Há 50 anos, Dyonísio Rossi participou da fundação do Rotary

20 de Agosto de 2025

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Há 50 anos, Dyonísio Rossi participou da fundação do Rotary

 Há meio século – precisamente no dia 28 de abril de 1962 – o comerciante Dyonisio Rossi ajudou a fundar o Rotary Club de Fernandópolis. Ele e Oswaldo José de Almeida são os únicos remanescentes daquele evento. Hoje septuagenário, o rio-pretense Dyonísio – que é casado com Odete Rodrigues Rossi, tem três filhos (Ivan, Marcos e Natércia), seis netos e três bisnetos – ainda participa das atividades do Rotary e mantém acesa a chama do “Dar de si sem pensar em si”, o lema que norteia os rotarianos. Nesta entrevista, ele rememorou fatos do passado de Fernandópolis, cidade em que chegou ainda mocinho para iniciar a vida. Lembrou dos tempos em que emprestava vitrolas da Radiolar para a moçada fazer brincadeiras dançantes no FEC: “Ficava a um quarteirão e meio de distância, os rapazes levavam a vitrola no braço”, conta – e citou muitos nomes que fazem parte da história da cidade, gente com quem ele conviveu nos seus 60 anos de Fernandópolis. Particularmente, eu me lembro de um dia remoto, perdido na década dos 60, em que os componentes do conjunto Os Incríveis – Manito, Mingo, Netinho, Risonho e Nenê, que estavam na cidade para fazer um show no Cine Fernandópolis, foram até a Radiolar para ver os discos. Em poucos minutos, as comerciárias da Rua São Paulo largaram seus postos e correram á loja de Dyonisio, para pedir autógrafos e tietar os rapazes. Dyonisio ficou surpreso com a minha lembrança: ele próprio já não se recordava do fato. E – uma coisa puxa a outra – ele falou dos conjuntos locais (The Black Falcons e The Hells) que não saíam da loja, para tirar as letras das músicas de maior sucesso. (Vic Renesto)         

CIDADÃO: Vamos aos primórdios da sua vinda para Fernandópolis. Quando o sr. chegou aqui?

ROSSI: Cheguei em 1952. Terminei o Tiro de Guerra e já vim pra cá.

CIDADÃO: Qual foi o motivo da sua vinda?

ROSSI: Eu trabalhava em Rio Preto numa loja chamada Casa Bueno – os mais antigos ainda se lembram – e surgiu a oportunidade de assumir a gerência numa filial de uma empresa que seria inaugurada em Fernandópolis. Eu aceitei disputar o cargo. Assim, participei entre os interessados na disputa pela vaga e no final fui o escolhido. Pedi dispensa do emprego e vim embora. Estou aqui até hoje. A loja se chamava Casa dos Presentes.

CIDADÃO: E como foi que a Radiolar entrou na sua vida?    

ROSSI: Depois desse período na Casa dos Presentes, onde fiquei bastante tempo na gerência, fiz uma proposta e comprei a loja. Depois, fiz negócio com o Carmino Stelutti e adquiri a Radiolar, que administrei até quando deu. Depois, passei para os filhos. Mais à frente, em 1977, fundei a Ótica Nacional, onde fiquei uns vinte anos. Depois, decidi parar. A idade estava avançando e eu me aposentei. 

CIDADÃO: No período da Radiolar, o sr. se lembra dos artistas que apareciam por lá? Os Incríveis, por exemplo...

ROSSI: Não muito. Você está lembrando melhor do que eu (risos). Mas agora me lembro, sim. E vou dizer uma coisa: a rapaziada daqui de Fernandópolis que formava conjuntos musicais – The Black Falcons, Filó, The Hells, outros aí, freqüentavam a loja para ver as novidades, ouvir músicas e tirar as letras. Eles se atualizavam ali na loja, era bem interessante. Quando saía disco novo do Roberto Carlos, era um acontecimento!

CIDADÃO: O sr. já estava por lá quando a Rua São Paulo foi asfaltada?

ROSSI: Ah, sim! A loja ficava defronte à rodoviária, onde hoje é o Bradesco. Ali funcionava a chamada Rodoviária do Salioni, acho que ele era dono do imóvel, mas não tenho certeza. Tinha um movimento danado de ônibus e jardineiras, acho que o crescimento de Fernandópolis começou ali. Era constante o entra e sai de ônibus, daqueles com o bagageiro em cima, quando não cabiam todos os passageiros alguns iam em cima, mesmo, apesar de ser irregular. Só tenho recordações boas de antigamente. Vim de Rio Preto como empregado, e foi no meu trabalho na Casa dos Presentes e na Radiolar, mais tarde também na Ótica Nacional, que consegui tocar a vida. Não sou ambicioso: o que ganhei com meu trabalho foi o suficiente para viver. Assim, só tenho a agradecer a Fernandópolis e aos fernandopolenses. Sempre procurei trabalhar com seriedade e honestidade, creio que Deus me recompensou.

CIDADÃO: O sr. nunca pensou em entrar para a política?

ROSSI: Não. E nem tive convites, acho que as pessoas já sabiam que eu não iria topar.

CIDADÃO: Em abril de 1962, no dia 28, foi fundado o nosso primeiro Rotary, o Rotary Club de Fernandópolis. O sr. foi um dos pioneiros. Só estão vivos o sr. e o Almeida.

ROSSI: Dos freqüentadores, somos nós dois, mesmo. Pode ser que haja algum sócio daquele tempo que deixou de freqüentar o clube e que esteja vivo, mas não sei responder isso.

CIDADÃO: O que caracterizou o começo das atividades do Rotary?

ROSSI: As primeiras reuniões eram feitas durante jantares no Hotel Bom Pastor, do Jonas da Silva. Eram feitas às quartas-feiras à noite. É como hoje: tinha as reuniões ordinárias e as festivas nas datas marcantes, como Dia das Mães, etc.

CIDADÃO: Como era o traje dos homens para essas reuniões?

ROSSI: Terno e gravata! E não era só nessas ocasiões, não! Era costume da época, não tinha isso de calor.

CIDADÃO: E o trabalho benemerente, como era?

ROSSI: Como se tratava do primeiro clube de serviços, ainda não tínhamos experiência. Fomos aprendendo a fórmula no dia a dia. Quando alguém ou alguma entidade carente nos procurava, não tinha discriminação, ajudávamos a quem precisasse. Só depois é que passamos a nos dedicar diretamente à Guarda Mirim, que hoje é o Caefa. Nossos companheiros do início eram o Dr. Paulo Oda, o ex-prefeito Antenor Ferrari, o ex-prefeito Newton Camargo, o José Carlos “Zuza”, que foi o primeiro presidente do nosso Rotary, o Alcides Jacinto, gerente de banco, o Dr. José Maria Nuevo. Essa turma é que orientava os procedimentos, nos estimulavam para seguir em frente. Tinha o Fernando Bithencourt, sogro do Dr. Luiz Baraldi, o Jacob de Angelis Gaeti, que era chamado de Jacob Vigorelli...são os nomes de que me lembro no momento. Gostaria de ter em mãos a ata da primeira reunião para poder homenagear a todos os companheiros, mas você me pegou de surpresa (risos).

CIDADÃO: Como o sr. avalia o trabalho do atual presidente, o jovem André Campos?

ROSSI: O André está superando as expectativas, fazendo uma gestão diferente, bem alegre. Ele luta para que aumente o companheirismo no grupo, está entusiasmado. No próximo mês, ele deve deixar a presidência, mas posso dizer que o trabalho dele foi muito bom. Felizmente, sempre aparecem jovens para carregar a bandeira depois que os mais velhos deixam de agüentar seu peso.