PMDB confirma Carlão e Jeder; Henri Dias deixa a presidência

20 de Agosto de 2025

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PMDB confirma Carlão e Jeder; Henri Dias deixa a presidência

Militante peemedebista diz que Itamar Borges “nem entraria na cidade” se Carlos Lima for candidato

O protagonista da maior celeuma das convenções partidárias realizadas no último dia 30, com vistas às eleições municipais de outubro, não foi o polêmico prefeito Luiz Vilar de Siqueira, do DEM, que tenta como pode se agarrar ao poder.

Tampouco foi a oposicionista Ana Bim, do PSD, maior adversária do prefeito, que ganhou apoio e sustentação da chamada Terceira Via, grupo onde se alinha pelo menos uma dezena de partidos.

O imbróglio da semana veio do PMDB, um partido que, nos últimos tempos, se acostumou à condição de coadjuvante na cena política de Fernandópolis.

Durante a convenção, por quatro votos a dois, a comissão provisória rejeitou a proposta de Carlos Lima de se candidatar a prefeito, com JederRissato como vice. Os votos pela rejeição foram de Henri Dias, Erlifas Teles da Silva e Maiza Rio (duas vezes, já que ela vota como membro e como vereadora). A favor votaram JederRissato e Edinel Gregório.

Inconformado, Carlos Lima recorreu ao diretório estadual, em São Paulo, e conseguiu “virar a mesa”. O comando paulistano teria desconsiderado a ata partidária e sacramentado a dobradinha Carlão/Jeder. Henri Dias, então, distribuiu “nota pública” criticando a decisão e se afastou da presidência.

MAZELAS ANTIGAS

Na verdade, desde a morte do ex-prefeito Newton Camargo de Freitas, em 2002, o PMDB de Fernandópolis não consegue se articular de forma a participar das eleições com candidato próprio e em condições de vencer.

Em 2010, porém, o PMDB de Fernandópolis aparentava ter renascido. Sob a presidência do delegado de polícia Raul Bíscaro, com o advogado Henri Dias como vice, o PMDB iniciou articulações que acenavam com uma virada política na história do partido.

O diretório local apoiou a candidatura a deputado estadual de Itamar Borges, ex-prefeito de Santa Fé do Sul. Com 7 mil votos no município, Borges foi o mais votado em Fernandópolis, superando até mesmo Analice Fernandes, do PSDB, candidata apoiada pela máquina administrativa de Vilar.

Logo os analistas apontaram o PMDB como um forte candidato a vencer as eleições municipais de 2012. Tinha dois líderes nascentes – Bíscaro e Dias – uma história de serviços prestados à democracia no país e o maior número de filiados no município.

Além do mais, estava em lua-de-mel com seu deputado recém-eleito, um político bem relacionado.

Como na prática a teoria nem sempre se concretiza, tudo isso ruiu de um momento para outro. Logo que assumiu na Assembleia Legislativa, Itamar Borges, interessado numa boa convivência com o governo estadual (que é do PSDB) se alinhou com o prefeito Vilar, parceiro dos tucanos e de Júlio Semeghini.

Começou, então, a diáspora peemedebista. Raul Bíscaro renunciou à presidência e deixou o partido, migrando para oninho tucano. Henri Dias passou a articular o próprio nome para disputar as eleições, mas encontrou algumas resistências no próprio partido.

Por duas vezes, o grupo peemedebista tentou se alinhar à Terceira Via, mas o casamento não vingou. No final de 2011, o farmacêutico-bioquímico Carlos Lima, que foi candidato a prefeito em 2008 pelo PT, pediu ingresso no PMDB.

No início do ano, havia quatro nomes potenciais para disputar a prefeitura pelo partido: Henri Dias, Carlos Lima, JederRissato e a vereadora Maiza Rio.

O empresário JederRissato, novidade no cenário político, nunca escondeu a preferência pelo posto de vice-prefeito. Embora relutante em deixar a condição de vereadora, Maiza Rio não afastava a hipótese de disputar as eleições majoritárias.

Henri Dias foi cortejado tanto pelos vilaristas quanto pelo grupo de Ana Bim. Preferiu sonhar com voo próprio, mas encontrou barreiras exatamente onde não esperava: no deputado Itamar Borges, defensor do apoio do partido a Luiz Vilar.

POLARIZAÇÃO

Com a mudança de rota, a cidade passou a se perguntar se Carlos Lima, tido como adversário do prefeito, estaria se prestando a fazer o “jogo da pulverização de votos”, já que a polarização com Ana Bim é considerada negativa para Vilar.

Carlos Lima refuta essa tese: “Lutamos pela eterna independência, somos candidatos para Fernandópolis, não para alguns”, garante. “Queremos o poder para mudar para melhor a vida das pessoas, e não só de alguns. É isso que incomoda”, arrematou.

 Seu candidato a vice-prefeitoJederRissato, que esteve em São Paulo na última quarta-feira, afirmou que os deputados Edinho Araújo e Itamar Borges acreditam na dupla de candidatos do PMDB em Fernandópolis: “Eles têm pesquisas em mãos e acreditam na nossa vitória. Querem ver Fernandópolis brigando com Votuporanga não no futebol, mas nas conquistas, na oferta de empregos, no crescimento da economia”.

Jederrevelou que assumiu na quinta-feira a presidência do PMDB. “Não sou de esquivar-me dos desafios”, afirmou. O empresário garantiu que sua primeira meta é apaziguar o PMDB. “Nosso partido tem luz própria, não vai ficar a reboque de outras agremiações”.

Comunicado de ex-presidente traz críticas veladas a deputado

A leitura da “nota pública” divulgada pelo advogado Henri Dias deixa claro que a maior parcela de culpa pela situação do PMDB de Fernandópolis é atribuída por ele à executiva estadual e ao deputado estadual Itamar Borges.

Embora não cite nominalmente o parlamentar, os elogios ao deputado federal Edinho Araújo – “que me ensinou a enxergar a política com ‘p’ maiúsculo”, como diz a nota – mostram que o advogado quis dar tapa com luva de pelica em Itamar. Leia o documento:

Nota Pública

Comunico minha saída da presidência do Diretório Municipal do PMDB, aguardando apenas questões protocolares para que isso seja consumado.

A decisão, de caráter pessoal e irrevogável, óbvia até, deixa a direção estadual à vontade no sentido de decidir os destinos da sigla na cidade. Sim, porque a vontade dos militantes e filiados locais nenhum valor tem para alguns membros da executiva estadual, os quais, imbuídos de interesses que nem merecem ser relatados, insistem em interferir na cena política fernandopolense.

Por essas e outras é que o sucessor do nosso querido “manda brasa” se encontra na atual situação, sendo seguidamente relegado a papéis secundários nas últimas eleições.

O partido não terá candidatura própria em nenhuma das principais cidades da região, inclusive Rio Preto; essa exigência só era válida para Fernandópolis. Apesar de todas as dificuldades, o nosso PMDB tinha nomes para postular essa candidatura e foi cortejado até o último momento pelo atual mandatário e pela ex-prefeita, sendo obrigado a recusar convite para o cargo de vice por uma interferência direta da executiva estadual, que rejeitava terminantemente coligação com a ex-prefeita, sem pensar se isso era importante ou não para o partido.

A candidatura “forçada” de Carlos Lima, imposta pela executiva estadual, pese a rejeição do diretório e das bases locais, é uma clara demonstração de que o PMDB, que tanto combateu os “anos de chumbo” do regime militar, adota agora a mesma truculência partidária que sempre condenou. Isso é lamentável!

Creio que cumpri meu papel e assumo meus erros durante esse período. Sinto-me honrado por haver dirigido o partido, embora saia inconformado com a decisão autoritária que o coloca na vala comum e destoa da sua bela história de luta pela democracia. A lamentar, tão somente a perda do convívio com o Dr. Raul, companheiro que muito me ensinou, tanto de vida, quanto de política e que sempre me alertou sobre determinada pessoa.

Deixo um agradecimento especial ao Deputado Edinho Araújo, o qual, apesar do breve contato, mostrou-me como enxergar a política com “p” maiúsculo. Fico à sua disposição para as lutas futuras.

Deixo, também, uma mensagem de carinho aos membros do diretório, principalmente ao Erlifas Teles, peemedebista que me ensinou o verdadeiro sentido da palavra companheiro e ao JederRissato, que demonstrou lealdade extrema, sempre. Sei das minhas qualidades, meus defeitos e minhas limitações, mas não posso concordar que o partido seja influenciado por pessoas desprovidas de caráter e ou aventureiras. De qualquer forma, continuarei dando minha contribuição para o crescimento e o engrandecimento da cidade.

Eu e o PMDB. Agora, cada um segue o seu caminho. O meu, sem dúvida nenhuma, tem Fernandópolis como norte.

Henri Dias

Comando partidário confirma candidaturas

A executiva do diretório estadual do PMDB enviou esta semana uma “nota de esclarecimento” à imprensa sobre o caso das eleições municipais em Fernandópolis. Abaixo, o inteiro teor da nota:

Nota de esclarecimento

Convenção PMDB de Fernandópolis

Com relação à candidatura do PMDB em Fernandópolis, o Diretório Estadual do PMDB esclarece:horas antes da convenção partidária que iria apresentá-lo como candidato a prefeito, o atual presidente do PMDB no município, Henri Dias, retirou sua candidatura;a decisão de Dias chama atenção porque contraria instrução do Diretório Estadual, que recomenda candidaturas próprias;

A instrução do diretório foi  reforçada em duas reuniões que Henri Dias participou e concordou - uma no Diretório Estadual em São Paulo e outra com os deputados Itamar Borges e Edinho Araújo;

A atitude tomada pelo presidente e a Comissão Provisória vai contra os
entendimentos estabelecidos no período pré-eleitoral, onde firmou-se que o
PMDB de Fernandópolis teria candidato a prefeito;

Em função disso, o Diretório Estadual decidiu intervir e tornar nulos os
atos tomados pelo presidente Henri Dias e pela Comissão Provisória na
convenção municipal;

Com apoio do Diretório Estadual, o PMDB de Fernandópolis, por meio da
intervenção, homologou a candidatura de Carlos Lima a prefeito e Jeder a
vice-prefeito de Fernandópolis.

Executiva do Diretório Estadual do PMDB de São Paulo

                          “Com Lima, nem entro em Fernandópolis”

Erlifas Teles da Silva é filiado ao PMDB há 42 anos, desde o tempo em que o partido se chamava MDB. Na quinta-feira, 4, Erlifas distribuiu nota à imprensa dando sua versão dos fatos ocorridos na convenção de 30 de junho – ele é um dos delegados do partido em Fernandópolis. Leia a nota:

Nota Pública

Tendo em vista os últimos acontecimentos, em solidariedade e por questão de princípios, também comunico minha saída do Diretório Municipal do PMDB.

Sou filiado ao partido desde 1970 e durante esse período acompanhei os memoráveis embates do antigo MDB, passando pelos bons tempos do saudoso Newton Camargo e suportando a agonia de participar da campanha vitoriosa de Luiz Vilar em 1992, que depois acabou deixando o partido sem cumprir as suas promessas, isso já naquela época.

Na atual situação, é necessário deixar bem claro a posição do diretório local do PMDB.

A bem da verdade, a rejeição da candidatura própria deveu-se ao fato de que, com a desistência do Dr. Henri, o candidato Carlos Lima queria impor sua candidatura sem a coligação proporcional com o PMDB, sob a alegação de que os candidatos a vereador dos partidos que, segundo ele o apoiavam, se negavam a coligar com a vereadora Maiza Rio, que tem sempre votação expressiva.

A justificativa de Carlos Lima foi considerada um absurdo por todos aqueles que, então, rejeitaram a candidatura própria, tendo em vista a evidente necessidade de coligação proporcional para a defesa dos candidatos do PMDB, em especial da vereadora Maiza Rio, a quem coube decidir pela rejeição da candidatura própria.

Nas eleições passadas, apoiei o então candidato Itamar Borges atendendo a um pedido do Dr. Raul Bíscaro, que comandava o partido, porém hoje sou obrigado a reconhecer que foi uma escolha infeliz; entretanto, logo teremos novas eleições e o povo saberá escolher quem está com a razão.

Além disso, necessário deixar claro que a hipótese da candidatura do Dr. Henri nunca foi cogitada pelo deputado Itamar Borges ou pela executiva estadual e foi levantada pela primeira vez em reunião no escritório do Deputado Edinho Araújo, dia 22 de junho, onde estávamos eu, Henri, Itamar, Edinho e Jeder; também, que Maiza Rio, EdinelGregório e JederRissato não queriam Carlos Lima no partido, porém sua entrada foi “bancada” por mim e pelo Dr. Henri, a contragosto do deputado Itamar Borges, que vivia dizendo que “se Carlos Lima for candidato, nem entro em Fernandópolis na época da eleição”.

Deixo aqui um agradecimento final ao Dr. Henri Dias pela lisura com que conduziu o partido, tentando juntar os cacos de uma legenda esfacelada pelas vaidades e vontades pessoais.

Erlifas Teles da Silva