Saudades do velho Ribeirão Santa Rita

20 de Agosto de 2025

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Saudades do velho Ribeirão Santa Rita

Outro dia, indo para o Porto Amaral, eu e o Zé Bernardo passamos sobre a ponte do Ribeirão Santa Rita, na estrada que liga Ouroeste a Populina. 

 Aproveitei para olhar as águas do ribeirão onde vivi boas pescarias na infância: o velho curso d’água é hoje pouco mais do que um filete, todo assoreado e praticamente sem peixes.

 Uma pena, sem dúvida. Claro que houve algumas iniciativas importantes, como o reflorestamento das margens do ribeirão dentro do perímetro urbano de Fernandópolis, iniciativa do Humberto Cáfaro, agrônomo, empresário e dirigente da Unicastelo (para quem não sabe, o Santa Rita nasce perto da Avenida Afonso Cáfaro, ao lado do Recanto Tamburi).

 Ou ainda, as medidas judiciais do Ministério Público há duas décadas, quando conseguiu proibir as empresas do parque industrial de lançarem dejetos no ribeirão. Porém, se ainda “vive”, o Santa Rita é quase um moribundo, se comparado ao seu esplendor de 50 anos atrás.

 Naquele tempo, o ribeirão era pródigo em lambaris, tambiús, piaus e as inesquecíveis tabaranas – a primeira que fisguei na vida foi em suas águas.

 Eu ia com o velho Argemiro Cristófaro e seu neto Edmur, o “Crico”. Ambos já faleceram. “Crico” foi meu vizinho e amigo de infância, morreu cedo, aos 45 anos. A isca fatal era o cupim, aquele bichinho que você encontra nos cupins que se formam nos pastos. Não contávamos os lambaris em numerais: contávamos por bacias (“fisgamos três bacias grandes de lambaris!”)...

 Os freqüentadores da “Mercearia Nagaya”, que ficava na esquina da Rua Rio Grande do Sul com a Avenida Milton Terra Verdi, aguardavam a volta do velho Argemiro para receber os lambaris de presente e fazer porções deliciosas, que consumiam acompanhando a cerveja – naquele tempo, se bebia Pérola, Brahma Bock e “Antarctica faixa azul”.

 Vou parar por aqui. A coluna hoje está parecendo o “Botinão” do Claudinei Cabreira...