No mundo inteiro são poucos os homens que têm a capacidade de fazer um grande número de pessoas rirem e se emocionarem, mas em Fernandópolis existe uma pessoa que realiza essa proeza há 59 anos, praticamente todos os dias.
Desde 1954, ainda nos tempos do Cine Santa Rita, fundado pelos irmãos Primo e Constantino Angelucci, o senhor Assis Abrantes, 76, leva a emoção a centenas de pessoas - sem sequer ser visto. Ele é o operador dos filmes vistos nos cinemas de Fernandópolis.
Assis conta que ir ao cinema, nos tempos em que começou a trabalhar no ramo, era considerado um evento. Como a cidade ainda não tinha muitas opções de lazer, o cinema era ponto de encontro de amigos e de casais.
CINEMA PARADISO
Assim como o inesquecível personagem de Cinema Paradiso, do italiano Giuseppe Tornatore, Assis é nostálgico em relação aos áureos tempos do cinema: “No passado, todo mundo se arrumava para ir ao cinema, juntava aquela multidão bonita, todo mundo ria e às vezes chorava, dependendo do filme. Hoje o movimento caiu bastante, não existe mais o hábito cultural de ir ao cinema. Mesmo assim continuo amando o que faço”, disse o operador.
Ainda segundo ele, vários casamentos se formaram dentro do cinema, inclusive o dele. “Eu conheci minha mulher dentro do cinema, assim como aconteceu com muitos casais que estão juntos até hoje”, destacou.
Dona Terezinha, 70, trabalhava como faxineira do então gerente do Cine Santa Rita, Aristóteles Alvarenga, e conheceu Assis dentro do cinema. Logo se apaixonaram. Os dois estão juntos há 53 anos, tiveram quatro filhos, cinco netos e três bisnetos.
Ao longo de todo esse tempo no cinema, seu Assis acumulou diversas lembranças marcantes, mas o que mais marcou o operador até hoje foi o assassinato de uma mulher a facadas dentro do cinema.
“Isso marca muito, ver todo aquele desespero e o assassino saindo correndo na nossa frente com a faca na mão, foi horrível”, afirmou Assis.
Seu Assis faz parte da história e da cultura fernandopolense e depois de tantos anos, o homem que já uniu dezenas de casais, fez milhares de pessoas sorrir e outras milhares se emocionarem, faz questão apenas de agradecer a todos que lhe deram oportunidade durante todos esses anos.
“Eu só queria agradecer, primeiro ao falecido Alvarenga, que me deu oportunidade na época e depois também ao Adilson Campos e sua esposa por me acolherem até hoje, apesar da minha idade, com tanto carinho e respeito”, concluiu Assis.
