A última edição da revista C-Comunic – produto do jornal CIDADÃO – trouxe em seu interior a história de luta pela vida do pequeno Pedrinho, de apenas três anos de idade. A história desse batalhador comoveu a população fernandopolense que se surpreendeu com a força de vontade do pequenino.
Pedro Augusto é o nome desse guerreiro. Uma criança encantadora que com simples sorriso é capaz de comover o coração qualquer um. Pedro é filho de Larissa Natiele, uma jovem de 18 anos que engravidou quando tinha apenas 14. Larissa passou por uma gravidez de risco e o nascimento de Pedro já foi considerado uma vitória, devido às complicações durante a sua gestação e seu parto.
Ele nasceu com 2,260kg, em um parto complicado. Sua mãe teve uma reação alérgica à anestesia e sofreu convulsões durante a cesariana. Quando veio ao mundo, Pedro ainda sofreu uma parada cardiorrespiratória e teve que ser imediatamente transferido para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Base de São José do Rio Preto.
Por motivos ainda não identificados, Pedrinho sofre com uma série de enfermidades - dentre elas a Leucomalácia e a Síndrome de West, duas doenças muito raras.
A Leucomalácia é um tipo de lesão cerebral que afeta recém-nascidos. Os ventrículos cerebrais são câmaras cheias de líquido. A doença é o enfraquecimento do tecido cerebral ao redor dos ventrículos. Isso ocorre porque o tecido cerebral é ferido ou morto. Ela pode ser causada pela falta de fornecimento de sangue para o tecido, antes, durante e após o nascimento.
Ela é frequentemente associada com problemas neurológicos e de desenvolvimento em bebês, geralmente durante o primeiro ano de vida. Esta condição pode levar à paralisia cerebral, especialmente espasticidade (rigidez ou aumento do tônus muscular) nas pernas.
Bebês com Leucomalácia correm o risco de sérios problemas neurológicos, especialmente aqueles que envolvem movimentos como sentar, engatinhar, andar e mover os braços.
Por conta disso e da Síndrome de West, uma doença que causa espasmos musculares e o atraso no desenvolvimento das crianças, aos três anos de idade, Pedro ainda tem dificuldades para andar e falar.
Como se não bastassem as doenças raras, Pedrinho ainda é alérgico a uma infinidade de coisas, como leite e derivados, poeira, uva entre outros. Por isso, sua alimentação requer uma série de cuidados e suas internações no hospital são frequentes.
“Ele tem alergia a tudo que você pensar e por conta disso e das outras doenças ele fica internado praticamente de dois em dois meses e é sempre em São José do Rio Preto, porque aqui em Fernandópolis não têm os equipamentos que ele precisa. A vida dele é uma luta diária”, desabafou a mãe de Pedro.
Por conta de sua alergia, Pedrinho se alimenta basicamente de leite de soja, sendo que cada lata do produto custa em média R$ 40 e ele consome uma a cada dois dias. Além da cara alimentação, o pequeno lutador ainda precisa tomar todo mês uma vacina que custa R$ 200 e por dia ele toma em média oito medicações diferentes (nenhuma delas está disponível na rede pública de saúde).
Em suma, Pedrinho gasta cerca de R$ 2,5 mil por mês em sua luta pela vida, gasto esse que é coberto apenas por seu avô materno, uma vez que o pequenino necessita da atenção e do apoio da mãe e de sua avó.
“Eu não posso trabalhar, porque meu filho precisa de mim praticamente 24 horas por dia e a minha mãe é que me ajuda. Todos os dias ele tem que ir ao fisioterapeuta, ao médico fazer exames, sem contar que praticamente de dois em dois meses ele fica doente e nós temos que correr com ele para Rio Preto. Então tudo acaba ficando nas costas do meu pai, já que o pai dele e sua família o rejeitam”, disse Larissa.
Segundo Larissa, a família paterna de Pedro rejeita o menino por conta de seus problemas de saúde. “O pai dele e sua família têm certo tipo de preconceito por conta dos problemas de saúde dele. Eles nunca deram carinho e amor, que é o que ele mais precisa. O pai dele quando vinha vê-lo, mal o pegava no colo e agora já faz mais de oito meses que ele desapareceu e nem liga para saber como o filho está”, afirma.
O carinho que Pedro não recebe do pai, Larissa e sua família tentam compensar. “Ele é tudo para mim e para os meus pais. Minha vida mudou completamente depois que tive esse tesouro e não importa o que eu tenha que passar o que sinto por ele jamais será abalado. Amo meu filho e sou capaz de dar a minha vida por ele”, declarou a mãe de Pedrinho.
Apesar das dificuldades, do sofrimento, do abandono do pai e das várias internações, o pequeno Pedro Augusto ostenta no rosto um sorriso imensurável, sorriso esse que é um verdadeiro “tapa na cara” dos preconceituosos. Como diz o escritor Val Marques: “Nada é mais deficiente que o preconceito e nada mais eficiente que o amor”.