Fernandópolis se transformou num verdadeiro canteiro de obras. Só que, infelizmente, esse canteiro é apenas de obras paradas. A lista de construções iniciadas e paralisadas por falta de pagamentos ou suspeita de irregularidades é enorme e dessa premissa já surge a dúvida: será que a atual administração terá tempo de terminar as obras até 31 de dezembro?
O gestão de Luiz Vilar de Siqueira está marcada pela fama de má pagadora. A grande maioria dos fornecedores está com pagamentos atrasados e empreiteiras abandonam obras por pura impossibilidade de prosseguir, sem recursos para pagar funcionários.
Há quem atribua essa letargia às denúncias contra o prefeito, que redundaram na instalação de três comissões processantes. No entanto, todas as obras já estavam paralisadas ou com os pagamentos atrasados antes mesmo das denúncias serem protocoladas na Câmara Municipal, como é o caso da reforma da UBS Antônio Santilio, que já estava paralisada, da Academia a Céu Aberto, que não passou da pedra fundamental e da CEMEI Pró-Infância, que foi abandonada em novembro pela empreiteira após ficar mais de 90 dias sem receber.
UBS ANTÔNIO SANTILIO
Em agosto de 2011, CIDADÃO publicou uma matéria com o titulo:Obras da UBS da Cohab estão paradas há mais de 20 dias. Na ocasião a Prefeitura, através de comunicado, informou que as obras retornariam na semana seguinte, o que não aconteceu.
Esse posto de saúde beneficia cerca de mil famílias das Cohabs “Antonio Brandini” e “João Pimenta”, além da Vila Ubirajara e adjacências.
Realizada através de convênio entre o governo federal e a prefeitura de Fernandópolis, a obra tem previsão de custo de cerca de R$ 469 mil. Iniciada em 21 de junho, o término estava previsto para o dia 27 de dezembro de 2011, mas o ano acabou, começou 2012 e as obras continuam paralisadas.
Em entrevista à equipe de reportagem do CIDADÃO em agosto de 2011, o comerciante e ex-vereador Francisco Arouca Poço, o “Chico Arouca”, afirmou que procurou o empreiteiro e recebeu a informação de que a suspensão das atividades decorreu do não-recebimento da primeira parcela do pagamento.
“Ele (o empresário) me garantiu que já investiu do próprio bolso R$ 150 mil nessa obra”, disse Chico Arouca. Na opinião do ex-vereador, o empreiteiro preferiu parar a arcar com prejuízo ainda maior.
O que é de se estranhar é que a obra está sendo feita em conjunto com o Ministério da Saúde e segundo consta no portal da transparência do Governo Federal, mais de R$ 500 mil já foram liberados para a obra. O que foi feito com esse dinheiro, não se sabe.
ACADEMIA A CÉU ABERTO
A construção da Super Academia a Céu Aberto foi lançada pela prefeitura em julho de 2010, mas até agora mal passou da pedra fundamental. Quem passa pela Avenida Augusto Cavalin, avista apenas algumas estruturas de concreto, totalmente encobertas pelo mato.
A obra seria realizada em três etapas - já recebeu do Governo Federal mais de R$ 70 mil para a primeira, segundo consta do “portal da transparência”.
O projeto consiste de um complexo de lazer e entretenimento gratuito à população. A Super Academia, de acordo com o projeto, terá aparelhos modernos de aço inoxidável, que não enferrujam com a exposição ao sol e à chuva. Já a data em que esse projeto sairá do papel para tomar suas formas reais é incerta.
Em julho de 2010 o prefeito Vilar garantiu, através de sua assessoria de imprensa, que outras cinco academias do gênero seriam construídas nos bairros, “para que as pessoas tenham onde se reunir com os amigos e familiares nos finais de semana e feriado”, mas até o momento nem a primeira começou a tomar forma.
CEMEI PRÓ-INFÂNCIA
Por falta de pagamento, a empreiteira Faben Construtora e Engenharia Ltda paralisou as obras do CEMEI Pró-Infância. A unidade estava sendo construída na Avenida da Saudade, em uma área da prefeitura em frente ao Cemitério da Consolação. Com a paralisação, crianças de 21 bairros na região do Planalto e Nova Canaã poderão ficar sem aulas este ano.
A empreiteira abandonou a obra no dia 21 de novembro, após mais de 100 dias de atraso no pagamento que deveria ser feito pela Prefeitura. A dívida já ultrapassa os R$ 500 mil. A empreiteira concluiu mais de 80% da obra, mas não irá entregá-la enquanto não receber o pagamento.
Diversas notificações teriam sido enviadas pela empreiteira solicitando a quitação - a última foi enviada no dia 16 de novembro de 2011, quando a construtora anunciou que sairia do canteiro de obras e solicitou uma vistoria, o que também não foi feito.
Com a saída da Faben, os vigias, que eram da construtora, também abandonaram seus postos, o que deixou a creche à mercê de vândalos e saqueadores.
Mais de 140 crianças já estavam inscritas na creche, que tem capacidade para 350 alunos. A escola atenderia no matutino, vespertino e noturno até as 22h, mas já não se sabe se esse atendimento poderá ser feito ainda em 2012.
A obra lançada no inicio de 2010 possui 1.700m² de área construída com 56 cômodos divididos em: administração, serviços, refeitório, sala de leitura, sanitários, fraldário, pátio, anfiteatro, laboratório de informática, parque, espaço para as salas de berçário, jardins e pré-escola, estacionamento.
Orçada em R$ 1,5 milhão, a obra tem o custo dividido entre prefeitura (R$ 558 mil) e o FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – que entra com R$ 942 mil.
PROLONGAMENTO DA RAUL GONÇALVES JUNIOR
O prolongamento da Avenida Raul Gonçalves é outra importante obra do município que se encontra paralisada. A primeira etapa irá custar aos cofres públicos cerca de R$ 1 milhão. A obra permitirá a ligação da Rua Rio de Janeiro à Avenida Luiz Brambatti.
No projeto, a obra completa da nova Avenida Raul Gonçalves Junior terá 1 km de galerias para a canalização de águas pluviais, 35.000m² de pavimentação asfáltica, além de 1,4 mil metros lineares de rede elétrica para iluminação pública e recuperação paisagística e urbanística.
Porém, até agora, apenas tubos de concreto são vistos na obra, que já está marcada pelas paralisações e retomadas de serviço.
O projeto do prolongamento surgiu a partir da renovação do contrato da Sabesp com o município. Nessa renovação, a empresa destinou R$ 9,5 milhões para obras de infra-estrutura nas avenidas Raul Gonçalves e Getúlio Vargas.
No entanto, desde então, apenas a Getúlio Vargas foi entregue (incompleta). Estima-se que todo o recurso da Sabesp tenha sido utilizado na Getúlio ou destinado a outros fins, e que, sem esse dinheiro, a Prefeitura não possua recursos para investir na Raul Gonçalves.
GETÚLIO VARGAS
Inaugurada inacabada em 28 de outubro, numa atitude desesperada de marketing político da atual administração, que passava por sua pior crise de rejeição, as obras de acabamento da Avenida Getúlio Vargas também estão paradas.
A avenida ainda não tem calçadas (estas, do lado direito, no sentido centro-bairro, competem à prefeitura); só tem uma pequena parte de muros de arrimo; falta terminar a construção dos gradis de proteção; e as rampas de acessibilidade sequer começaram a ser feitas.