O suposto tiroteio (onde apenas uma pessoa atirou) foi um dos assuntos mais comentados da semana. O fato aconteceu na formatura da turma de Direito da Unicastelo de Fernandópolis na madrugada de domingo, 4, no estacionamento do Plaza Eventos e só não terminou em tragédia graças a um ato heróico de um jovem, que para salvar o amigo levou um tiro no rosto.
Os tiros foram disparados pelo jovem Oscar de Souza Medrado Neto, 22, após ser retirado da festa por seguranças, por ter se envolvido em uma briga dentro do salão de eventos já no final da festa.
Segundo testemunhas, Oscar, que é irmão de uma das formandas, foi contido por seguranças durante a briga e conduzido até seu veículo por organizadores do evento, que o aconselhavam a deixar o local sem maiores problemas.
Ao chegar ao veículo, ele teria sacado a arma que estava no porta-luvas e efetuado o primeiro disparo, em direção aos organizadores do evento, que o acompanhavam, mas não os atingiu, pois estes saíram correndo ao ver a arma.
Transtornado, o rapaz voltava para o estacionamento do Plaza quando se deparou com a jovem Heidy Aparecida Cardoso, 30, saindo com seu carro, um Fiat/Siena ao lado de sua mãe Rosana Cardoso, momento este em que o rapaz se assustou e atirou contra o carro.
O tiro atingiu Heidy de raspão no ombro, mas com o susto a jovem perdeu o controle e chocou-se com um caminhão que estava no estacionamento.
Após atirar contra o carro, Oscar continuou a descer a rampa no sentido da porta principal do Plaza, quando confundiu o jovem Emerson Santana com um dos envolvidos na briga e apontou a arma para o peito dele. Neste momento Wellington Rafael Binati da Silva, 24, empurrou o amigo e acabou na linha de tiro de Oscar, que puxou o gatilho.
O projétil atingiu o lado esquerdo do rosto de Wellington que após ser baleado saiu correndo para evitar o pior. Depois de acertar Wellington, Oscar teria efetivado mais dois disparos, mas não acertou mais ninguém. Depois dos disparos, fugiu em meio à multidão e se entregou à polícia na manhã de sexta-feira, 9.
Após o tumulto, unidades do SAMU levaram Heidy e Wellington ao Pronto Socorro da Santa Casa de Fernandópolis. Heidy foi atendida e liberada em seguida. Wellington ficou internado em estado grave e teve de ser submetido a uma cirurgia para retirada da bala.
O projétil que atingiu Wellington transfixou seu rosto e se alojou a cerca de um centímetro de sua coluna. Após sua recuperação o jovem recebeu alta médica e passa bem.
A VERSÃO DO ATIRADOR
O jovem Oscar de Souza Medrado Neto trabalha há oito anos como instalador na empresa de segurança Seg Alarm e a ação do jovem surpreendeu a família.
Em contato com a irmã de Oscar, a formanda Mara Medrado, ela informou à reportagem que seu irmão sempre foi uma pessoa calma e se surpreendeu com a atitude dele, que agora está arrependido e chorando muito.
Ainda segundo ela, seu irmão teria sido muito agredido e somente atirou para se livrar dos agressores. Ele se entregou na manhã de sexta-feira, 9, na companhia de sua irmã e de seu advogado Edilberto Pinato.
Segundo o jovem em depoimento, ele teria sido agredido por um grupo de mais de seis pessoas dentro do salão de eventos e ao ser retirado pelos seguranças, foi seguido pelos agressores e saiu correndo em direção ao seu carro.
Ao chegar ao veículo ele tentou manobrá-lo, mas foi cercado pelos agressores que mais uma vez começaram a espancá-lo, mesmo dentro do veículo. Nesse momento, para se desvencilhar, ele pegou a arma que estava no carro e atirou para cima no intuito de escapar da agressão.
Como não teria conseguido manobrar o carro devido à grande quantidade de automóveis no local, desceu do veículo e decidiu sair a pé, momento este em que o carro que era dirigido por Heidy veio em sua direção. Oscar pensou que se tratava dos agressores e efetuou o segundo disparo, sem perceber que teria atingido o veículo.
Ainda segundo Oscar, após o segundo disparo ele teria pulado o alambrado e corrido para a casa de seu irmão, que fica próxima ao local dos fatos, onde passou a noite.
Para o advogado de Oscar Medrado, Edilberto Pinato, o jovem teria agido apenas para se defender. “O Oscar está muito lesionado, está com o nariz quebrado e muito abatido. Ele efetuou os disparos apenas para se livrar dos agressores, não tinha intenção alguma de acertar ninguém, inclusive ele acabou acertando um amigo dele que não tinha nada a ver com a briga e ficou arrasado por isso”, disse Pinato, referindo-se a Wellington.
A ARMA
Segundo a defesa, Oscar carregava a arma em seu carro devido ao seu trabalho. No relato ele afirma que após seu ex-patrão Flávio Batista Ferreira ser assassinado no início do ano, ficou com medo, uma vez que trabalha no período noturno e que por muitas vezes tem que ir até a casa dos clientes da empresa quando o alarme dispara, seja qualquer hora do dia ou da noite.
Assustado com a morte violenta do ex-chefe, ele comprou a arma e passou a portá-la no carro sem que seus patrões soubessem.
