de uma avenida de pista dupla, que pudesse escoar o trânsito. “A solução, agora, é só a construção da via perimetral e o rodoanel”, assegura. Para o delegado, nem a prefeitura nem o loteador se preocuparam, na época do lançamento, com o sistema viário. “Agora, a solução é mesmo a perimetral”.

PROPOSTAS

Bíscaro tem algumas sugestões pontuais que poderiam mudar para melhor o trânsito de Fernandópolis. Na esquina da Rua Brasil com a Avenida 7, por exemplo, ele implantaria faixa da direita livre para quem vai virar à direita: “Não faz sentido impedir a conversão, deveria haver um sistema de ‘tartarugas’ liberando a pista da direita para quem vai virar à direita”, diz.

 Nesse mesmo trecho, cerca de 100 metros adiante (em frente às Casas Bahia) há cerca de 20 vagas para automóveis em estacionamento em 45º. “Eu transformaria esse local em bolsão de estacionamento de motos”, diz o delegado. Ele acredita que atenderia a praticamente toda a demanda do centro da cidade, com mais esse bolsão de estacionamento para motociclistas.

Bíscaro propõe a centralização dos serviços de trânsito municipal e estadual, “por uma questão de logística”. Na engenharia de trânsito, para ele, “faltou vontade política” da administração municipal: “Deveriam ter buscado parcerias com o governo do Estado”, lamenta.

 Ele apoia a atividade delegada e a criação da guarda municipal. “O município teria um custo bem menor”, disse. “Uma cidade com menos acidentes de trânsito gasta menos com hospitais, medicamentos, ambulâncias do SAMU, etc”, justifica.

NÚMEROS

A magnitude dos números mostra também o tamanho do problema do trânsito fernandopolense: o município tinha cadastrados, até outubro deste ano, 46.507 veículos (0,71 por habitante). Só em 2012, foram licenciados mais 1035 automóveis e 798 motocicletas. Também somente em 2012, 8.050 carteiras de habilitação foram expedidas, sendo 3.534 para novos motoristas.

 “Enquanto isso, nossa malha viária não cresceu um palmo”, analisa Bíscaro. Ele alerta para outra estatística preocupante: de cada dez acidentes, nove tem a participação de alguma motocicleta (há dois anos, essa proporção era de sete para dez). “Temos que voltar a atenção para a educação para o trânsito: motoqueiro tem que ultrapassar pela esquerda, pedestre tem que atravessar na faixa, motoristas e motociclistas têm que viver em harmonia”, propôs.