Feliz na nova Florart, Joãozinho fala do amor pelo paisagismo

20 de Agosto de 2025

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Feliz na nova Florart, Joãozinho fala do amor pelo paisagismo

 O fernandopolense João Sabino Junior, 41, formou-se em Odontologia em Volta Redonda (RJ) e, embora tenha sido um excelente endodontista no período em que exerceu a profissão, ele sentia e sabia que não era aquela a sua vocação. Foi honesto consigo mesmo e encarou a espinhosa tarefa de mudar sua vida. Passou a dedicar-se ao paisagismo, criando espaços decorativos a partir do trabalho com os mais diversos tipos de plantas. A mudança deu certo e hoje, Joãozinho, como é conhecido o dono da empresa Florart, é extremamente requisitado, tem clientes esparramados pelo estado e, de quebra, faz o segundo ano de Arquitetura em Votuporanga. Sua intenção, claro, é fazer uma arquitetura voltada para o paisagismo. João acredita que, se o bom da vida é ser feliz, melhor ainda é sê-lo num espaço bonito e confortável.      

CIDADÃO: Como as plantas entraram na sua vida?
JOÃO: Desde que me conheço por gente, sempre gostei de plantas. Quando viajávamos para qualquer lugar, eu sempre trazia mudas. Era uma paixão nata. Costumo dizer que o paisagismo está muito ligado ao conhecimento de plantas – não só ao bom gosto. Fiz vários cursos de paisagismo, mas o forte de meu trabalho está mesmo nesse conhecimento autodidata a princípio. Também li muito, tenho uma grande coleção de publicações nesse sentido. Já entrei na faculdade com o foco estabelecido no paisagismo. Acabei de terminar o 2º ano, mas isso já está totalmente definido. Na fazenda da minha família, mantenho há anos um “laboratório”, planto todas as mudas que consigo, analiso se ela se dá bem com o clima, e tal. Muita coisa não dá certo, mas a maioria das mudas “pega” e eu as analiso, descubro o que é melhor para elas. Formei uma verdadeira floresta lá na fazenda!
CIDADÃO: Eu conheço essa “floresta”, é um lugar de onde não se tem vontade de sair. Mas como você arranja tempo pra cuidar daquilo?    
JOÃO: Está cada vez mais difícil. Na verdade, só tenho ido lá a trabalho, pra curtir simplesmente, não tem sobrado tempo.
CIDADÃO: Existe mesmo essa história de ter “mão boa” para plantar?
JOÃO: Existe, sim. Tanto para o lado bom quanto para o ruim. Você já deve ter escutado aquelas histórias: “Ah, chegou uma pessoa lá em casa e a planta secou!”. Não há nada científico que prove isso, mas é real. Onde estamos montando a Florart, agora, tem uma senhorinha, a dona Maria, que mora lá há vários anos, que é impressionante. Tudo o que ela planta nasce. Gosto muito de plantas do cerrado. Trouxe umas sementes pra ela, que plantou e já brotou tudo! Falaram para ela que plantasse uns galhos de acácias, ela fez isso e já ta tudo brotando.
CIDADÃO: Esse rito de passagem da sua vida – da odontologia para o paisagismo – não foi abrupto, não é? Como as coisas se deram?
JOÃO: Conciliei a profissão de dentista com a Florart durante quase três anos. Fiz curso de especialização em endodontia em Araçatuba, montei uma clínica no centro da cidade. Éramos quatro profissionais. Meu primeiro cliente no ramo de paisagismo foi o Luiz Vilar, que na época estava organizando seu sítio na Rodovia Euclides da Cunha. Depois desse trabalho, minha irmã Mara me propôs montar um negócio. O primeiro jardim que fiz na cidade foi o consultório da Dra. Rosani Betiol. Nesse tempo, eu punha a mão na massa, cavava, plantava, adubava. Eu gosto é da execução. Só que os problemas começaram a aparecer: às vezes eu estava de roupa branca, para atender pacientes, aí tinha que visitar um jardim, voltava com a barra da calça suja de barro, tinha que correr em casa para trocar, atrasava a consulta...Senti, então, que estava sendo meio desonesto com os meus pacientes – e isso eu não poderia admitir. Decidi que era hora de parar e fiquei só com o paisagismo.
CIDADÃO: Isso foi há quanto tempo?
JOÃO: Nove anos. A Frorart já tem onze anos.
CIDADÃO: E qual é a proposta, para o endereço novo que vocês vão inaugurar?   
JOÃO: Mudamos para um espaço bem maior, um espaço que tem terra, onde terei mais mudas. É um leque de coisas: faço projetos, que é, com a execução, o foco principal da Florart. Mas há clientes que chega à loja e quer uma mudinha, ali na hora. Então, o novo endereço me permitirá ter espaço para mais mudas, e trabalhar também na área de mobiliário externo, além de iluminação, decoração e até presentes.
CIDADÃO: Você, aparentemente, gosta muito de coisas rústicas, não é?
JOÃO: Ah, sim. Gosto muito. Hoje há uma tendência a criar espaços cleans, mas eu acho que esse estilo é um tanto frio. Gosto daquele aconchego do rústico, que lembra um pouco fazenda, é uma coisa afetiva tipo casa da avó, aquele paneleiro, fogão a lenha. Fui criado em ambientes assim, com cara de Minas Gerais. Minas me lembra muito isso. Fui criado na roça, pé no chão, franguinho caipira..
CIDADÃO: Você gosta de cozinhar?
JOÃO: Adoro. Já até me sugeriram montar um restaurante, mas não dou conta, pô! É muita coisa ao mesmo tempo.
CIDADÃO: E a arquitetura? De onde veio a decisão de fazer essa nova faculdade, à beira dos 40 anos?  
JOÃO: Na arquitetura, o paisagismo é uma área pouco visada. A grande maioria dos arquitetos não gosta do paisagismo como área específica, exige muito conhecimento sobre plantas, gostar de plantas e tal. Existe uma diferença imensa entre jardinagem e paisagismo. Qualquer um pode fazer um jardim. Porém, o paisagismo vai além da mera colocação da planta neste ou naquele lugar: ele engloba o conhecimento da pessoa que vai morar ali, do dia-a-dia da casa, das pessoas que ocuparão aquele ambiente, se a pessoa tem tempo ou não de cuidar do jardim, se tem criança, cachorro, a posição do sol...todas essas informações têm que ser trabalhadas pelo paisagista. Há tempos os arquitetos da região passam para mim a missão de projetos de paisagismo. Minha sobrinha Aline, que é arquiteta e uma grande parceira, sempre me incentivou a fazer o curso de arquitetura. Um dia, tomei a decisão. Estou adorando, posso dizer que me encontrei. É impressionante como vai mudando a nossa parte profissional. Isso é muito legal.
CIDADÃO: Você concorda com a tese de que o arquiteto e o paisagista podem fazer as pessoas mais felizes através do seu trabalho?  
JOÃO: Plenamente. Todo mundo quer ter uma casa. Antigamente, a concepção era sala de visitas, sala de estar, todo mundo ficava na sala. Hoje isso acabou, todo mundo vai direto pra área de lazer. Quem freqüenta a sua casa? Evidentemente, os parentes, os amigos ou um amigo do seu amigo. Então, todo mundo quer informalidade, ficar na beira da churrasqueira, ou da piscina, do jardim. A área verde está muito valorizada. Arquitetos e paisagistas trabalham com os sonhos das pessoas: a gente concretiza esses sonhos. A função e ver o que você pretende, quais são os seus anseios, e trazer para uma realidade. Claro que financeiramente há limites, mas há muitas opções. O bom profissional sabe equacionar isso, trazer soluções para o cliente, inclusive no sentido da economia. Não é porque o dinheiro é limitado que ele não pode satisfazer a sua pretensão. Além disso, a tecnologia dos materiais para construção deu um salto imenso, e Fernandópolis hoje tem de tudo nesse setor. O paisagismo, idem. As opções são muitas. Nada impede que uma planta mais barata dê um efeito tão bom como daria uma caríssima palmeira.