Sete é a conta do mentiroso, diz o provérbio. Sete também era o número de carros da polícia que chegaram à Câmara Municipal de Fernandópolis, precisamente às 19h07 – ou seja, sete e sete da noite.
O forte aparato policial havia sido convocado para prevenir eventuais conflitos durante a sessão extraordinária na qual os vereadores julgariam as denúncias de improbidade administrativa contra o prefeito Luiz Vilar de Siqueira (DEM), formuladas pelo advogado Fausto Ruy Pinato e que culminaram com a instalação de três comissões processantes.
Na pauta, estava a primeira das três comissões: a que investigou eventuais irregularidades nas obras do Conjunto Habitacional “Dr. Jayme Baptista Leone”, em convênio com a CDHU.
LEITURA
Pouco depois das 20h15, a sessão começou com a longa leitura das peças do processo, feita em revezamento pelos vereadores José Carlos Zambon e Maiza Rio, respectivamente primeiro e segundo secretários do Legislativo.
O prefeito Vilar compareceu ao julgamento. Sentou-se na segunda fila, ao lado da chefe de gabinete Carla Filomena. Boa parte do secretariado do prefeito e vários funcionários faziam parte da claquevilarista. Do outro lado, alguns populares portavam faixas contra a administração.
Só às 00h12 começou a leitura do aguardado relatório. Com 37 páginas, a peça era um amontoado de laudos, cópias de ocorrências e informações técnicas. No final, o documento da comissão (composta por André Pessuto, Neide Garcia e Candinha Nogueira) apontava pela improcedência da denúncia – 2x1, voto contrário de Candinha.
“MENSTRUAÇÃO”
Antes que o advogado Sérgio Guimarães ocupasse a tribuna para defender Vilar, o próprio prefeito usou o microfone para se justificar. Chamou os denunciantes de “meia-dúzia de malandros que nunca fez nada por Fernandópolis” e contou que, certa vez, visitando o conjunto habitacional nos tempos em que as casas eram construídas pelo sistema de mutirão, “vi uma mulher menstruada, com o sangue escorrendo pelas pernas, e pensei que aquilo não estava certo, que o poder público tinha que assumir os serviços”.
Depois da estranha e escatológica simbologia vilarista, Guimarães foi breve: pediu que Fernandópolis não se espelhasse no passado, nos tempos em que “era chamada de ‘Processópolis’”.
7 x 3
Na votação – que começou às 3h02 - Candinha, Chamel e Zambon foram contrários ao parecer da comissão. André, Baroni, Neide, Creusa, Dorival, Zarola e Maiza foram favoráveis, ou seja, votaram pelo arquivamento. Era a vitória do prefeito por 7x3. Sob o comando da assessora Filomena, a claque explodiu em gritos e salvas. Creusa Nossa pediu ordem no plenário. Alta madrugada, o grupo do prefeito comemorava a vitória na primeira das três Comissões Processantes.