Falta de conscientização ou fiscalização ineficaz? Quem sabe, até as duas opções cumulativamente. Não é preciso procurar muito para encontrar em Fernandópolis pontos irregulares de descarte de lixo e entulho. Um problema grave que a cidade enfrenta e que, até então, nada se mostrou eficaz em seu combate.
De posse de diversas denúncias e reclamações de munícipes inconformados com essa situação, o CIDADÃO traçou nas ruas da cidade uma “rota” dos depósitos ilegais de lixo e entulho na extensão territorial do município.
Partindo da redação do jornal, localizado na Avenida dos Arnaldos, 1435, a reportagem se deslocou ao local da primeira denúncia. Trata-se de um trecho da Av. Aldo Livoratti no Bairro Pôr do Sol, ainda não asfaltado, às margens do Córrego Santa Rita.
No local o lixo e o entulho já estão quase tomando conta de toda extensão da avenida. Dentre vários detritos é possível observar sofás, restos de construção e até telhas de amianto – material comprovadamente cancerígeno, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Quando inaladas ou ingeridas, as fibras do pó do amianto estimulam mutações celulares dentro do organismo que podem dar origem a tumores e a certos tipos de câncer de pulmão. Isso bem ao lado de uma das principais nascentes do município.
Saindo da Aldo Livortatti, a reportagem partiu para o próximo ponto denunciado, que fica na Rua Norberto J. Martins, Jardim Liana. Ali, é possível observar praticamente a mesma situação da Aldo Livoratti, com o agravante de ser às margens de uma das principais nascentes da cidade.
A placa de “Proibido Jogar Lixo” de nada serviu. A nascente está cercada por lixo e entulho, e em determinados pontos é possível observar que os detritos já invadiram boa parte da nascente.
A terceira denúncia é referente à Rua Luiz Belatti no Bairro Morada do Sol, onde, bem de frente a um “poção” da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo -, de onde sai a água que a população fernandopolense bebe, existe outro depósito ilegal de lixo. Assim como nos outros pontos, lixo, entulho, pedaços de móveis e até pneus são vistos no local.
Saindo da Luiz Belatti, CIDADÃO partiu para a Rua Pernambuco, onde a partir do Bairro Paulistano é possível observar pequenos depósitos de lixo por sua extensão até o fim da rua, no Jardim Redentor.
Desse local, a equipe partiu para apurar a quinta denúncia, na antiga estrada que ligava Fernandópolis a Macedônia a partir do Jardim Paraíso, mas no caminho se deparou com mais um depósito de lixo, este às margens da Rodovia Percy Waldir Semeghini. Entulho, sofás, colchões pneus e até lixos eletrônicos são descartados às margens da rodovia que liga Fernandópolis à usina de Água Vermelha.
De volta à rota das denúncias, a reportagem seguiu para o Jardim Paraíso e ali encontrou a estrada inteira repleta de pequenos depósitos de lixo e entulho. Em determinados pontos, o odor é insuportável por conta dos animais mortos ali depositados e até caveiras de animais estão misturadas ao lixo.
Do Jardim Paraíso, a equipe partiu para a Avenida Teotônio Vilela, que fica atrás do hospital da AVCC – Associação dos Voluntários no Combate ao Câncer - e da FEF – Fundação Educacional de Fernandópolis. Com a criação da área de transbordo no terreno que servia apenas como depósito de lixo, começaram a jogar o lixo à beira da avenida.
Fechando o ciclo de denúncias, CIDADÃO se deslocou para o CDHU Jayme Leone, mais precisamente na Rua Quatro do conjunto habitacional. A situação no local não está muito diferente das demais denúncias. Lixo, sofás, pneus, restos de móveis, entulhos, tudo isso em pequenos montes espalhados em um trecho de cerca de 1km.
Não se pode dizer que é por falta de vontade da Secretaria de Meio Ambiente de Fernandópolis, pois, um projeto criado pelo então secretário de Meio Ambiente, Angelo Veiga, seria um desafogo para essa situação. Seria, se a fiscalização contra as pessoas e empresas que insistem em descartar seus detritos em lugares indevidos fosse eficaz.
Esses são apenas alguns depósitos clandestinos, a negligência se repete em diversos pontos da cidade. Segundo informações, um fiscal teria sido contratado pela prefeitura, sem concurso público, para realizar a fiscalização ambiental da cidade. Mas, pelo visto esse dinheiro continua não sendo bem empregado.