“Temos que voltar a crescer”, diz a prefeitaeleita

20 de Agosto de 2025

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“Temos que voltar a crescer”, diz a prefeitaeleita

Na última quarta-feira, a prefeita eleita de Fernandópolis, Ana Maria Matoso Bim, abriu uma janela na sua agenda para dar entrevista exclusiva a CIDADÃO. Com seu estilo direto e objetivo, Ana Bim falou sobre temas variados, como dívidas, ZPE, relacionamento político e geração de empregos. E admitiu: tentará impedir a venda do Tênis Clube, leiloado recentemente pela atual administração.

Em sua primeira declaração, logo após a divulgação do resultado da eleição, você disse que tinha sido “uma vitória de Davi contra Golias”. Por que disse isso?

Porque nós lutamos contra um poder econômico muito forte e a própria máquina administrativa que o adversário tinha nas mãos. Além disso, enfrentamos uma terceira candidatura “falsa”, que nos atrapalhou bastante, mas graças a Deus superamos tudo isso.

Você considera que a candidatura de Carlos Lima era fake?

Não tenho dúvida disso, e acho até que ele terá que prestar contas disso porque enganou seus eleitores. Não se pode enganar o eleitor, trai-lo. É uma questão de assumir responsabilidades. Além disso, houve um “acordão” entre os dois candidatos que ficou muito claro.

Os mapas eleitorais mostram que quem elegeu você foi o “povão”, mesmo. Seus votos vêm dos bairros pobres. Você sentiu isso durante a campanha?

Foi a vitória do povo, tanto que, depois da apuração, na Avenida Expedicionários você só via gente simples, que veio dos bairros para festejar. Escutei gritos assim: “Os pobre venceu!”. O povo estava alegre porque sentia que será prestigiado. E será, mesmo. Nós enxergamos as necessidades de dar infraestrutura aos bairros carentes como Redentor, Uirapuru, Ipanema, Araguaia.

Você manterá o lema “Desenvolvimento com justiça social”?

Sem dúvida! Aliás, é bom que se diga: os pobres pagam impostos, como todo mundo. É preciso administrar para os ricos e para os pobres, não é favor nenhum, é obrigação. Agora, a diferença é que eles serão ouvidos na nossa gestão. Deus nos coloca um poder nas mãos que só ele pode colocar – seja por missão, seja por carma. Vejo a nossa eleição como uma missão a cumprir, e quero levar as coisas muito a sério, principalmente em áreas cruciais como a Saúde. Hoje mesmo (quarta-feira, 10) realizou-se um movimento na Santa Casa para reivindicar aumento na Tabela SUS. Isso é muito importante, porque a situação da Santa Casa é muito difícil, a Santa Casa está na UTI. Temos que lutar junto ao governo federal para transformá-la em hospital-escola, fazer os repasses religiosamente para o pronto-socorro, já que esse serviço é uma obrigação do município, e ajudar no que mais for preciso. A população não pode sofrer por causa de eventual omissão dos gestores públicos.

Seu grupo fez maioria na Câmara, 7 a 6. Mesmo assim, você pretende conversar com todos os vereadores?

É evidente que todo mundo tem que estar junto, e isso se estende a todos os poderes constituídos. Os vereadores, creio eu, têm o mesmo objetivo que nós: ver Fernandópolis crescer. Acho que não teremos problemas, pois os vereadores sabem do que a cidade precisa.

E as dívidas? Como fazer para equacionar tamanho rombo?

A dívida é um problema sério. Temos que rever muita coisa, e decidir a partir dos dados que constatarmos na tesouraria. Hoje, sei apenas que em julho a dívida chegava a R$ 29 milhões. Preocupo-me porque, se temos a possibilidade de correr atrás de verbas, teremos que ter a contrapartida. Além do mais, até dezembro muita coisa pode acontecer.

Nos últimos quatro anos o parque industrial não se expandiu um palmo sequer. Você vai mudar essa política?

Claro que sim. Quando saí, deixei oito alqueires para serem distribuídos por 50 pequenas e médias empresas. A administração tem que ajudar os empresários para que eles gerem empregos e divisas para o município. Sabemos que o começo é difícil para todos esses empresários, então, temos que ajudar, seja com a doação de terrenos, seja na realização da infraestrutura do local – asfalto, energia, água, saneamento. Há distritos que nem asfalto tem, temos que melhorá-los. O projeto da ZPE é bom, maravilhoso, só que é um projeto de longo prazo. Ficaram um tempão falando na ZPE, mas não houve avanço real. Não foi feita a lição de casa. Além do mais, temos que preparar a cidade para receber a ZPE, com escolas, casas, segurança, hospitais, logística de transporte, etc. A verdade é que, hoje, não estamos preparados para receber a ZPE. Voltando aos distritos industriais: hoje, Fernandópolis tem mais de dois mil desempregados. Esse povo não pode ficar esperando a ZPE, temos que resolver isso de imediato. E a solução passa pela pequena e média empresa. Inclusive, o prazo para cumprir algumas metas em relação à ZPE termina agora em dezembro, e nada foi feito de concreto.

Considerando que a política é a arte do relacionamento, e que a presença do PT na coligação alinha a sua administração com o governo federal, o que pretende fazer para obter espaços para os seus projetos no governo de São Paulo?

Não acredito que teremos problemas com o sr. governador. Temos no governo estadual o secretário Davi Zaia, que em maio esteve na nossa convenção, e tem dado todo o apoio. O presidente nacional do meu partido está apoiando o Serra. Creio que não haverá problemas.

O deputado Eleuses Paiva assumiu o compromisso de trabalhar por Fernandópolis?

Sem dúvida! O Eleuses nos ajudará muito, especialmente na área da saúde. Ele é médico, já presidiu a Associação Brasileira de Medicina, e está disposto a participar da nossa administração. Ele tem muito carinho por Fernandópolis. E não podemos nos esquecer que há 11 partidos coligados, e certamente seus deputados nos ajudarão.

E a questão do Tênis Clube, que foi leiloado? Você pretendia transformar o local num centro de excelência de esportes.

Quando compramos aquela área, vimos que as crianças precisariam de um projeto assim. Tudo que se investe em esporte é dinheiro bem empregado. Por isso, ficamos muito tristes com a notícia da alienação do Tênis, mas tudo o que pudermos fazer para reverter isso, nós faremos. Não é admissível isso, ainda mais pelo valor que foi vendido.

Fernandópolis vai retomar o bonde da História?

Veja, deixamos a prefeitura, depois de dois anos e pouco de administração, com as coisas caminhando bem. Pagamos dívidas, deixamos dinheiro no cofre, os convênios todos assinados. Tinha tudo para continuar caminhando bem, mas não aconteceu. Agora, no que depender da gente, vamos “correr atrás”, com o apoio da Câmara, dos clubes de serviços, das entidades. Temos que voltar a crescer.