O empresário da noite Gustavo Martins Sisto, o Gutinho, presidirá pela segunda vez a Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial de Fernandópolis. Com o “know how” adquirido em 2011, o presidente apurou algumas arestas e trouxe novas propostas para a festa, que, ele acredita, terá um grande público este ano. Nesta entrevista, Gutinho fala de suas expectativas, da grade de shows e do incidente com o escritório que controla as apresentações da dupla Chitãozinho & Xororó, que não vai participar da festa.
CIDADÃO: Como vão os preparativos da festa?
GUTINHO: Este ano, diferentemente do ano passado, como eu disse em entrevistas ao CIDADÃO, a gente não pode reclamar. Tivemos tempo para ir atrás de tudo e as coisas aconteceram ainda melhor do que esperávamos. Patrocinadores, infra-estrutura, tudo que diz respeito à Exposição. Desta vez, a nomeação não foi em cima da hora, foi em novembro do ano passado. Estou muito contente com os resultados, até agora. Veja o caso da venda de ingressos antecipados: no ano passado, a gente vendeu 6.480 permanentes, fora as permanentes dos camarotes; este ano, ainda em março – dois meses antes da festa – já vendemos 7.900 permanentes, fora os camarotes. Isso indica que a festa deverá ter públicos extraordinários na nossa despedida da Expô.
CIDADÃO: Por que “despedida”?
GUTINHO: Porque entendo que nós “apanhamos” muito por causa de algo que não é nosso meio de vida. É muito desgaste, e o que é pior esse desgaste não fica restrito à minha pessoa: atinge familiares. Algumas pessoas se esquecem que temos parentes e amigos, que se preocupam conosco. Esta festa já foi comandada por tanta gente, e eu creio que é nossa obrigação ajudar, trata-se da nossa cidade. Se tudo acontecer como pensamos – de ser este o nosso último ano – minha intenção é transmitir todo o aprendizado, os detalhes da festa para os próximos dirigentes – mas também farei questão de deixar patente o quanto é desgastante, doloroso, deixar de lado família e negócios para estruturar essa festa. Terei, no futuro, o maior prazer de ajudar quem assumir a festa, independentemente de política ou de quem comande a administração. O objetivo maior é o interesse de Fernandópolis. Tenho certeza de que os ex-presidentes da festa sempre pensaram assim, porque nossa festa é grandiosa e eleva o nome da cidade.
CIDADÃO: Vamos imaginar que já estamos na época da Expô. Uma família pega o carro para ir à festa. O que ela encontrará na Avenida Augusto Cavalim? Haverá alguma novidade em relação ao trânsito?
GUTINHO: Isso ainda não foi definido, porque estrategicamente dá mais resultado a definição feita quando faltam uns 15 dias para o início. Mas acho que o teste feito no ano passado, em comum acordo com a Polícia Militar, de liberar o trânsito de acordo com o que já é usual naquelas ruas e avenidas ao longo do ano, fez o fluxo seguir melhor. O grande problema é essa cultura fernandopolense de chegar à festa às 21h30, 22h. Vai chegar um momento em que não compensará mais manter o rodeio na Expô de Fernandópolis. Para que pagar o rodeio se não tem público? As pessoas precisam voltar a fazer como antigamente: andar pela festa, curtir as coisas e as atrações oferecidas. Os comerciantes montam estandes, o Sindicato Rural se esforça para encher o seu espaço, assim como a ACIF, e não têm a visitação esperada. É claro que os shows são o grande atrativo em qualquer festa do Brasil, mas não é só isso. Ora, o rodeio custa R$ 400 mil, R$ 450 mil; se o público não vai mais cedo para assistir, não faz muito sentido manter essa atração. Entendemos as dificuldades financeiras do público, mas tem muita coisa que é de graça. Muita gente pensa: “vou ficar em casa fazendo churrasco e tomando cerveja e depois vou à festa na hora do show”. Ora, é claro que na Expô as coisas são um pouco mais caras: as pessoas pagaram para ter seu espaço, montaram barracas, dormem mal acomodadas, ficam ali 15 ou 20 dias. Elas estão trabalhando para ganhar seu pão.
CIDADÃO: Bem, aí aquela família hipotética chegou ao recinto e precisa parar o carro. Como será o esquema de estacionamento?
GUTINHO: Tenho que fazer um preâmbulo em cima daquilo que estava falando, porque é a mesma coisa. Veja o caso do estacionamento do CAEFA: quem controla o estacionamento são voluntários de uma causa nobre, que ficam praticamente durante os onze dias até seis, sete da manhã. Ora, esse esforço é para levantar recursos para uma entidade, é lógico que precisa ter lucro. Há estacionamentos particulares, mas estes também estão trabalhando. Ninguém está lá para fazer graça. Tenho certeza de que qualquer barraqueiro ou proprietário de estacionamento preferiria comprar um camarote e assistir aos shows. Então, essas pessoas – profissionais ou voluntários de entidades – estão ali para trabalhar e fazer o negócio dar lucro. Fizemos um cálculo no ano passado e concluímos que cerca de 3500 pessoas trabalham na festa. Corresponde a 5% da população da cidade. Não é só à noite que se trabalha na Expô: durante o dia, tem mais de 100 pessoas limpando o recinto, tem toda a estrutura de manutenção. Só na barraca da APAE, onde os voluntários se revezam, devem trabalhar mais de 100 pessoas. O preço do estacionamento, nós sempre sugerimos que os comerciantes estabeleçam entre si, de comum acordo e com bom senso. Quanto aos gastos, tenho certeza de que aquele freqüentador que comprou a permanente em novembro não sentiu no bolso, porque parcelou em seis ou sete vezes. Digo a mesma coisa em relação ao carnet de estacionamento. Quem se organiza leva vantagem.
CIDADÃO: Quais são as novidades para 2012?
GUTINHO: Creio que a grande novidade é mesmo a grade de shows, que ficou uma coisa fantástica. Por onde passo, eu ouço gente falando que enlouquecemos, devido à proporção e qualidade artística dessa grade. É um espanto positivo. E de certa forma é verdade: no ano passado, gastamos R$ 1,1 milhão com os shows; este ano, serão R$ 2,08 milhões. É um grande salto, mas que está dando retorno, conforme mostra a quantidade de ingressos já vendidos. Outro passo importante é a conquista da cobertura fixa da arena. Como muitos outros cidadãos fernandopolenses, eu sou contra só usar o Parque de Exposições nos onze dias da festa. O recinto tem que ser transformado numa arena multiuso, num parque de eventos. A cobertura fixa da arquibancada é um projeto que mandamos fazer e que agora teve a verba liberada pelo governo. Ela tem uma estrutura reforçada para, no futuro, receber o “chapéu”, que representará então cobertura 100% na arena. Esse chapéu vai custar em torno de R$ 700 mil. Tem que começar, não é? Senão, nunca terminará. Sempre pensando nesse multiuso do parque, cheguei à conclusão de que é preciso concretar o piso da arena. Antes da Expô, põe-se a terra. Depois, ela é retirada. Assim, com o piso concretado e a arena 100% coberta, as igrejas poderão utilizar a arena para seus cultos; todas as entidades poderão usar a arena em seus eventos; aí sim fará sentido ter um recinto daquele tamanho, e que hoje fica praticamente ocioso durante 350 dias do ano. Temos que pensar não só na nossa festa, mas nos interesses de Fernandópolis. Imagine quantos eventos diferentes será possível fazer lá!
CIDADÃO: Além do mais, a ociosidade degrada o que está construído...
GUTINHO: Justamente! Vou dar um exemplo: do ano passado para cá, já furtaram três vezes a fiação da repetidora do SAMU que fica sobre o prédio da administração! Tudo o que é público parece que é mais depredado. Se o recinto for bem administrado (e vigiado) durante todo o ano, acabará sendo um bom investimento. Para isso, temos que transformar o parque numa arena multiuso, como estão fazendo o Palmeiras e o São Paulo no Palestra Itália e no Morumbi. Esses recursos que conseguimos com o governo deverão ser o ponto de partida disso. Basta que a prefeitura mude a lei de utilização do recinto para que ali aconteçam formaturas, shows promovidos por particulares e uma infinidade de eventos, mediante o pagamento de taxa.
CIDADÃO: Em relação à grade de shows, tivemos esta semana um problema com a dupla Chitãozinho & Xororó, que deveria cantar no dia 21 de maio. Os cantores alegam que terão que estar na Europa nessa data. O que houve, afinal?
GUTINHO: Quem leu essa notícia pode ficar espantado, mas essas coisas podem acontecer. O Gilson, cunhado do Chitão, que sempre vendeu shows da dupla, já tinha acertado essa data conosco em novembro passado. Agora, se há algum problema dentro do escritório deles, eu não tenho nada a ver com isso. Quem sou eu para falar mal de Chitãozinho e Xororó, com seus 42 anos de carreira? Sou fã declarado da dupla. Como você viu há poucos minutos, o Marquinhos Mioto (empresário) me ligou, ele está lá em Campinas tentando acertar a situação. Não gosto desse tipo de coisa, nem gostaria de levar o caso à Justiça; só quero que o escritório deles admita publicamente que o problema aconteceu dentro do escritório, e não com a comissão da Expô. Se eles fizerem isso, pronto: morreu o assunto. Como você ouviu, só pedi uma declaração por escrito da dupla, eximindo a comissão e assumindo a falha. Creio que houve um problema interno de comunicação.
CIDADÃO: O público regional aparentemente aceitou bem João Bosco & Vinicius no lugar de Chitãozinho & Xororó, não é?
GUTINHO: Sem dúvida. Sinto apenas que não vamos reunir na festa, como era nossa pretensão, 70% dos cantores do grande show “Amigos”. Infelizmente, esse mal-estar repercutiu mais do que deveria. Mas aparentemente as coisas vão se encaixar corretamente.