Técnicos ensinam colegas de 10 países a reduzir as perdas de água

20 de Agosto de 2025

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Técnicos ensinam colegas de 10 países a reduzir as perdas de água

Curso aconteceu em Fernandópolis ontem, na sede da Sabesp

 Na manhã de ontem, técnicos da Sabesp capacitaram representantes de 10 países com as ferramentas mais eficientes de combate às perdas de água em Fernandópolis. O curso teve início no dia 24 de fevereiro com aulas teóricas e práticas nas instalações da Sabesp na capital, em Lins, Jales e Fernandópolis e será encerrado no dia 16 de março.

 Fernandópolis foi escolhida como agente capacitadora por seu desempenho no combate à perda de água. Com uma produção diária de 17, 600 milhões de litros, a perda de água na cidade é de apenas 18%, enquanto a média nacional é de 37,1%.   

 Em 37 anos, a Sabesp elevou o índice de abastecimento que era de 47% para 100% das casas fernandopolenses. Nesse período a companhia conseguiu aumentar a distribuição e diminuir as perdas, transformando-se assim em referência para o Brasil e para o mundo.

  Segundo o superintendente da Sabesp na região, Antonio Rodrigues de Gralafo, esses resultados estão diretamente ligados ao investimento da companhia e ao envolvimento dos funcionários da Sabesp na luta contra a perda de água.

“Não basta ter dinheiro. Se não houver o envolvimento das pessoas que trabalham nessa área, pouco adianta todo dinheiro do mundo. Existe um estudo da ONU que aponta que daqui a 20 anos apenas 60% da população terá acesso à água. Quando se combate as perdas se mantêm os reservatórios e com isso poderemos atrasar essa previsão”, explicou o superintendente.

 Participaram do curso 23 engenheiros, gerentes e diretores de companhias de abastecimento de dez nações: Colômbia, Paraguai, Peru e Uruguai, da América do Sul; Costa Rica, El Salvador, Honduras e Nicarágua, da América Central; e dois países africanos, Guiné-Bissau e a ilha de São Tomé e Príncipe. São nações com elevados índices de perdas de água e que ainda estão iniciando seus programas de controle de perdas ou utilizam apenas técnicas mais básicas.

De acordo com o diretor geral dos recursos naturais da ilha de São Tomé e Príncipe Xixer Pires Diogo, o Brasil está muito a frente de seu país em relação ao abastecimento de água e ao combate às perdas.

“É até difícil fazer uma comparação entre os dois países, está muito a frente de nossa realidade e estou certo de que da realidade de muitos países do mundo nesse sentido. Fernandópolis é uma referência para nós e com certeza levaremos tudo o que aprendemos aqui para o nosso país e se conseguirmos alcançar metade do que vocês alcançaram nossa população terá uma qualidade de vida muito melhor”, disse Xixer.

Segundo ele, o que mais o impressionou é a vontade que as pessoas envolvidas na área têm em combater a perda. “Se não existisse a vontade dessas pessoas, não adiantaria investir milhões e milhões em dinheiro. No meu país quando se fala nesse assunto ninguém dá muita importância. Não é apenas dinheiro que está em jogo, mas o futuro da raça humana”.

O treinamento foi iniciado em São Paulo, onde os técnicos conheceram como funciona o abastecimento de água em uma região muito populosa – são 11 milhões de consumidores na capital, além de mais 9 milhões no restante da Região Metropolitana.

 Em seguida, o grupo seguiu para Lins, Jales, e Fernandópolis. São três das 82 cidades atendidas pela Unidade de Negócio Baixo Tietê e Grande da Sabesp, onde o índice de perdas é bem mais baixo: 15,9%.

PARCERIA COM O JAPÃO

 O curso é fruto de uma parceria da Sabesp com a Jica - Japan International Cooperation Agency - órgão de financiamento do governo japonês. O país oriental é referência mundial em controle de perdas de água, o índice lá é de 5% de perda. Ao longo de três anos, mais de 50 empregados da companhia paulista viajaram ao Japão para receber treinamento.

 Da mesma forma, técnicos japoneses permaneceram no Brasil para capacitar a equipe da Sabesp em diversas ferramentas, como tecnologias para identificação de vazamentos não visíveis. Agora, a Sabesp se transformou em uma multiplicadora, ensinando a outros países o que aprendeu com o Japão e a experiência adquirida em seus quase 40 anos de atuação no Estado de São Paulo.

 A parceria com a Jica também resultou em um financiamento inédito de US$ 440 milhões, valor que o órgão japonês repassará para que a Sabesp invista na redução de perdas de água.

REFERÊNCIA NO BRASIL

Com os investimentos recentes, a Sabesp conseguiu reduzir em 3,9 pontos percentuais o seu índice de perdas de faturamento, passando de 29,5% em 2007 para 25,6% em 2011. O volume total de água que deixou de ser perdido no período é de 83 bilhões de litros. Desse total, 65% se referem à correção de vazamentos, o que é suficiente para abastecer 745 mil habitantes – o equivalente à população de São Bernardo do Campo, no ABC.

MAIS INVESTIMENTOS

 Para captar recursos para as iniciativas anti-perdas, a Sabesp criou em 2009 o Programa Corporativo de Redução de Perdas de Água. Dividido em etapas, ele vai até o final desta década com a ambiciosa meta de diminuir para 15% o indicador da companhia, atingindo patamar de países desenvolvidos. O Japão registra 3%. A Rússia contabiliza 20%, a França 26% e a Itália, 29%. A média brasileira é de 37,1%.

 Os investimentos, segundo a companhia, até 2016 serão de R$ 1,9 bilhão, provenientes do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, da Jica e da própria Sabesp. A companhia já iniciou a negociação para ampliar o volume de investimentos no Programa de Perdas em mais R$ 1 bilhão, no período entre 2016 e 2020.