Mãe encena sequestro para tentar livrar filho das drogas

20 de Agosto de 2025

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Mãe encena sequestro para tentar livrar filho das drogas
 Mulher de Fernandópolis queria mostrar os perigos do vício e produziu simulação com a ajuda de amigo
 A ciência ainda não conseguiu quantificar até onde vai o amor de uma mãe por seu filho. Desesperada ao ver seu caçula envolvido no mundo das drogas, a catadora de laranjas M.C.S. não pensou duas vezes em forjar seu próprio seqüestro para tentar tirar do vício o jovem E.H.S., de apenas 17 anos.  
 Ciente de seu objetivo, a mãe pediu a um amigo que mora em Riolândia que a ajudasse nessa missão. Após tomar ciência da situação e entender seu objetivo, o amigo, que não teve seu nome divulgado, decidiu ajudar e fez o papel do seqüestrador.
 Já com o plano em mente, no final da tarde de segunda-feira, 16, M.C.S. partiu para Riolândia e de lá fizeram uma ligação para o celular do irmão mais velho de E.H.S., o jovem padeiro também com as iniciais E.H.S., de 18 anos.
 Nesse telefonema, o falso seqüestrador dizia que mantinha a mãe dos jovens sob cativeiro e que só iria soltá-la após efetivassem o pagamento de R$ 100 referentes a uma dívida de drogas contraída por seu irmão mais novo.
 Nesse momento o jovem se desesperou, acionou seu irmão mais novo e decidiram procurar a polícia. Já no plantão policial, os jovens contaram o que havia acontecido e imediatamente os policiais iniciaram os trabalhos de investigação dos fatos.
 Com uma autorização judicial, foi feita a quebra do sigilo telefônico do número do suposto seqüestrador e após um serviço minucioso dos investigadores fernandopolenses, descobriu-se que as ligações partiram da cidade de Riolândia.
 Após a descoberta foi solicitado o reforço do Grupo Anti Seqüestro de Rio Preto, que se deslocou imediatamente a Fernandópolis e, com os investigadores fernandopolenses, partiu para Riolândia em busca do suposto cativeiro.
 Ao chegar ao destino obtido através da triangulação das ligações telefônicas, os policiais encontraram apenas o amigo de M.C.S., que se assustou com a presença dos policiais.
 Nesse meio tempo, a mãe dos jovens ligou para o filho mais velho dizendo que já estava em casa, pois os “seqüestradores” já a teriam soltado.
 Diante dos fatos, toda a família e o amigo de Riolândia foram encaminhados à DIG – Delegacia de Investigações Gerais – de Fernandópolis, onde após explicarem os fatos foram liberados, mas poderão responder por falsa denúncia.
 Segundo o delegado responsável pelo caso Gérson Donizete Piva, apesar da boa intenção da mãe, existem outras formas de se conseguir o objetivo que ela desejava sem criar uma situação como essa.
 “Ela poderia ter procurado a Vara da Infância e da Juventude, o Conselho Tutelar, alguma instituição que realiza trabalhos com dependentes de drogas, ou até com as autoridades policiais de nossa cidade. Mesmo que essa não seja uma de nossas funções, diante do desespero da mãe, um policial poderia ter conversado com o jovem, tentado explicar o que as drogas podem trazer à sua vida, enfim, havia inúmeras atitudes que ela poderia ter adotado antes de tomar essa atitude”, destacou o delegado.  
 Apesar de ter se tratado de um falso seqüestro, a polícia de Fernandópolis se mostrou preparada para agir em casos reais. Toda a operação foi montada em poucas horas e se o caso fosse real o cativeiro poderia ser desmontado e uma vida salva.
 Segundo Piva, ações rápidas como essa só são possíveis graças ao empenho dos policiais fernandopolenses.
 “Nós temos todo o aparato tecnológico necessário, temos o apoio do Grupo Anti Sequestro de Rio Preto e estamos preparados para qualquer caso como esse, mas foi graças à vontade e o empenho de nossos policiais que esse caso foi elucidado com tanta rapidez, assim como seria caso o seqüestro fosse real”, concluiu o delegado.