Uma bela cerimônia marcou a recolocação de um marco histórico que por anos passou despercebido por muitos cidadãos. O “toco” de aroeira que ficava em frente à clínica Semear (no prédio até recentemente ocupado pelo Posto Fiscal de Fernandópolis, na Rua Minas Gerais), foi retirado, revitalizado e depois recolocado no lugar pelo diretor da Clínica, Adalberto Lopes da Silva.
O evento, que contou com a presença da Polícia Militar representada pelo Tenente Vila e do Tiro de Guerra, representado pelos soldados Migueloni, Tesso e Torres, foi realizado na tarde de quarta-feira, 8, junto aos internos e monitores da clínica e as historiadoras que catalogaram o marco, Rosa Maria Souza da Costa e Wanda Aparecida de Lima Costa.
“Esse toco é o testemunho de uma história; é aquilo que representa uma época e a atitude que o Adalberto tomou foi um ato muito nobre. Preservar o patrimônio da cidade é responsabilidade de todo mundo, mas infelizmente não são todos que pensam assim, por isso queria dar os parabéns a ele que tomou essa atitude tão nobre”, disse a historiadora Rosinha Costa, professora da FEF.
Após a breve cerimônia, o tronco de aroeira foi carregado e recolocado em seu lugar pelos soldados do Tiro de Guerra. Agora, ele recebeu uma placa alusiva à sua condição de marco histórico.
A HISTÓRIA
O local onde fica o toco é chamado pelos mais antigos de “Chácara do Capeta”, porque o comerciante Jatyr Martins de Souza, o “Capeta”, já falecido, era proprietário da área. Hoje, ela pertence aos seus herdeiros.
Antes de abrigar o Posto Fiscal, no local funcionara uma máquina de benefício de arroz, de Nelson Permigiani. Um dia, “Capeta” notou que os cavaleiros, charreteiros e carrinheiros tinham dificuldade para amarrar seus animais e mandou fincar o tronco de aroeira.
Sem dúvida, um período em que a paisagem urbana era diferente: em vez de carros e motos, carrinhos e charretes. Esses veículos dos primeiros tempos da cidade eram utilizados para transportar as sacas de arroz.
Hoje, ali funciona a Clínica Semear, que cuida de pacientes em recuperação dos vícios de álcool e drogas. Logo que ocupou o local, o diretor Adalberto Lopes da Silva retirou o tronco do local onde ele permanecera tantos anos.
Só que o objetivo de Adalberto não era escamotear a história e sim tratar a madeira – que já tem muitos anos – para que não apodrecesse. “Ele (o tronco) havia sido pintado com tinta branca, e minha intenção foi devolver o tom natural de madeira”, explicou Adalberto. “A aroeira é incrível, tem muita resistência”, elogiou o diretor.
O marco foi catalogado pelo departamento de História da FEF, ao lado de monumentos importantes como o que homenageia a Bíblia (na Praça Joaquim Antônio Pereira) e o do centenário da imigração japonesa, na Praça da Matriz. Adalberto utilizou areia grossa para fincar o marco em seu local primitivo, porque assim se conservará mais do que se estivesse na terra.