Os passantes apressados nem sequer o notavam. Mas aquele “toco” de aroeira fincado defronte ao prédio onde funcionava o Posto Fiscal de Fernandópolis, na Rua Minas Gerais, há décadas estava ali, testemunha silenciosa do crescimento da cidade.
O local é chamado pelos mais antigos de “Chácara do Capeta”, porque o comerciante Jatyr Martins de Souza, o “Capeta”, já falecido, era proprietário da área. Hoje, ela pertence aos seus herdeiros.
Antes de abrigar o Posto Fiscal, no local funcionara uma máquina de benefício de arroz, de Nelson Permigiani. Um dia, “Capeta” notou que os cavaleiros, charreteiros e carrinheiros tinham dificuldade para amarrar seus animais e mandou fincar o tronco de aroeira.
Sem dúvida, um período em que a paisagem urbana era diferente: em vez de carros e motos, carrinhos e charretes. Esses veículos dos primeiros tempos da cidade eram utilizados para transportar as sacas de arroz.
CLÍNICA
Hoje, ali funciona a Clínica Semear, que cuida de pacientes em recuperação dos vícios de álcool e drogas. Logo que ocupou o local, o diretor Adalberto Lopes da Silva retirou o tronco do local onde ele permanecera tantos anos.
Só que o objetivo de Adalberto não era escamotear a história e sim tratar a madeira – que já tem muitos anos – para que não apodrecesse. “Ele (o tronco) havia sido pintado com tinta branca, e minha intenção foi devolver o tom natural de madeira”, explicou Adalberto. “A aroeira é incrível, tem muita resistência”, elogiou o diretor.
No próximo dia 8 de agosto, o tronco será devolvido ao seu lugar, ganhando uma placa alusiva à sua condição de marco histórico. Afinal de contas, ele é um monumento oficial da cidade, cuja foto figura na página 330 do livro “Fernandópolis – Nossa História Nossa gente – Volume II”.
O marco foi catalogado pelo departamento de História da FEF, ao lado de monumentos importantes como o que homenageia a Bíblia (na Praça Joaquim Antônio Pereira) e o do centenário da imigração japonesa, na Praça da Matriz.
Segundo Adalberto, o subtenente Renê Vicente Fernandes, chefe de instrução do Tiro de Guerra de Fernandópolis, já aderiu à cerimônia de 8 de agosto e levará os atiradores para participar. Também a secretária municipal de Cultura, Iraci Pinoti, deverá estar presente.