Ele é o chamado homem certo no lugar certo. André Luiz Azadinho Campos desde a adolescência respira o ambiente do Rotary Club, onde ingressou em 1997, primeiro no Interact, depois no Rotaract e finalmente no chamado clube adulto – e foi presidente das três instituições. Filho de Adilson Luiz Campos e de Angela Aparecida SinibaldiAzadinho Campos, André nasceu em Fernandópolis há 31 anos, estudou no “Coronel”, no Anglo, fez faculdade de Serviço Social na Unesp de Franca e, posteriormente, Direito na Unicastelo de Fernandópolis. Na gestão 2011/2012 do Rotary, comandou os festejos do Cinquentenário do clube fernandopolense. Articulado, André é um jovem “antenado” com a política e as coisas da cidade, como o leitor verá nesta entrevista.
CIDADÃO: Qual é o objetivo do almoço do CAEFA que será realizado amanhã?
ANDRÉ: Bem, o CAEFA é uma entidade que muitos ainda conhecemcomo Guarda Mirim masculina, que há mais de 40 anos transforma os jovens em cidadãos de bem no município. Esse almoço visa à arrecadação de fundos destinados ao pagamento das despesas da entidade, como o pessoal – assistentes sociais, psicólogos. O jovem que vai para o CAEFA tem um acompanhamento familiar, e isso tem um custo. O empresário que contrata o aprendiz paga uma taxa, que, porém, é baixa. Então, promoções como esses almoços e o estacionamento na Expô são formas de arrecadação. Esse almoço também serve para estimular o companheirismo dos rotarianos, porque todo o almoço é feito por nós. Passamos a semana picando os alimentos, guardando na câmara fria. É uma forma de ajudar ao próximo, de obter arrecadação para o CAEFA e, o mais gosto, o envolvimento da família rotária. No sábado, todo mundo executa uma função, é muito gostoso.
CIDADÃO: Onde será o almoço?
ANDRÉ: No CAEFA mesmo, neste domingo, 16, a partir das 11h, até às 13h. O endereço é Avenida Libero de Almeida Silvares nº 2906. O ingresso custa R$ 15 e do cardápio constam: arroz branco, tutu de feijão, torresmo, salada e os tradicionais doces caseiros, que são feitos também por nós. É um almoço tradicional. Nós não servimos marmitex. Algumas pessoas questionam isso, e vamos debater essa questão numa reunião próxima.
CIDADÃO: Você tem Rotary Club nas veias. De onde veio esse amor?
ANDRÉ: Costumo dizer que o Rotary me deu uma profissão. Se eu sou assistente social hoje, foi pelo trabalho que desenvolvi no Rotary desde criança. Meu pai é rotariano, e eu tenho o clube como uma filosofia de vida. “Dar de si sem pensar em si” é o meu lema, e incorporar isso faz você olhar o próximo com outro olhar. Tenho essa mentalidade desde os tempos do Interact, quando, aos 13 anos, o Nelson Koishi, dentista, me chamou para fazer parte. Aprendi que estender uma mão nunca é demais. Não lhe faz nem mais pobre nem mais rico: faz mais feliz, mais realizado. Quando cheguei na fase de prestar vestibular, meu pai queria que eu fosse engenheiro, meu irmão que eu fosse militar – cheguei até a fazer cursinho para a polícia. Eu disse: “Não, vou fazer Serviço Social”. Na época, todo mundo me condenou, por escolher uma profissão que é basicamente de mulher. Existe esse preconceito. Prestei o vestibular, passei e fui para Franca. Terminei o curso, voltei, fiz Direito na Unicastelo, mas francamente não me vejo como advogado. Se bem que Direito deveria ser matéria básica de qualquer curso, porque a gente vive sendo trapaceado (risos). Enfim, quando se trata de Rotary, eu visto a camisa, mesmo. Ando com meu pin (broche com o logotipo do Rotary) diariamente, isso faz parte de mim. Eu não me vejo sem o Rotary. Brinco que sou fanático corintiano e fanático rotariano.
CIDADÃO: Durante o seu mandato como presidente do Rotary, foi comemorado o cinquentenário do clube de Fernandópolis. Como foi esse evento e qual é a sensação para um jovem de 30 anos comandar algo tão importante?
ANDRÉ: Eu estava com apenas um ano de clube, e o presidente natural para esse mandato seria o Dionizio Rossi, que, junto com o Oswaldo José de Almeida, o “Baixinho da Fiat”, como ele é conhecido, são os únicos fundadores do nosso Rotary ainda vivos. Num jantar de família, o então presidente Celso Martins perguntou se nós teríamos presidente para o próximo ano. O Dionizio me olhou nos olhos e falou: “Eles querem que eu seja o presidente, mas não dou mais conta. A vida mudou muito nos últimos 50 anos”. Respondi na bucha: “Dionizio, você já conseguiu um novo presidente!”. Naquele momento, tive para mim que seria o presidente em honra do Dionizio. Fui para casa, conversei com meu pai e ele me disse: “Encare”. Naquele momento, eu já sabia da responsabilidade de fazer a comemoração dos 50 anos. Achei que não poderia deixar de homenagear todos os ex-presidentes. Passei a dar nome deles a todas as reuniões ordinárias que fazíamos. No dia da comemoração, fiquei muito feliz por vários motivos. Consegui, por exemplo, trazer o José Maria Teodoro, que está em Rio Preto, para “bater o sino” de novo. Parece tão pouco, mas, só de ser lembrada, a pessoa fica muito alegre. É muito bom. Consegui homenagear todos os ex-presidentes, deu tudo certo. Resgatamos a memória desses 50 anos. Fechamos a festa com o Baile dos 50 Anos, com a presença de presidentes da região, inclusive de Votuporanga, o Gilberto Scandiuzi, que também foi governador do Rotary. Foi uma noite memorável, que emocionou demais.
CIDADÃO: Você é filho de um ex-prefeito e, até por força da sua atividade profissional e social, não pode descartar a política como uma possibilidade em sua vida. A pergunta é: se você chegar um dia a ser prefeito de Fernandópolis, qual será a filosofia administrativa? Vai privilegiar o social ou o estrutural?
ANDRÉ: Na verdade, muita gente ficou surpresa porque eu não saí candidato a vereador. Mas, na vida, fui pautado pelo lado profissional, tenho meu trabalho na Unicastelo, na Fundação, tenho só 31 anos. Achei que a política poderia esperar um pouco, mas eu não a descarto: ela está no sangue, fui criado na política, meu pai trouxe o PT para Fernandópolis em 1981, quando eu estava nascendo. Minha mãe no sindicato, tudo isso pesa. Aprendi com meu pai aquele provérbio do “sonho que se sonha só é maisum sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Quem sabe, se sonharmos uma Fernandópolis melhor, não a teremos? Acredito muito no lado social – mas não da forma como o governo federal vem tratando. Eu buscaria o lado social no sentido de envolver toda a sociedade num projeto para o município, como vemos em cidades vizinhas. Isso é utópico? Não sei, mas é o que eu penso. Fernandópolis carece, nesse momento, independente de quem ganhar a eleição, de que seja olhada com carinho. Temos que cuidar da nossa “menina”. O nosso hino, escrito pela Dona Wandalice, fala em “cidade criança, de progresso sedutor”. Essa sedução está se perdendo em Fernandópolis! Estamos perdendo nossos filhos, que têm que sair em busca de trabalho longe de casa. Então, eu iria para o social sem esquecer do aspecto estrutural, que é valorizar o empresário (não adianta você se preocupar só com os funcionários dele). Precisamos gerar empregos e garantir as condições para o gerador de empregos. Um prefeito tem que buscar isso. Vemos que os empresários andam descrentes, e isso é ruim. A gente fica feliz quando vê o CIDADÃO, por exemplo, ampliando seu espaço e suas atividades, isso mostra que a empresa acredita não só na comunicação: acredita na cidade. Acho que um prefeito tem que apostar no todo, e não só em grupos. Sou daqueles que apoiam a ideia de ensinar a pescar, em vez de dar o peixe. Infelizmente, o governo federal está fazendo isso, e essa situação gera acomodação. O trabalho é dignificante, todos precisam trabalhar. Repito: o prefeito tem que pensar no todo, não só em grupos, seja quem for. Tem que unir Fernandópolis de divisa a divisa, de Meridiano a Estrela D’Oeste, de Macedônia a São João das Duas Pontes. Nosso potencial tem que ser respeitado.