Creio que todo pescador concorda com a afirmação contida no título acima. A sensação de liberdade, a despreocupação que se sente na beira de um rio, e mesmo as atividades físicas, que se acentuam durante uma pescaria, fazem com que nosso apetite cresça.
Muitas vezes, pratos simples, dos quais na cidade a gente nem se lembraria que os comeu ontem, se tornam inesquecíveis. O contato com a natureza, o prazer de comer ao ar livre, só podem ser entendidos pelos amantes da pesca e da vida no campo.
Nunca vou me esquecer de uns piaus fritos que o Deda preparou na Ilha Redonda, onde ficava o rancho do Alicio Pavanelli. O Deda temperou alguns piaus (inteiros), pegou uma frigideira grande, botou bastante óleo, esquentou e colocou os peixes. “Não pode virar, tem que deixar fritar assim, no fogo baixo”, explicou.
Realmente, o peixe fica sequinho, delicioso. A gente ainda botava molho de pimenta e acompanhava com cerveja. Uma delícia!
Outra vez, no mesmo lugar, eu pescava com o Alício e o Jaú. Preparei uma fraldinha com o tempero caseiro que a minha mãe sempre faz e me dá um vidro. Embrulhei a peça de carne em bastante papel alumínio. O Alício acendeu lenha dentro de um tambor desses de duzentos litros. Quando formou o braseiro, pus a carne sobre a grelha e fomos pescar.
Horas depois, quando voltamos, a carne estava assada, quase de desfazendo. Provei: estava ótimo. Comemos com arroz, feijão e ovo caipira frito – este, um complemento sugerido pelo guloso do Jaú. Até hoje me lembro do gosto dessa comida, simples e incrivelmente saborosa!
