Para Irene Sequini, a mulher ganha espaços em alta velocidade

20 de Agosto de 2025

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Para Irene Sequini, a mulher ganha espaços em alta velocidade

 Ela é empresária – mas não é feminista. É independente, mas respeita a independência alheia. É companheira, sem ser submissa. Irene Vicente Pinotti Sequini, natural de Jales, casada com o empresário José Sequini Junior e mãe de Julia e Bruno, comanda com o marido o complexo Secol, empresa que acaba de ganhar o título de uma das cinco melhores do ramo da construção no Interior e Litoral de São Paulo. Na entrevista, ela fala de família, trabalho e emancipação da mulher. Confira.      

CIDADÃO: Como você tem conciliado a condição de empresária com a de mãe e esposa?

IRENE: É uma correria, então tenho que priorizar aquilo que é mais importante ou urgente – as outras coisas eu terceirizo, como os serviços domésticos, buscar filhos na escola, etc. As meninas da loja já estão até acostumadas, quando não posso pegar os meninos, ligo para elas. É impossível dar conta de tudo.

CIDADÃO: Você e o Junior demonstram um grande entrosamento não só como casal, mas também como empresários sócios. É isso mesmo?

IRENE: É isso mesmo. Acho que o homem e a mulher vieram ao mundo para se completarem. Sempre digo isso. Penso que as visões naturalmente diferentes que homem e mulher têm das coisas acabam criando a condição ideal para que a sociedade – seja conjugal, seja empresarial – dê certo. O Junior, por exemplo, enxerga certas coisas que eu não vejo. A recíproca é verdadeira. No comércio, há muitas coisas para cuidar. Então, o Junior cuida de uma parte e eu de outra. Tem dado certo – tanto que ontem (quinta-feira) nós estivemos numa feira em São Paulo, a Expo Revestir, onde a Secol foi premiada como uma das cinco maiores lojas de materiais de construção do Interior e Litoral de São Paulo. Isso prova que a parceria tem dado certo.

CIDADÃO: Diz a lenda que a Irene é mais emoção e o Junior é mais razão. Isso é verdade?

IRENE: É verdade, sim. A mulher é mais emotiva, pensa muito no lado pessoal de cada funcionário – quando ele merece, é claro. Eu penso assim: se o funcionário merece, está contribuindo, gosto muito de dividir, de ajudar sua ascensão. Faço o que for possível desde que trabalhe direito. Mulher tem muita percepção: só de conversar, olhar nos olhos da pessoa, ela intui coisas que às vezes passam batidas pelo homem. Isso é importante na contratação e na definição de dispensa de funcionários. Mas pode ter certeza de uma coisa: se o funcionário me ajuda, eu o ajudo.

CIDADÃO: Houve algum momento em que o Junior estava meio desanimado, sem perspectivas, e que você o “levantou”?

IRENE: Houve, sim. Quando ele assumiu a provedoria da Santa Casa, por exemplo. Nessa época, o Junior praticamente abandonou a Secol para se dedicar à Santa Casa. Então, quem segurou os rojões fomos eu e os gerentes. Às vezes ele ficava meio desanimado, sim, mas isso é normal, ninguém está livre disso. Acho que a mulher não deve tomar muito a frente das coisas, deve deixar o homem dentro do seu espaço. No fundo, todo homem é machista, não vai perder isso nunca, porque é um fato muito forte dentro dele. Por mais que eles reconheçam o trabalho da mulher – e eles reconhecem – os homens querem ficar em posição de destaque. Se ela começa a se destacar, pode criar algumas crises. É meio delicado.

CIDADÃO: A Secol tem vários projetos novos – móveis planejados, Plaza Clube...fale desses planos.

IRENE: Sim. Abri uma butique à parte da Secol que veio, porém, para completar a Secol. É que são produtos diferenciados, vendidos mais sob encomenda, a parte mais “chique”. É a chamada butique da cerâmica, que veio para completar as opções de produtos. Pensando em outro segmento, estou ampliando o espaço da butique e colocando móveis planejados e decoração, que é a Favorita. Ela é da Unicasa. Há poucos dias estivemos numa convenção no Sul, onde conhecemos as fábricas, e vimos que é uma empresa idônea e promissora, com modernidade e acabamentos finos, capaz de fazer móveis de classe A com preços de B ou até C. A meta, com tudo isso, é agregar valor para a Secol. Queremos que o cliente, ao chegar aqui, encontre tudo, desde o básico ao acabamento, o enxoval, a decoração e os móveis planejados.

CIDADÃO: O que é o Plaza Clube?

IRENE: O Plaza Clube é o seguinte: nós temos o Plaza Eventos, que é um espaço bem grande, ideal para eventos como shows, casamentos, formaturas etc. Agora, nós fizemos, ao lado dele, uma boate bem equipada, com som, iluminação, tudo. Ela se destina ao aluguel para festas menores, tipo aniversário de 15 anos, baladas, reencontros de ex-colegas. Há muitas opções.

CIDADÃO: Casa Bonita, Secol Home Center, Secol Empreendimentos, SecolMix, Plaza Eventos, Secol Telhas, móveis planejados, Plaza Clube...a região não está ficando pequena para a empresa? Vocês não têm projetos de expansão para outras regiões?

IRENE: Dentro do Estado de São Paulo, sim. Há estudos nesse campo.

CIDADÃO: Já que ontem (quinta-feira) foi o Dia Internacional da Mulher, vamos falar do tema. Quando você era menina, observava as mulheres – inclusive sua própria mãe – como dona de casa, cuidando dos filhos. As coisas andam diferentes, não é?

IRENE: Muito! Creio que houve uma enorme evolução da condição da mulher e do seu papel na sociedade. Lembro que chegava da escola e via minha mãe cuidando da casa e dos filhos. Não queria repetir aquela vida, mas não imaginava que seria tão diferente como é. As coisas evoluíram muito rápido. Mas eu acredito muito no potencial da mulher. Eu brinco com os amigos, digo que Deus primeiro fez o homem, a mulher veio de uma costela dele. Só que sempre a primeira criação tem alguns erros. Depois que aperfeiçoou, veio a mulher (risos). A verdade é que a mulher tem algumas (boas) características que o homem não tem. Eu contrato muita mulher aqui na loja. Assistimos quinta-feira uma palestra da (jornalista especializada em Economia) Miriam Leitão e ela disse que, apesar de ter ocupado espaço no mercado de trabalho, a mulher hoje ganha, no mesmo cargo, 30% menos do que o homem. Então, ainda não é reconhecida como deveria ser. Mas, segundo a Miriam, essa nova geração veio para fazer a mulher dominar mesmo.

CIDADÃO: Qual é a percentagem de funcionários homens e mulheres na Secol?   

IRENE: (Pensando) Olha lá se não é meio a meio. Acho que não chega a isso porque tem muito serviço braçal, e a mulher não tem força. É como digo: nós, mulheres, só não temos força física! (risos).