Diretor nega versão de Vilar, que afirmou ter deixado a instituição com mais de 10 mil alunos
Depois de vários requerimentos protocolados pela vereadora Cândida de Jesus Nogueira, enfim o presidente da FEF – Fundação Educacional de Fernandópolis -, Paulo Sérgio do Nascimento, decidiu se pronunciar na Câmara a respeito das dividas da instituição, que segundo ele, passam de R$ 60 milhões.
Porém, Nascimento não usou a tribuna livre, como propusera a vereadora: preferiu uma reunião a portas fechadas, na quinta-feira, no Palácio 22 de Maio, apenas com os vereadores, o que, segundo ele, foi feito apenas para “não expor a Fundação e evitar que alguém utilizasse a atual situação da instituição com conotação política”.
Os requerimentos pedindo o esclarecimento da atual situação da FEF foram protocolados após CIDADÃO publicar a matéria: “Campus da FEF é penhorado por dívida com o Banco do Brasil”.
A notícia, publicada na edição de 14 de abril, trazia a informação de que o campus, que é fruto de um projeto acalentado por muitos anos pela sociedade fernandopolense, havia se tornado alvo de uma execução de penhora por parte do banco.
Isso porque em agosto de 2008, o então presidente da FEF, Luiz Vilar de Siqueira, assinou contrato de empréstimo com a agência do Banco do Brasil de Rondonópolis, MT, no valor de pouco mais de R$ 4 milhões.
Na época, ele justificou a operação com a construção de um campus avançado da fundação na cidade mato-grossense. Porém, a obra que foi lançada no dia 1º de outubro de 2008, com data prevista de conclusão para 2009, nunca saiu dos alicerces.
Nascimento confirmou a execução da dívida e afirmou que Vilar assumiu esse compromisso porque “ele achou que lá (Rondonópolis) seria um pólo interessante para se montar uma extensão da fundação”. Tudo isso por vontade própria, sem a participação do conselho curador.
“O conselho nunca participou de nenhuma negociação desse tipo”, disse o presidente respondendo a indagação de Candinha. A vereadora perguntou se o conselho curador da Fundação havia participado das negociações de Vilar com o banco para a construção do campus em Rondonópolis.
Inconformado com a resposta, o vereador José Carlos Zambon questionou Nascimento sobre a decisão de Vilar. “Mas se tem um veto estatutário à construção de campus avançado ou similares fora da cidade, como ele (Vilar) fez um negócio desses, e ainda pegou um empréstimo para ser pago em dez anos?”, perguntou o vereador.
“Isso já não é comigo. Já está na mão do Ministério Público, ele está tomando as providências dele”, respondeu rapidamente Nascimento que assumiu a FEF em 2009.
"REDONDINHA"
Durante o julgamento da segunda CP instaurada contra o atual prefeito, a respeito das denúncias de fraude em licitações na construção da DDM – Delegacia de Defesa da Mulher - em resposta a declaração do advogado Fausto Ruy Pinato, de que ele seria o culpado pelas dívidas da FEF, Vilar subiu a tribuna e disse que quando deixou a presidência da fundação, entregou-a “redondinha”.
“Com muito orgulho eu estive lá por cinco anos e meio, peguei a FEF com 1,8 mil alunos, e quando saí, no final de 2008 para assumir a prefeitura, deixei-a com mais de 10 mil alunos. De 1.832 para 10.300 aproximadamente”, disse o prefeito em seu discurso e completou dizendo que não poderia ser culpado pelo declínio da faculdade, sendo que ela só teria crescido enquanto ele estava na presidência.
Sobre essa questão, Paulo Nascimento foi indagado pela vereadora Creusa Maria de Castilho Nossa. “É verdade que a FEF já chegou a ter a ter 10 mil alunos?”, perguntou a vereadora.
Em sua resposta, Paulo foi categórico. “Não, nós nunca chegamos a ter 10 mil alunos e nem teríamos capacidade, o máximo que comportamos é sete mil alunos”, respondeu o presidente.
INSOLVÊNCIA
Próximo ao fim da reunião, Candinha perguntou a Nascimento se por conta desse montante de dívidas seria possível o Ministério Público pedir a insolvência da FEF.
Em resposta veio a confirmação. “Hoje acho que sim, mas isso seria só em último caso, se ele pudesse provar que o débito existe e a faculdade não consegue pagar”, respondeu o diretor.
NOVO “DONO”
Surgiu ainda antes do término da reunião o questionamento sobre a procedência da informação de que há um grupo interessado em assumir as dívidas da FEF. Em resposta o presidente também respondeu positivamente.
“Tem um grupo que nos procurou com a proposta de assumir todo o débito, se nós fizermos um contrato de gestão com eles. Continuaria a fundação e se faria um contrato de gestão e eles tocariam a faculdade”, completou o presidente.
Em complemento, a vereadora Creusa Nossa encerrou dizendo: “isso seria excelente para nós”.