Obras do “Minha Casa Minha Vida” são interditadas em Fernandópolis

20 de Agosto de 2025

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Obras do “Minha Casa Minha Vida” são interditadas em Fernandópolis

Trabalhadores foram encontrados em condições subumanas na obra

 As obras das casas do programa Federal “Minha Casa Minha Vida” de Fernandópolis foram interditadas por auditores do Ministério do Trabalho durante essa semana. A interdição foi realizada após uma denúncia do sindicato da classe que indicava condições análogas à escravidão dos trabalhadores.

 Após a denúncia, os auditores constataram em vistoria que as condições dos alojamentos de fato eram subumanas. Os trabalhadores dormiam em barracos sem as condições básicas de higiene.

“Dormíamos em dez ou 11 no chão de um barraco onde não cabia nem quatro pessoas. O banheiro não funcionava, era preciso usar um balde para dar descarga e os banhos tinham ser de balde ou em um cano de chuveiro. Era pior que cadeia”, disse o pedreiro Valdir Ferreira que veio de Porto Velho (RO).

Além das condições precárias, muitos deles já trabalham há mais de 90 dias sem registro em carteira, não passaram por nenhum exame médico e estão com os salários atrasados.

MORTE

 Um dos trabalhadores da obra, Antonio Marcos Ferreira Silva, morreu na tarde de quinta-feira, 3, em decorrência de um infarto sofrido nos alojamentos. Sem socorro na obra, o trabalhador decidiu ir a unidade hospitalar sozinho, mas não agüentou e desmaiou no meio do caminho. 

 “Não tinha ninguém ali pra socorrê-lo. Nós não somos daqui, não sabemos os telefones das ambulâncias, então ele decidiu ir a pé mesmo, mas no meio do caminho ele não resistiu e morreu”, afirmou José Roberto, pedreiro do Maranhão.

 Segundo os trabalhadores, Antônio Marcos estava a caminho do hospital com seu irmão quando caiu no meio do caminho. Populares teriam visto o irmão da vítima apavorado e chamado o SAMU, que realizou o resgate e o encaminhou ao Pronto Socorro da Santa Casa da misericórdia. Ele não resistiu e acabou morrendo no local. Seu corpo foi transladado para a cidade de Santa Helena – MA, onde foi sepultado.

REUNIÃO

 Para tentar solucionar os problemas com as dividas trabalhistas, uma reunião foi convocada pelos auditores do Ministério do Trabalho, entre o representante da empresa responsável pela obra, a G-CON Construtora LTDA., procuradores do Ministério Público do Trabalho e o sindicato da classe o SITCON - Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção.

 O maior impasse estava relacionado ao valor dos salários. A empreiteira queria pagar com base no piso salarial da categoria, mas os trabalhadores alegavam que seus salários eram bem maiores do que o piso mencionado.

 No fim da reunião ficou definido que seria pago o valor de R$ 1,5 mil para os serventes e R$ 2,5 mil aos pedreiros, o que satisfez os trabalhadores e o sindicato.

A CONSTRUÇÃO   

 O residencial está programado para contar com 577 moradias, financiadas pela Caixa Econômica Federal, através do Programa “Minha Casa, Minha Vida” e estavam sobre a responsabilidade da empreiteira G-COM Construtora LTDA., que por sua vez a sub-empreitou a pequenas empreiteiras, o que gerou a maioria dos problemas.

 Segundo o auditor fiscal Carlos Cesar Alves na próxima semana o MT deverá se pronunciar sobre o fato. Enquanto isso, os serviços e as obras no local estão suspensas até a regularização dos problemas encontrados. A empreiteira responsável será multada e indiciada pelos crimes trabalhistas.

 Enquanto isso a Prefeitura deverá se reprogramar a agenda de inaugurações do aniversário da cidade, pois o sorteio das casas 577 do Jardim São Francisco, que estava programado para o dia 12 de maio, deverão ser atrasados, uma vez que além da paralisação das obras, mais da metade dos trabalhadores já informaram que não irão mais trabalhar na obra.