Neste sábado, 8 de dezembro, a cidade será contemplada com a inauguração oficial do“Projeto Arte de Natal 2012”, e a premiação para os alunos e escolas que arrecadaram material reciclável. São arranjos, flores, árvores natalinas e estrelas, tudo feito de material de garrafa pet, uma forma de embelezar os espaços públicos em harmonia com o meio ambiente.O projeto é uma realização da ACIF (Associação Comercial e Industrial de Fernandópolis), CMEE (Conselho da Mulher Empresária e Empreendedora), secretarias municipais, sindicatos, Programa Escola da Família, Unati, empresas associadas à ACIF (que contribuíram com a doação de materiais). Por trás (ou à frente) de tudo isso está a advogada e empresária Juçara Gonçalez Mendes da Mota, presidente do CMEE. Nascida em São Paulo, Juçara mudou-se para Fernandópolis com apenas três anos de idade. Aqui conheceu o marido, Wilian Roberto da Mota, que viera de Tanabi. Há 23 anos, o casal fundou sua empresa, a Mota Porto Móveis. Atualmente, Juçara concilia a presidência do conselho com a advocacia, a empresa da família e a condição de mãe de três filhos: Rafael, Danitieli e Maxielen. Nesta entrevista, ela conta os detalhes que fizeram com que Fernandópolis finalmente tivesse uma decoração natalina à altura da pujança de seu comércio.
CIDADÃO: Como vão as coisas no CMEE? O conselho está funcionando bem?
JUÇARA: Está funcionando muito bem. Estamos hoje com 16 diretoras, e nosso último sucesso foi o 2ºFestival de Negócios, tivemos a participação de 98 mulheres empresárias no dia 18 de novembro. Esse evento teve desfiles, uma palestra maravilhosa sob o tema “Como tornar o cliente seu fã”, com a Sandra Moreira e a Simone Garcia. Foi genial! Quem participou ficou encantada. Fala-se muito em aumentar as vendas, mas ninguém explica “como” fazer isso. Elas trouxeram esse “como”, numa explanação simples e inteligente. A par disso, sempre temos atividades no CMEE, como palestras, cursos – agora mesmo estamos com inscrições abertas para o curso de empreguetes. Queremos fazer outras turmas além dessa. Tivemos também o curso de atendimento aos clientes – “ABC do Cliente” – que foi outro sucesso: abrimos 100 vagas e tivemos 152 inscrições. Tivemos que aumentar o número de aulas. E temos o nosso tradicional Happy Hour, que normalmente acontece em abril. Nesse evento, geralmente reunimos 150 empresárias em Fernandópolis. Esse encontro é uma delícia, bastante descontraído, e nele as mulheres empresárias estreitam relacionamentos, recebem novas informações importantes, dividem experiências profissionais. E, claro, promovemos uns desfiles, que todas nós adoramos, com uns comes e bebes leves! (risos). É o nosso momento de descontração no ano.
CIDADÃO: O que é ser mulher empresária no Brasil?
JUÇARA:Olhe, costumo dizer para as meninas que trabalham comigo que a gente tem que ser incansável. Não dá pra parar nunca, a rotina é extremamente trabalhosa e cansativa. É comum eu me levantar às 5h, organizar o café da manhã da meninada, e daí saio para a longa jornada. Nos sábados depois das 14h30, todo mundo se encontra em casa – minha filha chega de Rio Preto, meu marido e meu filho chegam do trabalho – aí eu também fico com eles. Aproveito o horário que eles estão em casa.
CIDADÃO: Você ainda é advogada. Como dar conta, se o dia só tem 24h?
JUÇARA: Marco minhas reuniões para 7h, 7h15. Nesse horário, evidentemente nunca tem audiência. Por volta das 9h, já estou no escritório de advocacia. No horário de almoço, meu marido ou o meu filho busca a caçulinha na escola, ela tem 11 anos. Somos muito unidos. Além disso, tenho equipes maravilhosas, tanto na Mota Porto quanto no escritório de advocacia. A Aline de Ceni, que está aqui presente, é meu braço direito na advocacia. “Aline, estou numa reunião. Você faz a audiência pra mim?” “Faço!” Então, vamos conciliando dessa forma, uma ajuda a outra. Com relação à filha caçula, como disse, o Wilian e o Rafa dividem comigo a função de levar e buscar. Já nas reuniões de pais e mestres, eu participo de todas, é uma forma de acompanhar de perto e estar ao lado dela. Já a Dani, a filha do meio, está fazendo vestibular, vai prestar 13 provas neste final de ano! Claro que ela acaba ficando meio insegura: “Mãe, você não vai me dar atenção?” É claro que vou, né? Mas aí explico que tenho um prazo a cumprir, preciso terminar o recurso. “Na hora que você terminar esse prazo você me liga?” (risos) Liguei, então, para ela, e disse: “Terminei, mas agora preciso ir para uma entrevista – esta aqui, para o CIDADÃO – mas assim que sair eu ligo pra você”.
CIDADÃO: Por que a ACIF, através do Conselho de Mulher Empresária e Empreendedora, assumiu o compromisso de comandar a questão da decoração de Natal em Fernandópolis?
JUÇARA:Desde o ano passado, nós já estávamos pensando na questão da decoração natalina por conta do projeto de aquecer as vendas. Mais ou menos em outubro do ano passado, muitas empresárias procuraram o conselho, preocupadas com a baixa nas vendas. Fizemos várias reuniões com o Geraldo (Paschoalini), com o Carlos (Sugui). Fui muitas vezes a Santa Fé do Sul, para ver como é o Natal lá. Numa dessas, você acaba usufruindo do comércio. Comentei com eles, e soube que eles também tinham ideias parecidas, mas nunca conseguíamos unir todo mundo. Este ano, com a força da ACIF, conseguimos unir em torno da proposta o Sincomércio, um grupo grande de empresários. A prefeitura também nos ajudou, especialmente em relação ao pessoal das escolas. Conseguimos fazer a meninada levar as garrafas pet, fiquei encantada com um menininho que, sozinho, juntou 2.640 garrafas! Isso, num tempo curto. Mas a criança é maravilhosa. Minha filha junta latinhas para ajudar a Coopere, e onde vê uma latinha, dá o berro: “Mãe, para o carro!”. É encantador quando uma criança assume uma empreitada. Achamos que não daria tempo pra montar a decoração, mas deu. Ficou lindo. A inauguração é hoje, sábado, 8 de dezembro, às 20h.
CIDADÃO: O que vai acontecer de especial?
JUÇARA:Neste sábado, vai ser inaugurada a instalação, já ficarão acesas as luzes, e haverá chegada do Papai Noel. Porém, os outros eventos começarão a partir de segunda-feira, quando o comércio passará a abrir à noite.
CIDADÃO: No que consiste a decoração? Sabe-se que é feita com garrafas pet, mas esse tipo de decoração já deu resultados ótimos, como em Santa Fé do Sul, e ruins, como aconteceu aqui mesmo em Fernandópolis. Quem fez o trabalho?
JUÇARA: Contratamos o mesmo rapaz que faz o trabalho em Santa Fé do Sul, e ele ensinou aos professores e alunos das escolas. Alguns funcionários da prefeitura acabaram ajudando, especialmente nos cabos, porque tudo foi montado nos barracões da Exposição. Foi um trabalho feito aos sábados e domingos, com atuação voluntária. E por que o rapaz nos ensinou? Para que, nos outros anos, nós mesmos possamos fazer a decoração. E sem esse custo, de pagar o técnico. Poderemos ter um Natal cada vez mais bonito, poderemos convidar as pessoas da região para que nos visitem, e aqueceremos o comércio de Fernandópolis.
CIDADÃO: O que foi despendido com essa decoração?
JUÇARA:Fizemos uma relação de todo material de que necessitaríamos, e a partir daí desenvolvemos uma pesquisa entre os comerciantes da cidade. Quem vende cola? Fulano, Beltrano e Sicrano. Íamos lá e eles doavam cola. Quem vende tinta? E assim por diante. Recebemos todo tipo de doação. Demos prêmios – bicicletas, coisas assim – para os alunos que mais arrecadaram. E a prefeitura nos ajudou trazendo as escolas para o projeto. Trabalharam alunos, professores, inspetores de escolas, até alguns empresários. O facebook está cheio de fotos desse trabalho.
CIDADÃO: Será que está nascendo uma tradição natalina em Fernandópolis?
JUÇARA:Tomara, Deus te ouça. É esse o nosso intuito. De 2012 em diante, nossa meta é fazer uma Fernandópolis cada vez mais bonita nos finais de ano.