Já tive oportunidade de comentar que em uma sociedade das aparências, como a japonesa, um ato de muita gravidade praticado por uma pessoa costuma respingar aos parentes e, às vezes, até nos distantes. Em vista disso, dependendo do grau de gravidade, lá, por sua história e tradição milenares, a tal tese “em defesa da honra da família”, em alguns casos, pode até levar o autor do ato ao suicídio. Isso é fato!
E lá, ainda, corre-se esse risco até de maneira involuntária como, por exemplo, envolver-se em um acidente de trânsito mesmo não sendo o causador, apenas porque o nome da empresa em que trabalha foi citado na ocorrência, podendo o envolvido até ser demitido.
Por isso, impunidade naquele país, caso seja comprovado o crime, é coisa rara e razão pela qual quase não se vê citações de corrupção no meio político. Não que não haja. Há! E as há como em todos os países, infelizmente, porque parece se tratar de algo inerente a nós, ditos animais racionais. Se bem que, em escala muito menor.
Uma queda em série de ministros por suspeita de corrupção como a nossa, por exemplo, se fosse lá, já derrubaria o primeiro ministro antes mesmo da queda do terceiro. Aqui, já chegamos ao sétimo e a popularidade da nossa presidente sobe às alturas. Aliás, este é outro detalhe: a população, os cidadãos.
“Verdadeiramente” alfabetizados como são, somados à cultura milenar que levam às consequências acima citadas, não possibilitam que os políticos saiam da linha nesse aspecto. No que diz respeito ao que se espera deles enquanto políticos é outra história porque, assim como nossos nikkeis daqui que herdaram dos japoneses nativos de lá, um tanto introspectivos como são, o que menos querem é dor de cabeça para o lado deles. Mas sabem o que está acontecendo e não perdoam desvio de conduta, principalmente em proveito próprio com dinheiro público. Daí, eles abominam mesmo esses tais políticos!
Enquanto isso, nós, do Brasil, sabemos que, por aqui, sete ainda foram poucos e que a maioria dos que os substituíram não tem históricos muito diferentes. Onde foi que erramos?