O imóvel, um patrimônio histórico do município, foi leiloado essa semana e arrematado por um grupo formado por Sérgio Luis Rola, Adriana Andrade Macedo, Ricardo Alexandre Barbieri Leão e a Ciacor Distribuidora de Tintas, que foi representada por Edvaldo Messias Vilas Boas.
O leilão foi realizado na modalidade de maior preço por lote, com lance inicial mínimo de R$ 3,9 milhões, e arrematado por R$ 4, 015 milhões pelo grupo, que deverá efetuar o pagamento em quatro parcelas de R$ 1.003.750,00.
O Uirapuru Tênis Clube nasceu da fusão da ADF - Associação Desportiva de Fernandópolis - com o Uirapuru Clube de Campo e o Tênis Clube. Durante décadas, o clube foi uma grande referência social e esportiva da comunidade de Fernandópolis. Em suas sedes urbanas e campestres, praticava-se natação, futebol, basquete, tênis, bocha e voleibol, além de ter sido palco de memoráveis bailes e jantares dançantes inesquecíveis.
A decadência do clube começou nos anos 90, depois de sucessivos equívocos administrativos. Por conta de diversas ações trabalhistas a associação teve sua sede campestre praceada em hasta pública e em 1999 as atividades foram encerradas. A sede ficou abandonada, sem funcionários para manutenção.
O imóvel passou a ser do município em 2008, com o projeto de construção de um Centro de Excelência em esporte, mas o projeto não foi levado à frente pela atual administração e o Tênis Clube ficou abandonado, servindo apenas de criadouro de insetos, ponto de venda e uso de drogas e até de ponto de prostituição.
Agora, em vez de investir no local que por muitos anos fez a alegria de centenas de fernandopolenses, a prefeitura aliena mais um quinhão de seu patrimônio.
PREÇO ABAIXO DO VALOR DE MERCADO
O lance mínimo estipulado foi de R$ 3,9 milhões, portanto, R$ 288, 88 o m2, valor bem abaixo dos números apresentados pelo mercado de terrenos da região.
Como exemplo, pode-se citar um terreno ao lado da Pizzaria Bona Pizza, vizinha do Tênis Clube. Esse terreno possui 300m2 e foi vendido por R$ 110 mil, portanto, a R$ 366,66 o m2. Outro terreno, esse próximo à Câmara Municipal, de 280m2 foi vendido por R$ 120 mil, portanto, a R$ 428,57 o m2.
VEREADORES QUEREM ANULAR VENDA
Os vereadores José Carlos Zambon, Cândida de Jesus Nogueira e Rogério Chamel, estão pedindo a nulidade da venda do imóvel por conta de uma irregularidade ocorrida no dia em que a Câmara (pelos mesmos 7 a 3 de sempre) aprovou o projeto 91/2012 que autorizava a venda do Tênis Clube.
O projeto foi aprovado numa sessão extraordinária no dia 5 de julho, mas segundo os vereadores, a ordem do dia foi passada pela presidente da Câmara Creusa Maria de Castilho Nossa no dia 4 de julho com o projeto e o substitutivo, sem o parecer da comissão de constituição e justiça da Câmara, que foi dado apenas no dia seguinte, o que impediria que o projeto entrasse na ordem do dia 5.
Com isso, os vereadores pretendem a decretação de nulidade da autorização da venda do imóvel, pois a presidente da Câmara teria colocado o projeto em pauta por deliberação própria, sem os pareceres competentes.
FERNANDOPOLENSES LAMENTAM A VENDA
Pelas redes sociais, vários fernandopolenses lamentaram a venda de mais um patrimônio do município – particularmente um patrimônio histórico, cultural e afetivo como é o Tênis Clube.
No facebook muitos manifestaram seus sentimentos de pesar e indignação pela venda do Tênis Clube e pela dilapidação do patrimônio público. Acompanhe alguns dos comentários postados:
Celia Correia: “Que pena, mais uma etapa de nossas vidas adolescentes se foi. Tomara que ela seja eterna em nossa memória e que as lembranças continuem a nos fazer felizes”.
Masuo Uehara: “É Celia Correia, triste e daqui a pouco nem as lembranças...do jeito que andam as coisas é capaz de tirarem até isso”.
Querton Junior: “Não consigo parar de pensar nesta história da venda, acho que muita gente não sabe que para fundar a ADF (Associação Desportiva de Fernandópolis),foi feita uma vaquinha entre os desportistas e membros da sociedade da época,como por exemplo Dr.Querton, Otávio Gomes, Irineu Saravalli, Dirceu Quaglio, Aristóteles Alvarenga, Picolino, Geraldo Mirabelli e muitos outros amantes do esporte em nossa terra, várias gerações passaram por ali, longe da rua, dos bares e dos perigos que rondam nossos filhos, o esporte acolhe e protege. Acredito que um bem público como este, só deveria ser vendido, com um referendo e a aprovação do povo fernandopolense, se for assim tenho direito na venda deste patrimônio, pois meu pai colocou dinheiro suado para se erguer esse patrimônio, como todos os outros companheiros, hoje quase todos falecidos, acredito que os herdeiros concordam comigo. Realmente é uma pena toda essa luta ir pelo ralo. Precisamos parar e refletir, pois um povo sem memória não é um povo, desculpem, mas eu tinha que dizer isto, eu amo minha cidade de Fernandópolis”
A prefeitura ainda não se manifestou sobre a aplicação e os investimentos obtidos com a venda do imóvel.