O ano de 2012 começou chuvoso em Fernandópolis. A chuva fina e persistente que caía na madrugada de 1º de janeiro pegou de surpresa onze veículos, muitos deles transportando famílias da zona rural para a cidade ou vice-versa – gente que pretendia passar o Reveillon com amigos e parentes e que ficou encravada no barro da Estrada do Coqueiro ou do Neca Verdi, vicinais na zona sul da cidade.
Desde então, a situação só tem se agravado: as chuvas aumentaram e a antiga estrada se transformou num longo atoleiro (mais de três quilômetros de extensão).
Estradas de terra são problemáticas no tempo das chuvas, todo mundo sabe disso. Tanto que, há alguns anos, o município, em convênio com o governo do Estado, tem realizado o “Melhor Caminho”, da Codasp (Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo), um programa de recuperação e melhoria das vicinais de terra dos municípios paulistas.
Basicamente, esse plano consiste na suspensão do leito central da estrada, tornando suas laterais mais baixas e instalando um sistema de drenagem que os técnicos e operários chamam informalmente de “bigodes”. O sistema, simples e eficiente, impede a formação de poças d’água e, consequentemente, a criação de atoleiros.
BUROCRACIA
Este ano, as obras tiveram início apenas em novembro. Este, porém, não foi o fator determinante para a criação do problema: a última etapa do serviço consiste na aplicação de pedra britada sobre o leito da estrada. Essas pedras seriam doadas pela usina UNP, principal usuária da vicinal.
Ocorre que, como tudo que envolve a administração pública, existem diversos procedimentos burocráticos a cumprir: pedido oficial da doação, feito pelo prefeito e pelo Secretário Municipal de Agricultura; envio de correspondência, remessa à central da empresa e outros trâmites que, por força do início tardio da obra, impediram que as tais pedras estivessem à disposição das equipes de trabalho logo que a estrada ficou pronta para recebê-las.
Na verdade, esse pedido teria que ter sido feito pela prefeitura antes do início das obras. Com isso, logo nas primeiras chuvas o trabalho foi literalmente por água abaixo. Criaram-se os atoleiros, que impedem a passagem de carros pequenos e mesmo de caminhonetes que não disponham do sistema “traçado” (4x4).
Segundo Sidnei Roberto Casimiro, proprietário de um sítio na Estrada do Coqueiro, que diariamente é obrigado a transitar por ali, há uma pá-carregadeira da Codasp de plantão, socorrendo os usuários. Isso, porém, não pode se eternizar, além de que os prejuízos são grandes: “Todo santo dia o caminhão de leite tem encravado. Se não fosse a máquina da Codasp, essa produção se perderia”, explica.
Para Sidnei, tamanha dor de cabeça poderia ter sido evitada se a parte burocrática do trabalho tivesse sido realizada com antecedência. “Se isso tivesse sido feito enquanto os operários estivessem trabalhando, em novembro/dezembro, essa pedra já estaria na beira da estrada, aguardando a hora de ser esparramada na pista”, opina.
A falta dessa medida preventiva deverá custar muito dinheiro ao estado e ao município. E, enquanto isso, só resta aos moradores e usuários esperar pela estiagem.