Campus da FEF é penhorado por dívida com o Banco do Brasil

20 de Agosto de 2025

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Campus da FEF é penhorado por dívida com o Banco do Brasil
      

Empréstimo de R$ 4,028 milhões foi contraído por Luiz Vilar em agosto de 2008, na agência do banco em Rondonópolis

 Em agosto de 2008, o então presidente da Fundação Educacional de Fernandópolis, Luiz Vilar de Siqueira, assinou contrato de empréstimo com a agência do Banco do Brasil de Rondonópolis, MT, no valor de pouco mais de R$ 4 milhões.

 Na época, o presidente justificou a operação com a construção do campus avançado da FEF na cidade mato-grossense. Vilar sonhava captar alunos na rica região de Rondonópolis.

 Passados três anos e meio – precisamente no último dia 26 de março – o campus da instituição educacional em Fernandópolis foi penhorado pela Justiça. Vilar o oferecera na integralidade, como garantia do empréstimo.

 No polo passivo da ação de execução estão a própria FEF, Luiz Vilar de Siqueira, sua mulher, Izabel Alves de Siqueira, Rosemeire Batista de Oliveira e seu marido Carlos Roberto de Oliveira.

 A execução se refere à importância de R$ 623.697,23, que deixaram de ser pagos (consta que a FEF vinha pagando cerca de R$ 50 mil por mês pelo financiamento; em algum momento, as prestações deixaram de ser pagas).

IMÓVEL VALIOSO

 A FEF, Rosemeire e Carlos apresentaram embargos. Vilar e sua mulher não o fizeram. Nos embargos, é alegado o “excesso de penhora”, uma vez que a área tem 45 mil m2, com nada menos que 7.569,41 m2 de área construída.

 A Fundação Educacional de Fernandópolis é fruto de um projeto acalentado por muitos anos pela sociedade fernandopolense, que começou a ser concretizado na administração de Antenor Ferrari (1973/1976) e foi consolidado na gestão de Milton Leão (1977/1982).

 Manobras jurídicas promovidas na década de 90 transformaram a instituição, que era uma fundação de direito público, em fundação de direito privado, o que, entre outros efeitos, possibilita que seu patrimônio seja penhorado.

RUÍNAS

 Em julho de 2011, a reportagem de CIDADÃO esteve em Rondonópolis para ver como estava o “campus avançado” da FEF. É uma área de 30 mil m2, perto do anel viário, na qual foram iniciadas algumas construções, logo abandonadas.

 Por ocasião da reportagem, o capim tomava conta do esqueleto do prédio, cuja construção estava avaliada na ocasião em R$ 8 milhões, segundo o diretor do campus Rondonópolis, Argemiro José Ferreira de Souza. A pedra fundamental dessa construção foi lançada no dia 1º de outubro de 2008. A previsão de inauguração: julho de 2009.

 O projeto nunca saiu dos alicerces e os decantados onze blocos jamais emergiram. Restou uma dívida difícil de equacionar, herança que o atual presidente, Paulo Sérgio do Nascimento, tenta resolver com sua equipe. A Justiça nomeou como fiel depositária a própria instituição.

Foto: scanner do AUTO DE PENHORA

Legenda: Fac-simile do Auto de Penhora: da aventura mato-grossense de Vilar, só restaram as dívidas

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BOX

        Se vivo fosse, Leone ainda perguntaria de quem é a FEF

 Há alguns meses, quando o presidente Paulo Sérgio do Nascimento anunciou à reportagem de CIDADÃO o montante da dívida da Fundação Educacional de Fernandópolis – algo em torno de R$ 40 milhões –, perguntamos a ele “de quem era a FEF?”.

 Era uma alusão à série de artigos escrita anos antes neste jornal pelo falecido jornalista João Baptista Leone, cujo título era exatamente esse: “De quem é a FEF?”. Nascimento respondeu convicto que a FEF é de Fernandópolis, “não tem dono”.

 O sucessor na FEF do atual prefeito de Fernandópolis, desde que assumiu o cargo, trabalha em três períodos. Luta como um mouro para pôr a Fundação nos eixos.

 Enquanto isso, seu antecessor, ao se pronunciar na segunda Comissão Processante, das três que respondeu na Câmara de Vereadores, jactou-se de ter deixado a FEF com muito mais alunos do que ela tem hoje. Só se esqueceu de fazer menção à forma como deixou as finanças da instituição.

 Lamentavelmente, essa situação de penúria poderá ser a do município de Fernandópolis, quando o atual prefeito deixar o prédio da Rua Bahia, no próximo dia 31 de dezembro.