Franclin Duarte
O advogado José Jesus Pizzutto recebeu na manhã de hoje um ofício endereçado pelo procurador da República Thiago Lacerda Nobre, comunicando que a denúncia protocolada por ele junto ao Ministério Público Federal, referente à apuração das responsabilidades em relação à dívida da FEF, que segundo o atual presidente da instituição, Paulo Sérgio do Nascimento, ultrapassa R$ 60 milhões, foi encaminhada à Polícia Federal para instauração de Inquérito Policial.
Agora, o imbróglio da instituição fernandopolense será investigado pela Polícia Federal para, segundo o procurador da República, “apurar a eventual prática de crime por parte do presidente, conselheiros e diretores da Fundação Educacional de Fernandópolis”.
Pizzutto protocolou a denúncia no dia 27 de julho após tomar conhecimento da situação através da reportagem publicada na edição número 347 de CIDADÃO, no dia 21 do mesmo mês. A reportagem trazia a cobertura exclusiva de uma reunião a portas fechadas na Câmara Municipal entre os vereadores e Paulo Nascimento.
O encontro com o Legislativo tinha o intuito de esclarecer a situação da instituição, já que Paulo não quis utilizar a tribuna livre para expor a situação, como propôs a vereadora Cândida de Jesus Nogueira em vários requerimentos que protocolou após ler a reportagem publicada na edição 332 do CIDADÃO, no dia 14 de abril, sob a manchete: “Campus da FEF é penhorado por dívida com o Banco do Brasil”.
A penhora ocorreu após o não-pagamento de parte de uma dívida contraída em 2008, pelo então presidente da FEF, Luiz Vilar de Siqueira, que assinou um contrato de empréstimo com a agência do Banco do Brasil de Rondonópolis, MT, no valor de pouco mais de R$ 4 milhões.
Na época, ele justificou a operação com a construção de um campus avançado da fundação na cidade mato-grossense. Porém, a obra, que foi lançada no dia 1º de outubro de 2008, com data prevista de conclusão para 2009, nunca saiu dos alicerces.
Nascimento confirmou a execução da dívida e afirmou que Vilar assumiu esse compromisso porque “ele achou que lá (Rondonópolis) seria um pólo interessante para se montar uma extensão da fundação”. Tudo isso por vontade própria, sem a participação do conselho curador.
“O conselho nunca participou de nenhuma negociação desse tipo”, disse o presidente respondendo a indagação de Candinha durante a reunião na Câmara. A vereadora havia perguntado se o conselho curador da Fundação participou das negociações de Vilar com o banco para a construção do campus em Rondonópolis.
Inconformado com a resposta, o vereador José Carlos Zambon questionou Nascimento sobre a decisão de Vilar. “Mas se tem um veto estatutário à construção de campus avançado ou similares fora da cidade, como ele (Vilar) fez um negócio desses, e ainda pegou um empréstimo para ser pago em dez anos?”, perguntou o vereador.
“Isso já não é comigo. Já está na mão do Ministério Público, ele está tomando as providências dele”, respondeu rapidamente Nascimento, que assumiu a FEF em 2009.
Durante a reunião, Paulo Nascimento ainda desmentiu a versão levantada por Vilar de que teria deixado a instituição com mais de 10 mil alunos quando deixou a presidência. “Não, nós nunca chegamos a ter 10 mil alunos e nem teríamos capacidade, o máximo que comportamos é sete mil alunos”, disse Nascimento em resposta a uma pergunta da vereadora Creusa Maria de Castilho Nossa.
Depois de ler o jornal, José Pizzutto peticionou ao procurador da República Thiago Lacerda Nobre que apurasse a responsabilidade do presidente, ex-presidente, diretores e membros do conselho curador da FEF, dos últimos nove anos. Junto à petição ele anexou a edição de número 347 de CIDADÃO, além de uma lista com o nome dos membros do conselho nos três últimos mandatos.
LEGENDA: O oficio endereçado pelo procurador da república trazia a informação sobre a intervenção da PF no caso